OBJETO AMARELO – SEGUNDO PRÉDIO IRMÃO

“Lugar Perto Em Volta”, disco que o Objeto Amarelo de Carlos Issa lançou em janeiro de 2018 (leia resenha e ouça aqui), nem bem foi digerido e o músico já oferece outra peça, “Segundo Prédio Irmão”, lançado em 31 de outubro de 2018, pelo selo paulistano Clausura (CLSR).

As dez faixas são todas de autoria, execução e produção de Issa.

É um disco que, à primeira audição, engana. Ao destravar a inércia silenciosa com “Naval-Naval Do Objeto”, o ouvinte pode se assustar: os ruídos são impiedosos, brutais. Mas nas faixas seguintes há um apaziguamento. Claudicante, mas um apaziguamento. Deve-se pedir que o ouvinte não desista ou se renda. A passagem rápida de “Túnica Molesta” já mostra o que vem pela frente: Issa está manipulando a audição com presteza, porque a partir de “Domacidente” (até pelo menos “Viga”) o que ele faz entrar em modo hipnótico a partir de ruídos não-limpos e nada discretos. É como se Brian Eno resolvesse que ninguém ia mais dormir.

Carlos Issa é um dos artistas mais provocativos do nosso subterrâneo, porque não se presta a uma fórmula ou a razões pré-estipuladas. Ouvir temas como “A Ocasião”, “Obidos-Naval” e a faixa-título faz com que a audição se torne uma dúvida constante: pra onde estamos sendo levados, já que a origem era uma e já não podemos determinar o destino? Não é assim que a música-arte deveria ser, uma liberdade e uma dúvida amplas?

01. Naval-Naval Do Objeto
02. Túnica Molesta
03. Domacidente
04. Maneiro Meta Luto
05. A Ocasião
06. Segundo Prédio Irmão
07. Obidos-Naval
08. Viga
09. Respirando Respirando
10. Mundo Da Vida Dos Objetos

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