O quarteto de Minas Gerais acaba de lançar seu primeiro disco, “Sal Grosso”. Os ruídos e distorções, aliados à sonoridade loshermanos típica dessa geração noventista, fazem do disco algo especial, diferenciando-se da maioria dos seus contemporâneos.
Nessa edição de “Os Discos da Vida”, a Lupe De Lupe expõe os álbuns que mudaram a vida dos seus integrantes. Você irá se surpreender como quase tudo aqui é identificável na música deles. Praticamente tudo o que está listado abaixo pode ser ouvido seja em “Sal Grosso”, seja em “Recreio”, o EP de estreia (de fevereiro de 2011).
É, talvez, caso único nessa coluna: uma banda cujos quatro integrantes parecem ter mesmo peso de influência musical no produto final.
Os textos sinceros, elucidativos, mostram que a banda conhece cada pilar que sustenta sua sonoridade e sua história. E eles ainda são jovens. Ou seja, é uma história ainda nos primeiros capítulos – uma história promissora.
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CÍCERO NOGUEIRA (bateria e vocal)
Metallica – “Master Of Puppets” (1986)
Quando eu tinha 14 anos, vivia de Metallica. Eu conversava sobre Metallica, eu pensava sobre Metallica, eu fazia planos com o Metallica, eu imaginava que eles eram membros da minha família. Chegou um momento que eu tive de fazer um rompimento doloroso. Hoje tá tudo bem. Eu vejo que esse disco tem umas músicas ruins, nem é o melhor do Metallica, não. Mas é um disco de trash metal meio podre ainda, meio festivo. Depois eles lançaram o “And Justice For All”, um disco sério. Eu respeito muito o Metallica, acho uma banda corajosa.
Ouça “Master Of Puppets”:
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Green Day – “Dookie” (1994)
O que eu gostava de Green Day é que eles eram engraçados. Hoje eu tenho um distanciamento melhor pra analisar. Fico feliz que eu tenha gostado de Green Day nessa época. Acho uma banda importante e faz bem pros jovens, sei lá. Tem muito hit nesse disco, vendeu um zilhão de cópias e foi um dos primeiros que eu comprei com meu próprio dinheiro.
Ouça “She”:
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The Smiths – “The Queen Is Dead” (1986)
The Smiths, cara. Eu tenho vergonha de dizer que conheci velho. Parece um disco que eles estavam destinados a fazer. Tudo é perfeito nesse disco, a disposição das músicas, o timing pra lançar essas músicas. Os caras lançaram “I Know It’s Over” nesse momento que eles tavam prestes a se tornar a maior banda do mundo. É um disco muito poderoso e gentil ao mesmo tempo. Tudo que o Morrissey canta me dá muita força. O engraçado é que eu não curti Smiths por sentir pena de mim mesmo por ser adolescente e tal. Por isso, hoje eu consigo ver que eu peguei o melhor do Morrissey mesmo. Pra mim, “Bigmouth Strikes Again” podia ser eterna, ficar repetindo o refrão eternamente.
Ouça “Bigmouth Strikes Again”:
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Pixies – “Doolitle” (1989)
Nunca fui um cara que pensava em discos, eu sempre pensei em bandas. E olhando assim pra história do rock moderno acho que só existiram duas bandas: Smiths e Pixies. É impressionante como cada uma é muito genial no seu universo. É como se cada um exercitasse uma parte diferente minha. Esse disco começa com “Debaser”, que é a música mais furiosa do mundo, mais furiosa que todas as bandas de metal juntas. E o disco passa tão rápido que, sei lá, você passou por um corredor polonês.
Ouça “Debaser”:
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Animal Collective – “Merriweather Post Pavilion” (2009)
Sabe qual que é o negócio do Animal Collective? Eles tão no futuro e ninguém tá com eles. Tipo assim, o disco tem tanta coisa que eu teria de matar aula pra te falar tudo. Dias contando aqui sobre ele. Eles cagaram tanto nesse disco que vai demorar pelo menos uma década pra eles lançarem algo tão bom assim. E “My Girls”, eu não tenho medo dizer, é uma das melhores músicas do mundo.
Ouça “My Girls”:
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GUSTAVO SCHOLZ (guitarra e vocal)
Legião Urbana – “Dois” (1986)
Poderia colocar aqui nessa lista cinco discos da Legião, mas como seria ridículo, tiro da gaveta o “Dois”. É o disco que mais escutei em toda a minha vida. Escuto Legião desde quando me entendo por gente e, sem brincadeira, pra mim é a melhor banda que já existiu nesse planeta. Favor considerar o fato de que quem tá digitando isso aqui é o meu coração. O “Dois” deve ser a obra mais coesa e bem feita da discografia da banda. São as melhores letras, músicas – e essas guitarrinhas do Dado Villa-Lobos, essas malditas guitarrinhas, mudaram a minha vida. Sem contar a voz do Renato que sou capaz de reconhecer cada timbre, em cada música e farejo equívocos em qualquer banda cover por esse Brasil.
