OS DISCOS DA VIDA: JULIO FERRAZ

Júlio Ferraz engata uma carreira solo, com o lançamento do seu primeiro disco além do seu grupo Novanguarda, “A Ilha Da Inconsciência No Espelho Polifônico Das Bifurcações Do Tempo” (leia matéria aqui).

É um trabalho tropicalista, psicodélico e de apelo popular. Muito dele talvez tenha nascido das várias audições que Ferraz teve das obras de sua vida, das quais ele destaca dez na lista abaixo, os seus “discos da vida”. Eles mexeram com ele, provocaram o artista.

Nascido em Floresta, a 433 quilômetros de Pernambuco, Ferraz fez da música a sua razão de ser e de existir. Tudo gira em torno dela, após um começo fervoroso, que culminou numa encruzilhada que ele enfrentou de cabeça e venceu (leia aqui).

Sim, não há artista que não encare sua obra como fruto das experiências vividas ou de desejos a se experimentar. Júlio transforma tudo em música e em história. Dez dessas experiências, das musicais, estão aqui. Os títulos a história já tratou de entronar. O que fazem com eles é uma transformação de resultados únicos.

(foto de abre: Marina de Azevedo)

The Beatles – “Revolver” (1966)
Chegou na minha vida durante minha adolescência e tocou de imediato em minha forma de pensar música, é um dos discos mais incríveis que já ouvi.

Ouça “Taxman”:

Pink Floyd – “The Piper At Gates Of Down” (1967)
Álbum importantíssimo pra minha música, eu morava em Floresta na época que li sobre ele pela primeira vez em uma revista. Como na época eu não tinha acesso a Internet, eu procurava o disco sempre que viajava pro Recife, e não lembro ao certo como encontrei, mas sei que até então é um dos álbuns que mais influenciaram minha forma de compor e tocar guitarra.

Ouça “Matilda Mother”:

Os Mutantes – “Os Mutantes” (1968)
Quando esse disco chegou em minhas mãos, tudo o que eu imaginava e o que eu não imaginava que podia virar música começou a tomar forma de som. O trabalho do Rogério Duprat com eles me encantou, e eu acho que nas primeiras audições, lá pelos meus 16 anos, aquilo me trouxe a lembrança da beleza do trabalho de uma filarmônica (que eu sou apaixonado), e ao mesmo tempo tinha um rock bem feito, com humor, em português; isso tudo me deixava louco.

Ouça “Panis Et Circenses”:

Sonic Youth – “Dirty” (1992)
Eu piro nesse disco desde moleque, os trabalhos de guitarras me apresentaram novas direções, novas possibilidades. É um álbum que me lembra muitos momentos, desde o colégio até a minha vida já trabalhando com música.

Ouça “Sugar Kane”:

Tom Zé – “Todos Os Olhos” (1973)
Foi com o disco “Todos Os Olhos” que escutei pela primeira vez Tom Zé. O álbum me deixou louco com as divisões e a organização instrumental. E até hoje é um dos meus discos de cabeceira, além de ser um dos meus favoritos do mestre.

Ouça “Quando Eu Era Sem Ninguém”:

The Mothers Of Invention – “Freak Out!” (1966)
Frank Zappa é um dos guitarristas que eu mais gosto, e “Freak Out” foi um tipo de divisor de águas para a minha música. Inspirou temas, texturas, e me apresentou a uma liberdade maior que eu ainda desconhecia. É um disco incrível do início ao fim.

Ouça: “Hungry Freaks, Daddy”:

John Coltrane – “A Love Suprame” (1965)
Matador! Resumo como o melhor disco instrumental dos anos 60. Além de ter sido o primeiro passo pro meu grande interesse pelo Jazz.

Ouça “A Love Supreme Pt. 1 Acknowledgement”:

Rogério Duprat – “A Banda Tropicalista Do Duprat” (1968)
Esse álbum chegou em minha vida uma busca por mais dos Mutantes, e de forma instantânea me deixou hipnotizado. Foi escutando esse disco que despertou em mim o interesse em orquestrar. É um disco muito bonito, de uma singularidade que só o mago da liberdade musical poderia trazer.

Ouça “Canto Chorado / Bom Tempo / Lapinha”:

Caetano Veloso – “Transa” (1972)
Para mim, um dos melhores discos brasileiros de todos os tempos. Nesse álbum mora quase tudo que eu encontrei como “belo” na música. É um disco que me atrai, que me emociona, e que de uma forma mais pessoal vem a ser uma das grandes trilhas sonoras de minha vida.

Ouça “Triste Bahia”:

Bob Dylan – “Blonde On Blonde” (1966)
Um disco perfeito. Me inspirou milhares de vezes, e foi trilha de muitos momentos bons de minha vida. É um disco do coração, da alma, dos dias, de todos eles. É realmente um álbum que eu amo e dificilmente irei conseguir expressar tudo que sinto com relação a essa obra.

Ouça “Just Like A Woman”:

Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Luvbugs”.

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