“Devotion” é o novo disco do Beach House, dupla de Baltimore. O primeiro, de 2006, “Beach House”, falei por aqui. Victoria Legrand e Alex Scally continuam fazendo o que eu chamo de surf music dark, cheio de travessuras com efeitos de guitarras e ecos na voz da moça. “Gila” é um bom exemplo. Nela, o órgão de fundo fala mais alto, uma canção de ninar defunto. Ou como disse o outro, é música para funerais em dias ensolarados. É assim… Triste, mas alegre. As coisas não mudaram muito de um CD para outro, como se vê.
O disco abre com a boa “Wedding Bell”, um hula-hula sintetizado, com um tecladão estridente no fundo dando o tom. É um Raveonettes sem selvageria. Em “You Came To Me”, Victoria Legrand convida, “invite your sister into the garden”. É sombria, um filme de suspense dos anos 70, classudo. A menina de vestido branco, com fotografia “enevoada”, remete aos pesadelos de infância, quando tudo parece inocente, mas guarda um lado sombrio. “É a hora certa de brincar/é a hora certa para as férias”, a música lembra. É, sim, a hora certa. Em seguida vem “Gila” e aí você já entrou na dança.
Qualquer tipo de definição visual pode parecer uma perobagem sem tamanho do crítico, porque a música é simplesmente o que é. Mas o tom é esse. Para quem gostou do primeiro, o segundo é uma extensão dele. Na primeira audição, me agradou – e o dia está ensolarado, nada triste, exigindo uma gelada, e mesmo assim me agradou esse disco. O Beach House definitivamente não é deprê.
O disco foi lançado hoje, dia 26 de fevereiro, nos mercados que interessam, pela Carpark (USA), Bella Union (Europa) e Mistletone (Austrália). Por aqui, só daquele jeito: ou 60% de impostos ou 0% baixando na Internet.
Olha as faixas do disco:
01. Wedding Bell
02. You Came To Me
03. Gila
04. Turtle Island
05. Holy Dances
06. All The Years
07. Heart Of Chambers
08. Some Things Last A Long Time (Daniel Johnston cover)
09. Astronaut
10. D.A.R.L.I.N.G.
11. Home Again