Ouça “Tempo Perdido”:
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The Smiths – “The Smiths” (1984)
“This Charming Man” foi a primeira música dos Smiths que ouvi. Isso eu devia ter uns 12, 13 anos. E é claro fui atrás do disco onde ele estava e da banda. Se as guitarrinhas do Dado Villa-Lobos mudaram a minha vida, eu não lembro bem, mas pode ser que eu tenha pensado em suicídio quando ouvi as do Johnny Marr. Era demais pra mim. Citei o primeiro disco porque foi o primeiro que ouvi, mas é comprovado cientificamente que não existe disco, ou sequer uma música, ruim dos Smiths. Morrissey e Johnny Marr foram enviados dos céus.
Ouça: “This Charming Man”:
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George Harrison – “All Things Must Pass” (1970)
Um disco maravilhoso desse que é um dos meus artistas preferidos de todos os tempos. Conheci as músicas do George da carreira solo, é claro, depois de já ter sido espancado pela discografia dos Beatles desde meus 10 anos, talvez. George Harrison escrevia sobre o que sentia e colocava isso numa canção com muita naturalidade. Tem uma espécie de doçura nas músicas do George que pouca gente conseguiu fazer igual e que ele fez como ninguém. É possível reconhecer essas músicas no segundo acorde, a quilômetros de distância. E como são lindas! Então, quem nunca ouviu, pelo amor de Deus, ouça “All Things Must Pass” e de quebra, aproveito pra deixar registrado a maior banda que já existiu e vai existir nesse planeta. Nem vou citar um disco deles aqui.
Ouça “All Things Must Pass”:
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Los Hermanos – “Ventura” (2003)
Esse disco eu ouvi quando saiu. Eu tinha escutado o “Bloco…” e tudo mais. Lembro de ter gostado muito da música “Sentimental” e algumas outras. Mas quando ouvi o “Ventura”, deve ter sido quando eu comecei realmente a pensar em ter uma banda e fazer músicas. Eles eram brasileiros e tinham acabado de lançar uma obra-prima debaixo do meu nariz! Era época do indie dos Strokes e o “Is This It” tinha me dado um soco na cara. Não escutava nada de música brasileira, tirando Legião Urbana. O “Ventura” é um discaço e é, sem dúvida, um marco na cena de rock do Brasil. Por ter consolidado o que o Los Hermanos havia proposto no disco anterior em termos artísticos mesmo. E ele pegou foi um mar de gente, não foi só eu.
Ouça “Cara Estranho”:
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Pavement – “Crooked Rain, Crooked Rain” (1994)
E por final, descobri esse ouro há uns dois anos. Não sei como que nunca tinha escutado sequer falar em Pavement. Mas um dia tava vendo por aí na Internet uma tal lista das melhores músicas dos anos 90. “Gold Soundz” em primeiro lugar. Passei os próximos dois meses ouvindo só “Gold Soundz”. Depois da histeria inicial fui conhecer a banda. O “Slanted And Enchanted” de cara me deu uma pedrada e quando cheguei ao “Crooked Rain…”, e começou “Silence Kit”, percebi que tinha descoberto a nova melhor banda do mundo na minha cabeça. Pavement sempre será uma uma referencia pra qualquer música que eu vá fazer nessa minha vida. É a banda que eu queria fazer parte. Na verdade, eu queria ter feito todas as músicas que o Malkmus fez.
Ouça “Gold Soundz”:
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RENAN BENINI (baixo e vocal)
Smashing Pumpkins – “Siamese Dream” (1993)
A primeira vez que ouvi Pumpkins sabendo que eram eles foi na casa de um amigo meu; a música era “Tonight, Tonight”. Lembro de ter dito “ah, eu lembro dessa música, a voz desse cara é marcante”, enquanto ficava impressionado com as belas linhas de cordas e guitarras, o som preenchendo a sala em que estávamos… Mas foi ao ouvir os primeiros acordes de “Cherub Rock” que eu defini minha até então banda favorita. Não sei dizer exatamente o que é melhor, as guitarras pesadas em “Silverfuck” e “Geek U.S.A.”, as linhas calmas em “Spaceboy” e “Luna”, ou as potencias melancólicas “Soma” e “Mayonaise”, só sei que é provavelmente um dos mais fortes, bem balanceados e coesos discos dos anos 90, e não obstante, um dos meus mais queridos.
