Não que seja muito importante essa informação. Mas serve como pontapé inicial pra uma nova seção no blogue: que discos fizeram a cabeça e marcaram a vida das bandas nacionais mais bacanas – e de pessoas que este blogue considera relevantes?
Periodicamente, uma nova banda (ou uma pessoa relevante) listará os discos mais importantes da vida de cada integrante.
Enquanto o primeiro capítulo não vem, começo com essa humilde lista. Não são discos necessariamente inquestionáveis pra história da música, embora possa haver essa coincidência, mas trabalhos que marcaram – e neste caso, ainda marcam – a vida de quem está expondo a lista.
Essa é a minha, é a lista do Floga-se, não exatamente em ordem de importância. Deixei de fora, com dor, o Kraftwerk, o Stooges, o Television, o Echo & The Bunnymen, o The Cure, o Oasis, o Nirvana, o Joy Division, o Charlatans, o Primal Scream, o Pavement, o Yo La Tengo, o Guided By Voices e o Sex Pistols, por exemplo. Dez é pouco (cinco é pior ainda, no caso das bandas: cada integrante só pode escolher cinco). Mas dá pra ter uma ideia da formação musical do protagonista da lista.
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“Psychocandy” – Jesus & Mary Chain (1985)
O disco de estreia do Jesus & Mary Chain talvez tenha sido o mais importante de toda a minha vida, no sentido de começar a gostar de distorções, chiadeiras, barulho e efetivamente música boa. “Psychocandy” tinha aquela história dos pedais defeituosos comprados pelos irmãos Reid, que acabaram dando essa sonoridade diferente pro disco, e o baterista tocando em pé (que era, claro, Bobby Gillespie). Um disco curto, com músicas curtas, pra se ouvir alto. À época, porém, não havia me dado conta da acidez, da ironia e da tiração de sarro que eram algumas letras, como “The Liveing End”. Cresci, descobri mais essa e o disco ficou ainda melhor. O clássico dos clássicos.
Ouça “The Living End”:
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“Meat Is Murder” – The Smiths (1985)
Pra muita gente, o melhor disco dos Smiths é “The Queen Is Dead”, mas pra mim é esse – e na versão estadunidense, que tem “How Soon Is Now?”. Foi o meu segundo contato com a banda – o primeiro havia sido no mesmo ano com o single “The Boy With The Thorn In His Side”, num single em 78 rotações comprado na Baratos Afins, em São Paulo. “Meat Is Murder” tem uma coleção de canções que a Morrissey e Johnny Marr fizeram no auge da criatividade, que declinou pouco até o fim da carreira: “The Headmaster Ritual”, “That Joke Isn’t Funny Anymore”, “Well I Wonder” e “Barbarism Begins At Home” são preciosidades que alguns artistas dariam a mãe e o pai pra terem a inspiração de criar. A poesia entrou na minha vida.
Ouça “That Joke Isn’t Funny Anymore”
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“The Stone Roses” – The Stone Roses (1989)
A marra sempre fez parte da música, mas, pô, Ian Brown levou às últimas consequências, inspirando os irmãos Gallagher a tagalerar poucos anos depois. Mas o Stone Roses tinha por onde. Essa foi a melhor mistura de rock com dance que eu já havia ouvido, o que vale dizer não era nada muito original, mas ia criar centenas de filhotes na história da música – algo que na época, obviamente, não dava pra saber. Talvez tenha sido um dos LPs (sim, o CD estava ainda nascendo) que eu mais ouvi na vida. Por muito tempo, foi minha banda preferida.
Ouça “She Bangs The Drums”
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“Loveless” – My Bloody Valentine (1991)
Quando ouvi esse disco pela primeira vez, fiquei tentando entender do que se tratava. Já havia escutado barulheiras com o Velvet Underground, os Stooges, Ramones e tals, mas com essa beleza, jamais. O que o My Bloody Valentine fez no seu segundo disco é algo raro na história da música: criou definitivamente um estilo, aquele que se conhece por shoegaze (não é o primeiro disco de shoegaze, apenas o definitivo). Quantas bandas você conhece assim hoje em dia? De “Only Shadow” a “Soon”, são onze músicas que ainda me arrepiam.
Ouça “Soon”
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“Kid A” – Radiohead (2000)
É o disco mais novo da lista e eu com quase 30 anos dificilmente poderia ser “moldado” musicalmente nessa idade. Já era um viciado em “Ok Computer” e imaginava que o Radiohead não poderia fazer melhor. Fez. “Kid A” é ainda mais experimental que o disco anterior, ao mesmo tempo em que é acessível, dançante… brilhante. Há tantas informações nesse disco, porém basta dizer que foi a partir dele que o Radiohead definiu os anos 2000, pra mim.
