OS DISCOS DA VIDA: A TRIP TO FORGET SOMEONE

Esta primeira edição de “Os Discos Da Vida” em 2013 é curiosa. Ou confusa. Ouvindo o ótimo disco homônimo de estreia do A Trip To Forget Someone e lendo a relação de discos que Erik Lopes, o cabeça do projeto, mostra aqui, fica difícil criar uma ligação direta.

A seção “Os Discos Da Vida”, quando tem artistas como protagonistas, acaba por esclarecer uma curiosidade de fãs e ouvintes: que discos fizeram o artista chegar ao som que entrega ao mundo hoje? No caso de Erik, é difícil identificar uma ligação íntima entre sua lista e seu som.

Difícil, mas não impossível – e, na verdade, as guitarras do ATTFS acabam se tornando ainda mais claras na sua concepção.

Erik Lopes tem pouco mais de vinte anos, e ele foi, assim como todos na juventude, bombardeado de informações de todos os lados, mas como todos da sua geração, principalmente pelo fogo cruzado da Internet, MTV e rádios FM bem populares. A “confusão” é natural e nem é tão confusa assim, afinal.

E pra quê esclarecer, se dá pra confundir?

ERIK LOPES

The Rolling Stones – “Voodoo Lounge” (2014)
Meu pai sempre foi viciado em música. E um cara muito eclético, até certo ponto. Até hoje ele ouve de rock progressivo a Nelson Gonçalves. Mas o Rolling Stones é uma banda que ele realmente é fã. Praticamente nasci ouvindo Stones. O “Voodoo Lounge”, em especial, teve uma tour que passou por São Paulo. Lembro de em 95, com 5 anos, encher o saco do meu pai pra ir assistir esse show com ele. Como eu era muito pequeno e o show era gigantesco, eu não fui. Em 98 ele também não me deixou ir com ele (ri). Até hoje não vi nenhum show dos Stones, mas eu e meu pai já estamos planejando de ir juntos na próxima vez que eles vierem pro Brasil.

Ouça “Love Is Strong”:

The Strokes – “Is This It” (2001)
Esse foi o primeiro CD que comprei. Eu morava em São Paulo no época, tinha uns 10 anos e lembro de passar o fim de semana pedindo pro meu pai me levar em uma loja de CDs que tinha no caminho pra casa da minha avó. Eu não ganhava mesada nenhuma, então juntar grana pra um CD demorou um tempo. Quando cheguei na loja, sem saber o que comprar, acabei pegando o CD dos Strokes na prateleira, meio sem saber o que era. Nem conhecia a banda direito quando comprei, mas ter comprado esse CD antes deles estourarem me fez sentir como se eu presenciasse um daqueles momentos importantes pra música, já que acredito que esse CD definiu muito do que foi feito pelo rock mainstream desde então, pro bem ou pro mal.

Ouça “The Modern Age”:

A Perfect Circle – “Mer De Noms” (2000)
Nem me lembro como ouvi esse disco pela primeira vez, sei que ele definiu muita coisa do que ouço desde os meus 15 anos até hoje, hehe. Tudo do A Perfect Circle, na verdade. Enquanto estava compondo as músicas do disco do A Trip To Forget Someone, parei muito pra ouvir o Mer de Noms. Principalmente por toda a onda conceitual do disco e pelo clima das músicas, que caminham pra deixar tudo como parte de um conjunto.

Ouça “3 Libras”:

Audioslave – “Audioslave” (2002)
Eu posso dizer que comecei a tocar baixo por causa desse disco. Até então eu já tocava guitarra, meio brincando, sem querer levar muito a sério. Ouvi esse disco a primeira vez numa época em que eu estava meio que enjoando de tocar guitarra. O Tim Commerford é um baixista incrível, com técnica e tudo mais, e acabei conhecendo e virando fã dele por meio desse primeiro disco do Audioslave, que é talvez uma das coisas mais simples que ele já fez.

Ouça “Cochise”:

Nirvana – “Nevermind” (1991)
Não sei se dá pra tocar rock e ter vivido nos anos 90 sem esbarrar com esse disco. Mesmo eu, que nasci no ano que lançaram. Ouvi a primeira vez em vinil, na casa de um amigo, quando eu tinha uns 10 anos. Virei fã, claro. Nem tanto do Nirvana, mas do disco.
Quis imediatamente aprender a tocar guitarra, e aí comecei a estragar toda a vida com essa história de música (risos).

