OS DISCOS DA VIDA: THE ARCTIC FLOW

The Arctic Flow é basicamente a banda-de-um-homem-só idealizada e tocada em frente por Brian Hancheck, um estadunidense que mora na Carolina do Sul, em Myrtle Beach, com a praia ali, nas redondezas. Não é um local etéreo, frio, gélido, nublado.

Bem, quem acha que o estereótipo praia-violão-pé-na-areia ou reggae se aplicaria a ele, está enganado. Além do mais, ele já é pai de dois filhos, hiper cuidadoso com a família, um paizão, como se diz por aí. Isso tudo influencia na música dele.

Porque o Arctic Flow é uma extensão da vida dele. Faz um dream pop improvável pro cenário apresentado, mas tão bonito e singelo quanto o do The Durutti Column (que é a referência que eu mais gosto de aplicar ao Arctic Flow), esse sim vivendo num local – e um estilo de vida – com características inspiradoras ao tipo de música.

Hancheck, por sua vez, é só um cara que gosta de ligar a guitarra de desabafar as coisas que precisa dizer. Sua vida parece simples: família, trabalho, religião, música. Sua música é simples.

Ou, por outra, sua música é singela e bela, construída com nem tanta simplicidade assim. É influenciada por camadas e camadas de texturas de guitarras e vocais sussurrados. Essa edição de “Os Discos Da Vida” mostra os dez discos que mais influenciaram Hancheck e aponta que não havia outro caminho a seguir.

O Floga-se acompanha a carreira dele desde o início, quase dez anos atrás. Desde então, é um dos preferidos da casa (se você não quiser dar um “procurar” aqui no site, pode ouvir quase tudo aqui).

BRIAN HANCHECK

Starflyer 59 – “Silver” (1994)
Absorvi todas as nuances deste álbum… Todas as notas de feedback, cada uma das dezenas de camadas de guitarra, os vocais sussurrantes. Este álbum me apresentou às notas principais. Os mais influentes trinta minutos da minha vida!

Ouça “Blue Collar Love”:

New Order – “Substance” (1987)
Ouvi “True Faith” antes de jamais sequer conhecer muito sobre o New Order. Meu primo tinha o cassete desse disco e mostrou pra mim num acampamento que fizemos. Em algum lugar, nas montanhas da Carolina do Norte, com o sol nascendo, eu cochilando no bando de trás do carro, quando ouvi “The Perfect Kiss” pela primeira vez. Toda faixa desse disco é um clássico. Só fui saber mais tarde que estes eram todos os singles.

Ouça “The Perfect Kiss”:

The Cure – “Disintegration” (1989)
Tinha só doze anos quando este disco foi lançado. Nunca havia ouvido nada do The Cure antes, exceto “Fascination Street” e eu fiquei impressionado com a música e o visual da banda. É realmente um disco pesado pra se ter aos doze anos de idade, tentando descobrir quem eu era. Lembro de muitas noites ouvindo seguidas e seguidas vezes “The Same Deep Water As You” e ficar hipnotizado por ela. Minha visão de mundo pelos próximos cinco anos, pelo menos, foi moldada pelo The Cure.

cure-disintegration

Ouça “The Same Deep Water As You”:

My Bloody Valentine – “Loveless” (1991)
Só fui descobrir esse disco em 1995, quatro anos depois do lançamento, e não era considerado um clássico ainda. Ainda era bem difícil achá-lo aqui no Sul (dos Esteites). O que eu de fato amei nesse disco são as melodias. Há algumas lindas melodias e elas se tornam ainda mais bonitas conforme você vai cavando por baixo de todo o noise. “Sometimes” ainda é uma canção perfeita. Ela foi a inspiração pra “Dream Vanishing”, do nosso “Starflow Lightning” EP (2011).

Ouça “Sometimes”:

Cocteau Twins – “Heaven Or Las Vegas” (1990)
The Cocteau Twins é uma das bandas que me apresentaram ao delay e ao reverb e ao etéreo. As canções da banda sempre soam deliciosas no escuro, só com uma suave luz de velas. Ainda sou influenciado pelos tons de guitarra e texturas deste álbum, além das canções serem todas fabulosas. Muitos do meu estilo de guitarra foi influenciado pelo Cocteau Twins, especialmente a forma como Robyn usa as notas básicas.

Ouça “Heaven Or Las Vegas”:

Slowdive – “Just For A Day” (1991)
Duas das canções deste disco tocaram no meu casamento. Uma baita atmosfera. Eu realmente amo as harmonias e as texturas das guitarras. Há um momento em “Catch The Breeze” onde, no fim, soa como se você estivessen sendo sugado pros auto-falantes e levado a um mundo de sonhos. Lembro de uma caminhada que fiz a uma grande loja de discos. Estava numa missão de descobrir música nova. Tinha minha lista sabia exatamente o que estava procurando. Duzentos dólares mais tarde saí da loja com discos do Ride, The Cocteau Twins, My Bloody Valentine, A.R. Kane e este do Slowdive.

Ouça: “Catch The Breeze”:

The Beach Boys – “Pet Sounds” (1966)
O maior disco de todos os tempos! Não estou certo o que pode ser dito sobre este álbum que já não tenha sido dito. A primeira vez que ouvi “Pet Sounds” foi em 1995. Meu irmão me deu de presente de formatura. Não ouvi por anos. É um dos discos mais difíceis de ouvir. “Caroline No” me destroi todas vez. Minha faixa favorita é provavelmente “That’s Not Me”

Ouça “That’s Not Me”:

The Smiths – “Meat Is Murder” (1985)
Minha banda preferida de todos os tempos. Palavras não conseguem descreve o quanto os Smiths significam pra mim.

Ouça “That Joke Isn’t Funny Anymore”:

Joy Electric – “Melody” (1994)
Um álbum bem peculiar de uma banda criminosamente ignorada. Joy Electric era do sul da Califórnia e criou um pop 100% com sintetizador. Debaixo de todo o ruído eletrônico tem a linda voz de Ronnie Martin e melodias pop atemporais. “The Girl From Rosewood Lane” vai partir seu coração cada vez que ouvi-la. The Drums têm apontado a banda como uma da suas influências, mas eu ouvi antes.

Ouça “The Girl From Rosewood Lane”:

The Julies – “Lovelife” (1995)
Queria ainda ter esse disco. Apenas seis canções, mas cada uma delas é um clássico. Imagine o The Cure sendo liderado por Tim Booth, do James, e você tem uma ideia da mágica que é o The Julies.

Ouça “Friday And Faithless”:

Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Duelectrum”.

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