Ouça “Idioteque”
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“Low Life” – New Order (1985)
Qual o melhor disco do New Order? Talvez quase ninguém responda “Low Life”, mas esse disco teve importante influência pra mim. Morava no Rio de Janeiro à época e a rádio que mais ouvia, claro, era a Fluminense FM, de Niterói. Uma das vinhetas da rádio era a bateria seca do início de “Love Vigilantes”. Embora o disco não seja ensolarado como pretendia a vinheta de verão da rádio (“Elegia” é um convite ao suicídio, disse certa vez um amigo, num exagero apreciável), fiquei com essa visão dele e “Sub-Culture” embalou alguns finais de semana. Achava o New Order a banda mais importante do mundo. Não acho mais, só que esse disco teve uma relevância tremenda pra mim. Era o máximo de música pop que ouvia.
Ouça “Love Vigilantes”
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“The Perfect Prescription” – Spacemen 3 (1987)
A dúvida aqui é cruel. Deveria ter colocado este disco e o “Playing With Fire”, o próximo na discografia do brilhante Spacemen 3, banda que abriu meus ouvidos pro psicodelismo extremo. Letras como a de “Walkin’ With Jesus” foram tão importantes e divertidas pra mim, que me fizeram querer escrever (escrever qualquer coisa, tomar gosto pela coisa). Minha participação na série da Mojo Books foi com esse disco. Tudo o que foi feito depois disso, com essa sonoridade, passou a me agradar.
a
Ouça “Walkin’ With Jesus”
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“Bandwagonesque” – Teenage Fanclub (1991)
O segundo disco do Teenage Fanclub (assim como “Grand Prix”) é perfeito, de cabo a rabo. Nessa época de faculdade, os escoceses começaram a definir meu gosto pelo o que se conhece hoje como indie. Dureza era virar o disco, já que “Star Sign” encerrava o lado A de maneira estupenda. Só que o B guarda preciosidades como “Alcoholiday” e “Guiding Star”. O Teenage Fanclub virou mais um lado na minha história musical, abriu mais uma frente.
Ouça “Star Sign”
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“The Velvet Underground” – The Velvet Underground (1969)
É claro que historicamente a importância do primeiro disco, “Velvet Underground & Nico” é maior do que a desse. Mas o terceiro disco do VU, já sem a Nico (mas não sem a beleza da voz feminina nos vocais, com a baterista Moe Tucker assumindo lindamente o encerramento com “After Hours”), mostra o melhor do lado melódico da banda, porque o experimental o Velvet já havia mostrado no ano anterior com “White Light/White Heat”. E ambos, pra mim, foram essenciais pra entender todo o resto que eu já gostava na música.
Ouça “After Hours”
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“Bizarro” – Wedding Present (1989)
Os Smiths fizeram tanta influência sobre mim, que fiquei um tempo à procura de algo parecido. O Wedding Present não é “um novo Smiths” – e longe disso – mas no quesito letras estão pau a pau. Os britânicos usam guitarras aceleradas e limpas como eu nunca havia ouvido, formando um muro sem chiadeira, em músicas empolgantes e ideal pra finais de semana. “Bizarro” é o segundo disco do Wedding Present e o único que ainda insiste em preencher meus ouvidos.
Ouça “Kennedy”
ótima idéia! amei! bj
=D só ouvi dois desses discos =x
Eu dou valor a quem consegue fazer esse tipo de lista, realmente não consigo.
hahahah
É realmente difícil. E nunca é definitiva a lista. Sempre um ou outro disco acabaria sendo excluído numa segunda análise. Mas serve como base e, mais do que isso, serve como início de uma coluna… As listas das bandas serão mais interessantes.
[…] E aqui está. A Loomer tem pitadas de grunge, de pós-punk, de punk, de tudo o que de melhor se fez nessas duas grandes décadas, de 1980 e 1990. Quer dizer, pelo menos esses discos mudaram a cabeça de cada um dos integrantes. E eu me senti como eles. Faço parte da mesma geração, vivi as mesmas coisas, com as mesmas descobertas musicais e essas listinhas poderiam ser a minha (de fato, são bem parecidas). […]
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[…] edição anterior, “Os Discos da Vida: Floga-se”. Tweet Leia mais…29 de outubro de 2011 — OS DISCOS DA VIDA: TOP SURPRISE14 de […]
[…] Os 10 discos da sua vida, por favor… Fernando: Pô, Bridges (risos). Posso colocar os meus “Os Discos da Vida”? Você sabe que essa coluna é a que eu mais gosto do Floga-se. Dava pro site ser só isso, porque […]