Renan Vasconcelos é o Dramón. Seu disco mais recente, o segundo, é “Céus” (escrito “C É U S”), foi lançado em 16 de agosto de 2022 e falamos sobre ele aqui: “é incrivelmente enigmático e tentador. Suas faixas moldadas em ambiências eletrônicas deixam o ouvinte flutuando em algum pensamento que não estava necessariamente querendo ter. É uma viagem. É um sonho. É um passeio. É um encontro consigo mesmo, sem a chatice de autoajuda que isso possa parecer”.
A descrição pode dizer muito, mas não diz nada comparada a esta lista de discos que, segundo o próprio Dramón, moldou sua persona musical. Nesta nova edição de “Os Discos Da Vida”, Vasconcelos desenrola de um jeito bem objetivo aquelas obras que de alguma forma fizeram domar o Dramón e ajudaram a moldar o Drámon.
Há uma curiosidade nesta lista que é o fato de haver muitos disco novos, o que sugere que Vasconcelos é daqueles músicos ainda (porque alguns simplesmente param de fazer isso) dispostos a ser impactados pela música alheia. Com o passar do tempo, vamos ficando menos vulneráveis às novas criações. Dramón se mantém inalterado, o que proporciona à sua música uma boa dose de frescor.
Boa leitura! E boa audição!
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Rage Against the Machine – “Rage Against The Machine” (1992)
Aprendi a tocar guitarra e desenvolver meu gosto pessoal com esse disco. Foi com esse disco que eu saí daquela fase rock genérico e comecei a me atentar para algumas bandas mais específicas. Tocava esse disco de cabo a rabo! Acho que ainda consigo…
Ouça “Take The Power Back”:
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Deftones – “White Pony” (2000)
Talvez eu possa dizer que esse aqui é meu disco favorito na vida. Obviamente, seria arriscado e talvez injusto com algum outro. Mas até hoje, nada se compara ao impacto que algumas músicas desse álbum tiveram no jovem eu de 16 anos. Acho que minha vida inteira mudou quando escutei “Knife Prty”, por exemplo, e até hoje eu revisito esse grande amigo periodicamente pra ver como anda envelhecendo.
Ouça “Knife Prty”:
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Massive Attack – “Mezzanine” (1998)
Esse disco me mostrou que existia um universo muito além das bandas de rock que eu escutava, e abriu minha atenção pros climas que a música eletrônica pode proporcionar.
Ouça “Teardrop”:
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Radiohead – “Ok Computer” (1997)
Acho difícil o “OK Computer” não estar na lista de alguém que cresceu nos anos 90. Eu só fui descobri-lo uns anos depois do seu lançamento, mas o impacto dele foi bem semelhante ao “White Pony”. Talvez dê pra colocá-lo em primeiro lugar junto ao WP também.
Ouça “Airbag”:
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Radiohead – “In Rainbows” (2007)
E Radiohead nunca é demais, certo? Então a escolha do “In Rainbows” é pelo fato de eu ter vivenciado todo o lançamento e promoção dele. Desde pagar quanto eu queria pra fazer o download (paguei 10 dólares, que na época foi R$ 20), até o show na Praça da Apoteose em 2009. Não tem uma só nota desperdiçada nesse disco.
Ouça “Weird Fishes / Arpeggi”:
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José González – “In Our Nature” (2007)
Esse é um artista que eu admiro muito. Talentoso ao extremo e bastante virtuoso. Esse disco caminha bem entre a calmaria e a melancolia.
Ouça “The Nest”:
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Alt-J – “An Awesome Wave” (2012)
Escutei muito esse disco quando morava em Búzios, Rio de Janeiro, e a paisagem diária da minha vida era outra. Tinha o mar, o vento, a areia, o sol. Durante algum tempo esse disco foi a trilha sonora da minha vida lá.
Ouça “Tessellate”:
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Terno Rei – “Violeta” (2019)
O “Violeta” é um disco que até agora não enjoei, e nada indica que isso vá acontecer.
Ouça “Medo”:
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Arp – “Ensemble Live!” (2019)
Minha trilha sonora da pandemia. Conheci esse disco andando por acaso pela rua, uma semana antes de ficar trancafiado dentro de casa. Até hoje tá tocando por aqui!
Ouça “Voices”:
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Turnstile – “Glow On” (2021)
Acho que hoje em dia as chances de um disco me acertar assim é cada vez menor, mas esse disco do Turnstile conseguiu. Bastaram umas duas audições e foi! Não consigo explicar muito o porquê. Sei que essa banda tem um frescor diferente e estão tomando o mundo todo de assalto.
Ouça “Blackout”:
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Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Clandestinas”.