Ouça “Cherub Rock”:
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Nirvana – “Bleach” (1989)
Como qualquer adolescente que erga a bandeira de junky revoltado, eu tive Nirvana como ícone. Não preciso dizer que o “Nevermind” era o equivalente a um texto sagrado, que você tinha obrigação de ouvir todos os dias, saber todos as letras, ter todos os pôsteres etc. Eu o considerei durante alguns anos até meu disco favorito, seguido pelo “In Utero”, mas ponho nessa lista o “Bleach” por um motivo: foi por causa dele que eu quis “tocar rock”. Antes dele eu não tinha idéia do que era um rife, e foi ouvindo “School” que isso mudou. Passei a usar o violão não para fazer acordes, mas power chords, comecei a fazer air guitars no colégio e comecei a ver o senhor Krist Novaselic como um ídolo, coisa que em um futuro próximo ia ser crucial pra minha escolha do baixo como instrumento principal. Além dessa parte pessoal, considero o “Bleach” um disco épico por ser um disco cru, simples e extremamente forte; músicas como “Negative Creep”, “Floyd The Barber” e “Love Buzz” fizeram a mim e milhares de pessoas baterem cabeça sozinho por muito tempo.
Ouça: “Negative Creep”:
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My Bloody Valentine – “Isn’t Anything” (1988)
O My Bloody Valentine foi uma feliz sorte em minha vida. Eu os conheci ouvindo o “Isn’t Anything”, por intermédio de um amigo que tinha ouvido falar por um terceiro de terceiro, isso porque ninguém no nosso convívio conhecia. Lembro que o disco estava perdido em uma dezena de outras sugestões, mas foi de longe o que eu mais me apaixonei. Fiquei hipnotizado ao ouvir “Cupid Come” e cheguei ao transe ao ouvir “No More Sorry” e “Soft As Snow…”, uma sonoridade que me marcou enormemente e até hoje tem repercussão na minha forma de encarar a música.
Ouça: “Soft As Snow (But Warm Inside)”:
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Alice In Chains – “Dirt” (1992)
Eu sempre gostei muito de Alice In Chains, principalmente por, pelo menos pra mim, fugir da dinâmica convencional do grunge, mesmo com muita gente afirmando que grunge é marca de roupas e certidão de nascimento em Seattle. A voz rouca e berrada de Layne Staley sempre foi um atrativo pra mim, coisa que eu sentia falta em Pearl Jam, não achava honesto em Soundgarden e nem tentava comparar com Nirvana, devido a enorme diferença a meu ver. O “Dirt” é o disco que os consagra dentro da música e entre minhas bandas favoritas do período; “Them Bones”, “Rooster”, “Down In A Hole”, “Would?”, “Angry Chair” são músicas de um peso impressionante, com um traço característico que delimita Alice In Chains muito bem de inúmeras outras bandas. É fantástico.
Ouça “Would?”:
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Yuck – “Yuck” (2011)
Pro meu último disco dessa lista, optei pela minha mais recente e feliz descoberta, não por eles se atreverem de forma bem sucedida a reviver o tempo onde quase todas as minhas bandas favoritas residem, mas por eles fazerem isso muito bem. Descobri a banda e seu debute num blogue em que tinha acabado de mandar nosso primeiro trabalho, o “Recreio”. O clipe de “Rubber” se destacava dentre os posts e me chamou a atenção. Ouvi a música encantado, não acreditando que o disco acabara de ser lançado, achando que foi uma dessas bandas que por algum motivo você deixa passar na adolescência. Hoje, afirmo com todas as letras que “Rubber”, e o disco como um todo, foi o melhor trabalho feito por uma banda ano passado. Fiquei igual a quando ouvi pela primeira vez “Scentless Apprentice”, maravilhado com aquilo. “Georgia”, “Get Away”, “The Wall”, “Operation” são músicas que passeiam entre MBV e Sonic Youth, de uma forma que só pessoas muito ambientadas por esses caras conseguiriam. Por outro lado, “Suicide Policeman”, “Shook Down” e “Stutter” se aproximam de nomes como Belle & Sebastian, Elliott Smith e Jeff Buckley, com melodias mais tenras e tranquilas. Enfim, um puta disco que me faz ainda ter fé no que pode ainda ocorrer no mundo da música.
Ouça “Get Away”:
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VITOR BRAUER (guitarra e vocal)
Deftones – “White Pony” (2000)
Minha primeira banda foi uma banda cover de Deftones. Eu tinha uns 13, 14 anos quando comecei a tocar com um povo mais velho e tudo mais. Deftones mudou o jogo pra mim. Antes disso eu ouvia Offspring e sei lá, nada tinha me atingido tanto quanto Deftones até então. Acho que é talvez por ser um som mais ambíguo, mais profundo. Foi como um raio. Com essa banda cover, talvez eu tenha passado a época mais feliz da minha vida. É feito o Senna falando que as melhores corridas dele foi quando ele competia no kart e não na Fórmula 1. Aquilo ali era real. Sem interesse, sem preocupações com datas de lançamento ou horários ou o que as pessoas vão achar ou mesmo dinheiro. Era ótimo.