Ouça “Come As You Are”:

Stigma – “Time For a Change” (2003)
Depois que mudei pra Belém, já interessado em procurar e ouvir bandas independentes, comecei a procurar bandas daqui. Lembro que o Stigma foi a primeira banda que gostei logo de cara, quando ouvi. Na época eu já tocava baixo e ficava tocando em cima das músicas deles pra brincar. O mais louco é que depois, com uns 16 anos, acabei entrando na banda quando eles colocaram um anúncio procurando baixista. Daí pra frente, tocar e ter uma banda foi algo que começou a virar uma necessidade pra mim, mesmo depois do Stigma acabar.

Ouça “Stand By”:

Oceansize – “Effloresce” (2003)
Com esse disco eu comecei a me interessar pelas coisas mais barulhentas. A Iza, que era vocalista do Stigma, sabia que eu gostava muito de A Perfect Circle. Ela acabou me apresentando o Oceansize, dizendo que era um pouco mais “viajante”. Curti logo de cara. Quando cheguei em casa baixei o “Effloresce” e esse disco realmente mudou minha visão na hora de compor qualquer coisa. Sou completamente louco por essa banda. Daquelas que realmente deixam um vazio quando acabam…

Ouça: “You Wish”:

Radiohead – “In Rainbows” (2007)
Até então eu conhecia o Radiohead só de hits, as músicas mais famosas e tal. Na época que esse disco saiu, eu tinha acabado de conhecer algumas coisas mais antigas deles, do “The Bends” e do “Ok Computer”, especificamente. Lembro de ter ficado esperando pra ouvir esse disco. Quando ouvi pela primeira vez, já me ganhou logo de cara. Naquelas listas meio bestas que a gente faz mentalmente, com certeza o “In Rainbows” é o disco mais legal e o que mais ouvi na minha vida toda. E me marcou muito, musicalmente, no sentido de despertar uma vontade pro procurar timbres bem específicos e pensar de verdade em arranjos, usando essa preocupação principalmente na minha outra banda, o Aeroplano.

Ouça “Weird Fishes/Arpeggi”:

Dead Fish – “Zero E Um” (2004)
Esse disco é pra pensar sobre a vida, na verdade. Veio da minha fase ouvindo hardcore e punk e ficou. Esse disco é o do Dead Fish que tem uma melhor produção, timbres incríveis e letras certeiras, como sempre. Aula de música e também de sociologia (risos). Ouvir isso com uns 14 anos com certeza faz qualquer um aprender a pensar de uma forma mais crítica sobre tudo. Até hoje, vendo um show desses caras, não tem como não se sentir adolescente, no bom sentido.

Ouça “Bem-Vindo Ao Clube”:

Smashing Pumpkins – “Adore” (1998)
Eu poderia citar o “Siamese Dream”, que foi o primeiro disco que ouvi do Pumpkins e é carregado de hits, mas o “Adore” foi mais marcante pra mim. Eu já ouvia e gostava da banda quando conheci esse disco. E isso foi o mais chocante. Ouvir algo do Pumpkins sem a bateria genial do Jimmy Chamberlin e mesmo assim isso soar genial, com todas aquelas coisas eletrônicas, foi surpreendente. Gosto tanto desse disco que paguei mais de R$30 no CD usado em um sebo. E, junto do “Hail To The Thief”, do Radiohead, foi o disco que me ensinou a não ter preconceito com loucuras eletrônicas.

Ouça “Perfect”:

Na edição anterior, “Os Discos da Vida: The John Candy”.

Leia mais:

Comentários

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2 comentários

  1. adore foi um álbum totalmente diferente(na minha opinião) de tudo que os pumpkins haviam feito! é tão sei la, sombrio e eletrônico e barulhento e mexe com sua cabeça, não é aquela coisa de quando eles eram mais jovens tipo gish, aquela coisa mais grunge sei la, alternativa…é meio dark! HAHA,porém adorei o post,muito certo ele estar nessa lista!

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