OS DISCOS DA VIDA: REGIS TADEU

A pessoa tem que ser muito rabugenta pra não gostar do jeitão estridente de Regis Tadeu. Embora ele tenha assumido um personagem sem papas na língua que o espelha como um mal humorado e chato crítico de música, vale dizer que não é nada disso.

Encontrei Regis Tadeu apenas duas vezes. Ele, obviamente, não lembra de mim – ou seja, não sou conhecido, muito menos amigo dele. Analiso e apresento aqui o que vejo da pessoa, dívida nenhuma com ele.

Uma delas foi no lançamento do livro de André Forastieri, “O Dia Em Que O Rock Morreu”, em maio de 2014. Regis é uma espécie de celebridade, por conta dos seus programas de rádio, “Agente 93” e “Rock Brazuca”, ambos na USP FM; por conta dos textos sem papas, no Yahoo e nas diversas revistas que colaborou e colabora; mas principalmente por conta das críticas ácidas no programa do Raul Gil.

Regis não tem pudor de criticar quem quer que seja, desde medalhões teen, como Luan Santana, Restart, funqueiros e afins, até bandas que a crítica adora adorar, e outras que possuem legiões incontáveis de fãs. Assim, ganhou a fama de rabugento, de chato, por conta dos fãs, o que, provavelmente, deve lhe dar certa satisfação, afinal ser odiado por esses xiitas malas só ajuda a comprovar que ele está certo nas suas críticas: há artistas que perdem a noção de qualidade por conta da adoração exacerbada de seus fãs, e produzem muito lixo. Alguém precisa, de vez em quando, dar um chacoalhão e clarear as ideias dessa gente.

O resultado são ofensas e até ameaças de morte nas redes sociais – nada a se levar a sério, só mesmo pra rir. E fama.

Quando o vi cercado por crianças na livraria onde houve o lançamento de Forastieri, e sendo solícito, atencioso e sorridente com famílias inteiras, deu pra comprovar o que eu já imaginava ao ler suas linhas em suas diversas tribunas: ele se diverte bastante com o que faz, sabe do que fala e as pessoas, não importa de que idade, conseguem perceber isso. Crianças gostam dele, querem tirar fotos com ele. Que se danem os rabugentos!

Aqui, nessa edição de Os Discos Da Vida, Regis elenca os dez discos que ajudaram a criar sua personalidade musical – e, claro, a do crítico. Gostando dele ou não, ele sabe das coisas.

REGIS TADEU

Black Sabbath – “Black Sabbath” (1970)
Tinha dez anos de idade em 1970. Pedi pra minha mãe um disco importado como presente de aniversário. Ela me levou à saudosa Museu do Disco, no centro de São Paulo. Perguntei ao vendedor e ele sugeriu que eu levasse o disco de estreia do grupo. Cheguei em casa, coloquei na vitrola e passei uma semana dormindo com a luz do quarto acesa, tamanho o medo que senti só com a introdução da chuva, o som do sino e o rife do Tony Iommi na faixa-título. Nunca mais fui o mesmo…

Ouça “Black Sabbath”:

Slade – “Alive” (1972)
Erroneamente, comecei a ouvir este disco pelo lado 2. Foi um choque. Pancadaria crua, descabelada, agressiva e contagiante. Pela quantidade de vezes que pulei em meu quarto ao som deste disco, conseguiria chegar até Saturno…

Ouça “Keep On Rocking”:

Status Quo – “On The Level” (1975)
Outro disco descabeladamente sensacional. Repertório irrepreensível formado por canções inacreditáveis. Pesado e repleto de melodias que nunca mais saíram da minha cabeça. Até hoje sinto uma estranha excitação juvenil quando ouço a antológica “Down, Down”. Discaço!