Ouça: “Back To School (Mini Maggit)” (N.E.: a música não faz parte do lançamento original, apenas da reedição, a da “capa branca”):
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Nas – “Illmatic” (1994)
Quando eu tinha uns 15, 16 anos, uns primos de BH me colocaram no rap e aí foi o fim. Até hoje sou viciado em rap. O Nas representou muito pra mim porque ele era um jovem gênio, eu queria ser igual a ele quando eu era mais novo. Até hoje tento ser uma espécie de Nas nessa época, por assim dizer. Um jovem que tenta fazer letras sagazes. Eu sempre dei muito valor pra letra de música, valor demais, e o Nas dizia umas coisas profundas e tensas, e depois ele te fazia rir. Essa é a melhor parte de escrever letras, a meu ver: conseguir tirar o máximo do mínimo. É engraçado que todo dia eu ouço rap, eu não costumo mais ouvir novas bandas de rock e tal. Agora é um período maravilhoso lá nos Estados Unidos, rappers como Kendrick Lamar, Danny Brown, Ab-Soul, Schoolboy Q, A$AP Rocky, cara, cada um tem mais personalidade do que dez novas bandas juntas. É estranho mas em músicas como “Há Algo de Podre…” e “Pavimento” eu quase me sinto um rapper mesmo (risos)! Parece bobo mas pra mim é assim. Talvez esse seja meu estilo, eu não sei. Tentar cantar do jeito que eu falo e tentar explicar as coisas e falar coisas profundas de uma forma mundana, sei lá. Essa “The World Is Yours” é foda. Até hoje eu ainda tento fazer letras assim, letras que te dão esse sentimento maravilhoso que é a esperança.
Ouça “The World Is Yours”:
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Chico Buarque – “Vida” (1980)
Teve uma época na minha vida que eu só ouvia Chico Buarque. Eu vi onde era o topo da montanha que eu um dia sonhei em escalar. O Chico Buarque é o melhor letrista em língua portuguesa, sem sombra de dúvidas. E ele tem uma voz feia igual a minha, sei lá. Eu até cheguei a ter uma teoria que só pessoas com vozes feias que escrevem boas letras. Isso foi pro saco com o Morrissey, né… Esse disco, “Vida”, pra mim é o melhor, é meio louco, com umas músicas muito curtas e que foi quando ele tava começando a deixar de lado a ditadura. É difícil ver isso, mas as melhores músicas do Chico Buarque são mesmo de amor. Um amor realista e, por isso, até meio irônico. Músicas que dizem algo sobre a realidade dos relacionamentos e não só sobre sofrimento (principalmente de mulheres) como é dito por aí. Músicas sobre a vida em si, os lados trágicos e felizes.
Ouça “Já Passou”:
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Sonic Youth – “Daydream Nation” (1989)
Mas aí eu queria ter uma banda de rock, né? De início eu pensei que o Sonic Youth tinha nascido pra mim. Eu não sabia tocar bem mas me sentia esperto o suficiente pra fazer músicas boas. E a despretensiosa pretensão do Sonic Youth até hoje pra mim é perfeita. O experimentalismo ainda conseguindo fazer músicas pops e divertidas. Até hoje eu tô tentando ser menos cabeçudo e me levar menos a sério. O Sonic Youth sabia exatamente estar de bem consigo mesmo em relação a isso.
Ouça “Teenage Riot”:
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Ludovic – “Idioma Morto” (2006)
Por fim, eu descobri Ludovic, assim que a gente tinha começado a banda, no início de 2009. Ludovic me fez acreditar no rock brasileiro, me fez acreditar na música, me fez acreditar em mim mesmo. Ouvir “Servil” e “Idioma Morto” mostrou pra mim que você pode fazer a melhor banda de rock do Brasil em qualquer lugar ou hora, mesmo sem contatos, sem gravadora, sem milhões de fãs. A música é viva e eterna. Você grava e um cara na puta que pariu sente uma ligação direta com o que você fala e toca. Ludovic me passou a mensagem mais importantem que existe: você pode fazer parte de uma coisa grandiosa. É só ir lá e fazer. Tudo é possível. Porque esses caras fizeram. E pra um ser humano aqui em BH, eles são e sempre vão ser os mais corajosos, os mais talentosos e o melhor grupo de rock desse país. A minha vida é uma vida melhor por ter ouvido essa banda. E a gente toca “Janeiro Continua Sendo O Pior Dos Meses” em todos os nossos shows até hoje.
Ouça “Janeiro Continua Sendo O Pior Dos Meses”:
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Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Victor De Almeida”.
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