OS DISCOS DA VIDA: RAUL RAMONE

Se não conhece, você deveria conhecer o Dangerous Minds, site gringo sobre curiosidades da história pop e social. Só causos e fotos curiosas.

E se você não conhece, deveria conhecer o Degenerando Neurônios, de Raul da Silva Gomes, um blogue com a mesma ideia do gringo, mas em português, curto e grosso, direto ao ponto, cheio de curiosidades sobre bandas que adoramos adorar.

São histórias por trás das capas de discos, live sessions completas, lembranças de apresentações históricas, cartazes, vídeos, uma enorme biblioteca onde se aloca a nossa cultura pop.

Raul da Silva Gomes é Raul Ramone, também DJ, organizador de festas e produtor de shows na noite paulistana. Ele conseguiu sem enrolação alguma, através de seu blogue, dar ao leitor publicações interessantes como talvez ninguém esteja oferecendo em português (do Brasil).

O site começou no Tumblr (a primeira postagem é de 11 de setembro de 2009) e cresceu aos poucos, pelas beiradas, pra poucos além dos amigos, até que em outubro de 2014, chegou ao prestigiado Move That Jukebox, ganhando uma boa turbinada na audiência.

É hoje um dos sites mais interessantes sobre cultura pop feitos no Brasil. Acompanhe, vasculhe o passado. Raul está dando o caminho.

Falando de tanta coisa, num leque tão grande de estilos, artistas, histórias, vale colocar em pratos limpos: qual a história musical de Raul? O que ele ouviu na infância e adolescência que o levou a ter essa visão ampla do passado pop?

Essa edição de Os Discos Da Vida esclarece as questões. Uma boa lista de dez discos de vários estilos e épocas, com lembranças do próprio protagonista, revolvendo seus neurônios degenerados pelo tempo.

RAUL RAMONE

Led Zeppelin – “Led Zeppelin IV” (1971)
O primeiro disco de rock que encontrei no meio da pequena coleção de vinis dos meus pais (formada basicamente por trilhas de novelas e sucessos sertanejos). Eu devia ter uns sete anos de idade na época e não consigo esquecer o impacto que aquela capa dupla teve na minha curiosidade de criança. Passava horas tentando assimilar a figura do velhinho e a imagem da montanha com a sonoridade do LP. A partir daí, o Led Zeppelin se tornou uma das minhas bandas favoritas.

Ouça “Going To California”:

Racionais MC’s – “Raio-X Brasil” (1993)
Em 1993, eu tinha nove anos de idade, e obviamente não tinha dinheiro pra comprar o novo LP dos Racionais. Enchi o saco da minha mãe, dizendo que merecia ganhar o disco. Depois de horas e horas de faxina, como pagamento adiantado, finalmente descolei o bolachão de “Raio-X Brasil”, que ainda é o meu favorito do grupo e um dos Top 10 do rap nacional.

Ouça “Fim De Semana No Parque”:

Guns N’Roses – “Appetite For Destruction” (1987)
Minha tia por parte de mãe era uma grande fã de Guns N’ Roses nos anos 1990. Graças a ela, conheci o álbum “Appetite For Destruction”, que aterrorizou meus vizinhos durante anos. Não conseguia mesmo ouvir “Paradise City” e “My Michelle” com volume baixo. E ainda hoje é um dos meus LPs favoritos. Um marco do hard rock oitentista. Depois de descobrir a importância de Izzy Stradlin pra nove das doze faixas, passei a menospreza a fase “November Rain” do Guns.

Ouça “Paradise City”:

Oasis – “(What’s The Story) Morning Glory?” (1995)
Em 1995, eu não fazia a menor ideia de quem eram os Beatles. Só conhecia mesmo por nome, além de uma música ou outra, mas nada que chamasse muita atenção. Até que o Oasis estourou com “(What’s The Story) Morning Glory?”. Eu já era fã da banda desde o ano anterior, mas foi com esse disco que mergulhei fundo nas referências que os irmãos Gallaghers tanto mencionavam nas entrevistas da MTV. Foi assim que aprendi a gostar de Beatles. E mais ainda de Oasis, uma das minhas bandas favoritas até hoje.

Ouça “Morning Glory”:

Planet Hemp – “Usuário” (1995)
Acompanhei de perto a ascensão do Planet Hemp, desde 1995, com “Usuário”, um disco de rock cantando por MC’s cariocas que falavam sobre legalização da maconha no Brasil, violência policial, entre outros assuntos. Ainda não consigo entender como a gravadora convenceu os meios de comunicação da época a emplacar hits como “Legalize Já” e “Mantenha o Respeito”. Claro que a festa durou pouco e os integrantes foram presos, perseguidos e censurados. Musicalmente falando, ainda são relevantes pra muita gente daquela geração, que cresceu transitando entre o rock, o rap e o punk.

Ouça “Legalize Já”:

Bad Religion – “Tested” (1997)
Um dos primeiros CDs que comprei com minhas próprias forças, em 1999. Na época, me dividia entre escola, skate e vagabundagem durante a semana e trabalho aos sábados, lavando carros no estacionamento dos meus avós. Cada lavagem rendia três reais (se não me engano), e o CD do Bad Religion deve ter custado uns trinta e cinco reais. Imagina o trampo. Claro que tenho o CD até hoje.

Ouça: “A Walk”:

Manu Chao – “Clandestino” (1998)
Como estudante de espanhol, passei a pesquisar bandas que cantassem no idioma em questão. Eu já tinha ouvido falar do Mano Negra, mas não conhecia o trabalho solo de Manu Chao. Até ouvir “Clandestino”, que deu uma reviravolta latino-americana na minha cabeça. Graças a esse disco, comecei a valorizar mais a nossa música e a nossa cultura, sempre marginalizada pelos gigantes da indústria fonográfica.

Ouça “Clandestino”:

Frank Zappa – “Hot Rats” (1969)
Um dos pais do world fusion, que conseguiu dar uma roupagem mais roqueira a um dos embriões do gênero através das faixas de “Hot Rats”. Frank Zappa foi um gênio em tantos aspectos que fica difícil escolher apenas um disco do músico. Talvez o meu favorito seja esse.

Ouça “Peaches En Regalia”:

Jorge Ben – “A Tábua De Esmeralda” (1974)
A época de ouro música brasileira representada por um disco. A genialidade de Jorge Ben transcendia rótulos e navegava por todos os gêneros musicais do universo, do rock ao funk psicodélico, com a vantagem de conhecer muito bem o samba. Assim nasceu “A Tábua De Esmeralda”, pra mim um dos álbuns mais visionários da história da MPB.

Ouça “Minha Teimosia, Uma Arma Pra Te Conquistar”:

The Rolling Stone – “Exile On Main St.” (1972)
O melhor álbum de todos os tempos. Pelo menos dentro do rock. E os Rolling Stones continuam sendo a melhor banda do mundo, isso desde 1965, quando já davam sinais da longevidade que o grupo alcançaria na música.

Ouça “Tumbling Dice”:

Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Huey”.

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