Ouça “Down Down”:

The Who – “Tommy” (1969)
Passei meses ouvindo este disco de ponta a ponta quando era moleque. A força das canções era tão poderosa que eu não conseguia ouvir uma única faixa de maneira isolada. Tanto que quando saiu o filme, eu facilmente associei as imagens às canções, mesmo sabendo muito pouco de inglês na época. Ouço com o mesmo prazer até os dias atuais…

Ouça “The Acid Queen”:

Deep Purple – “In Rock” (1970)
Não fazia a menor ideia do som dos caras. Comprei o disco em 1971 por causa da capa esquisita. Jamais me arrependi. É o melhor exemplo de como um som rude e pesado pode soar melodicamente sublime. Foi o álbum que fez com que eu sentisse vontade de tocar bateria, o que aconteceu tempos depois. Ian Paice era sobrenatural!

Ouça “Into The Fire”:

Genesis – “Selling England By The Pound” (1973)
Foi meu passaporte pra entrar no universo do rock progressivo. Denso, enigmático, irônico, pesado, lírico, dramático, sarcástico, monumental… Não há adjetivos suficientes pra traduzir o som do grupo na época. É um livro de crônicas a respeito da decadência do Império Britânico na forma de um álbum sonoro. Sensacional!

Ouça “Firth Of Fifth”:

The Beatles – “Please Please Me” (1963)
Eu tinha seis anos de idade quando acidentalmente descobri este LP na estante de casa. Quando minha mãe colocou-o pra tocar, descobri que havia um troço chamado “música”. Só fui compreender a dimensão da revolução que este álbum causou anos mais tarde. Na verdade, eu já sabia disto, mas ainda não conseguia traduzir em palavras…

Ouça: “Ask Me Why”:

The Beatles – “Revolver” (1966)
Ouvi este disco pela primeira vez já no início dos anos 70, com muito atraso. Mesmo assim, foi um choque. Primeiro, porque ainda tinha na cabeça a adorável inconsequência das canções da primeira fase da banda; depois, porque foi este álbum que abriu a minha cabeça para uma visão ‘psicodélica’ que era despejada no rock. Sem contar as canções, todas insuperáveis.

Ouça “Tomorrow Never Knows”:

Pink Floyd – “The Dark Side Of The Moon” (1973)
Ainda hoje guardo na memória a sensação que tive ao ouvir este LP pela primeira vez, de ponta a ponta, sozinho em meu quarto, com as luzes apagadas – dica de um amigo meu mais velho que já conhecia o disco. Foi – e ainda – uma experiência difícil de traduzir em palavras. Foi a primeira vez em que tive a sensação de deixar minha adolescência pra trás e entrar em um universo adulto, repleto de incertezas e indecisões. Que viagem!

Ouça “Breathe”:

Vários – “A Revista Pop Apresenta O Punk Rock” (1977)
Esta coletânea, lançada pela extinta Revista POP, em 1977, foi a porta de entrada pra mim e pra milhares de roqueiros no Brasil pro universo do então emergente punk rock. Ramones, Sex Pistols, Ultravox, The Jam, Runaways, Eddie And The Hot Rods… Tudo ali era uma novidade tão grande que não dava pra assimilar tudo logo de cara. Todas as noções de como deveria soar uma canção foram derretidas de maneira acachapante. Foi um LP que mudou – de novo! – a minha vida…

Ouça “God Save The Queen” (por Sex Pistols):

Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Leandro Leal”.

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Comentários

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10 comentários

  1. Certamente o som de “Black Sabbath” é amedrontador mas é algo incrivelmente bom, o som pesado do Tony é incomparável e os gritos de “medo” do Ozzy é simplesmente incrível e a lista está perfeita, muito boa mesmo.

  2. Só uma coisa nesse seu texto os xiitas não são 100% fundamentalistas. Procure se informar mais sobre nós antes de escrever algo desse tipo seu ocidental imbecil.

  3. Bacana, Dark side, Selling England estão também entre os discos da minha vida.

    No sabbath o que entrou foi por Vol4 e Deep Purple por Fireball.

  4. Mohamed, volta pro deserto, seu estuprador de cabras do inferno! Tira a toalha da cabeça pra oxigenar o cérebro (se é que sua raça maldita tem um).

  5. Cara achar que Black Sabbath, Selling England By The Pound, Dark side of the moon, Tommy, lista coxa e pobre, só pode no máximo ser um indeota modinha metido a repetir tudo que uma revista bajuladora teen diz, como lei marcial.

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