NOVANGUARDA – A MÁQUINA DE RETRATOS

“A Máquina De Retratos” é o primeiro disco dos pernambucanos do Novanguarda. Como sempre acontece na vida das bandas novas brasileiras, o nascimento foi um parto demorado – e, talvez também por isso, merecedor de atenção.

Há tempos, o álbum está pra sair, mas encontrou uma série de costumeiras dificuldades. Júlio Ferraz, vocalista e guitarrista (a banda tem também Manoel Fubika no baixo e Carlinhos V10 na bateria), conta como foi a cartada decisiva pra escolha, por exemplo, do selo – o Baritone Records: “a gente deixou pronto o disco e foi tratar a parte gráfica; mandamos pra alguns selos, o pessoal demorou pra responder, aí chegou num ponto que eu mandei um e-mail pra todos os que se mostravam interessados e disse que se ninguém respondesse até dia 20 (de agosto), a gente ia lançar no dia 30 por nossa conta (ri); a gente nunca teve ajuda mesmo em sentido de produção e tal; a gente sempre fez por nossa conta, fazia show e gravava; e a gente não tem preguiça pra trabalhar e distribuir, enfim, disse essas coisas no e-mail, tipo que não precisava de ninguém pra lançar na web; aí, rolou uma boa proposta”.

E desenrolou. E nesse dia 25 de setembro de 2012, finalmente o disco viu a luz do dia. Está solto pra ser baixado de graça. Pra isso, é só você ir ao site oficial da banda e pagar com um tuíte ou uma feicebucada.

O Novanguarda assume-se como um “power trio pernambucano de acid noise rock alternativo”. Não, não é nada tão absurdamente experimental. Você já ouviu o que vai ouvir aqui. Júlio concorda explica: “(não é) um disco de dedo na cara, nada pop, nada direto, fizemos a nosso modo; pensamos o seguinte: não somos uma banda popular, logo não perdemos nada em queimar os livros de música e fazer nossas próprias escalas, texturas e arranjos; nada inovador, não estamos esperando nada com esse disco, a raiz é punk, dá pra notar de cara, pela quantidade de acordes, mas como somos uma banda de pouca informação, do interior, inventamos mais do que compramos”.

Júlio é o porta-voz da banda. Fala bastante e não tem problema em demonstrar seus sentimentos. Está tudo em suas letras, mas principalmente nos momentos de esporro do disco, como no precioso epílogo de “Dentro De Mim”, justamente onde a banda se destaca e consegue sair do mais do mesmo que engrossa o caldo da música “jovem”.

O disco, mesmo com essa aura “faça você mesmo”, tem um esmero além da sofridão punk. Tem, por exemplo, um produtor. É Adriano Leão, que lapidou as muitas ideias do trio. A designer recifense Luciana Medeiros fez a capa.

O disco foi gravado entre outubro de 2010 e janeiro de 2012 e conta com participações especiais. Bonifrate, em “Na Hora De Crescer”; e Tatá Aeroplano, em “Depois Do Fel”; além de Dmingus, que toca flauta e Harmond em “Estava Com Você” e em “Depois Do Fel”; e Pierre Leite, que toca piano, mellotron e Harmond em “O Palanque” e “Rejeição”, e Harmond em “Valéria”.

Júlio conta como as participações aconteceram: “Tatá aconteceu primeiro. Eu o conheci no Facebook mesmo, logo que a conta do Novanguarda foi criada; depois nos encontramos na Feira Música Brasil, se não me engano, e a gente manteve contato. Aí, eu tinha uma música no disco que achei que seria bem legal ele cantar, que era “Depois Do Fel”, achei que ele era a melhor pessoa pra cantar a música, além de eu admirar muito o trabalho dele; convidei, ele topou de primeira; mandei a base pra ele, ele gravou e foi joia. Bonifrate a gente se conheceu também em redes sociais. Digo, de conversar. E uma das faixas tinha ganho um verso novo, que tinha uma camada bem psicodélica e achei que ficaria bacana com ele cantando esses versos. Eu sempre curti o Supercordas, ele sabe disso. Convidei, e da mesma maneira que rolou com Tatá foi com ele: um convite informal”.

Desencanado, Júlio nem imagina como foram essas gravações: “Bonifrate foi no Rio de Janeiro, eu acho. Ele disse que foi no mesmo periodo que gravava o disco solo dele, “Um Futuro Inteiro”; e Tatá eu nunca perguntei onde gravou, mas acho que foi em São Paulo mesmo”.

É que de fato pouco importa. O resultado final, apesar de todos os problemas, justifica todo o trabalho de Júlio, do trio, do Novanguarda.

“A Máquina De Retratos” finalmente está livre, viva, pronto pra apreciação. Faça isso.

01. Valéria
02. O Espelho (clique aqui pra ver o vídeo)
03. Na Hora De Crescer
04. Depois Do Fel
05. Dentro De Mim
06. Pedro E O Tempo Em Seu Relógio De Papel (clique aqui pra ver o vídeo)
07. Estava Com Você (clique aqui pra ver o vídeo)
08. O Palanque (clique aqui pra ver o vídeo)
09. Amanhã Já Se Foi (clique aqui pra ver o vídeo)
10. Maria
11. A Rosa
12. Rejeição

Ouça aqui na íntegra:

Leia mais:

Comentários

comentários

4 comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.