Cyril Rampal é um francês que costuma frequentar as páginas do Floga-se desde o lançamento do seu primeiro disco, “Black Polygons”, em janeiro de 2012. Já está no terceiro, “Silence”, partindo pro quarto álbum (previsto pra 2015).
Downtempo, minimal, experimental, ambient, electronic cabem como descrição pra música introspectiva que o Black Polygons, seu projeto, faz desde o início – e se você ouvir todos os discos e EPs, perceberá distinções incríveis, diferenças sutis, mas sempre com base no eletrônico e nas paisagens sonoras.
Cyril tem vinte e cinco, vinte e seis anos, e não é muito de aparecer. Não há fotos dele por aí. Entrevista, só encontrei uma pela Internet. Diz-se tímido, o que amplia o mistério em torno de sua figura.
O máximo que podemos desvencilhar de seu perfil está nessa lista com os dez discos que mudaram sua vida de alguma maneira, e que ainda o inspiram. Sinceramente, não é pouco. Um artista se molda pelos discos que ouve, pelas vivências diárias. Cyril pode manter o mistério que faz sua música ainda mais interessante, mas a base que formou o artista está aqui, em dez obras genuinamente maravilhosas, ecléticas entre si, permitindo identificá-las nas várias criações do Black Polygons.
O mistério continua, mas alguma coisa a gente já conhece.
—
Nine Inch Nails – “Year Zero” (2007)
Comecei a fazer música eletrônica por causa desse disco. Mudou completamente minha visão de instrumentos eletrônicos e produção. O disco impregna. Eu descobri que você pode fazer sons realmente texturizados e interessantes com aquelas ferramentas. Há muito o que explorar além de apenas guitarras e algumas baterias.
Ouça “Capital G”:
—
Dntel – “Life Is Full Of Possibilities” (2001)
Os disco me apresentou a mais sons e produção sutis. Experimentação de texturas. Atmosfera delicada. Um belo disco que me inspirou um bocado a fazer meu primeiro álbum.
Ouça “(This Is) The Dream Of Evan And Chan”:
—
CocoRosie – “La Maison De Mon Rêve” (2004)
Esse álbum é tão bonito. Foi gravado num pequeno apartamento em Paris, durante o verão, com uma guitarra, bijuterias, moedor de café, brinquedos… Soa como nada disso. Um dos mais inspirados discos lo-fi que eu já ouvi.
Ouça “Good Friday”:
—
My Bloody Valentine – “Loveless” (1991)
My Bloody Valentine me influenciou tanto no jeito de eu tocar guitarra. Tentar soar completamente diferente de como deveria soar uma guitarra é muito empolgante pra mim.
Ouça “Sometimes”:
—
The Velvet Underground – “White Light/White Heat” (1968)
Provavelmente um dos meus discos preferidos de todos os tempos. Faz-me querer gravar música nova toda vez que eu ouço.
Ouça “Lady Godiva’s Operation”:
—
Pink Floyd – “The Piper At The Gates Of Dawn” (1967)
Adoro as composições de Syd Barrett. Criatividade verdadeiramente memorável.
Ouça: “Flaming”:
—
Jane Birkin & Serge Gainsbourg – “Jane Birkin/Serge Gainsbourg” (1969)
Pra mim, uma grande canção não é só sobre boas melodias ou bom ritmo. As grandes canções têm uma atmosfera, uma ambiência, uma atitude, uma personalidade. Esse álbum é cheio dessas coisas. É pura genialidade, pra mim. Amo este disco.
Ouça “Je T’aime… Moi Non Plus”:
—
Joy Division – “Unknown Pleasures” (1979)
A estética da beleza e escuridão no seu melhor momento.
Ouça “Interzone”:
—
The Sonics – “Here Are The Sonics!!!” (1965)
Adoro a produção desse disco. Soa tão saturado da melhor maneira possível. Sou obcecado com o som desse disco.
Ouça “Money (That’s What I Want)”:
—
Billie Holiday – “Billie Holiday” (1952)
Verdadeiramente delicado e sofisticado. Atmosfera linda. Inspirador demais.
Ouça “(You’d Be So) Easy To Love”:
—
Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Nosso Querido Figueiredo”.