Os cariocas do The John Candy lançaram em 2012 o belo disco “Dreamscape”. Pra quem gosta de Teenage Fanclub, é um prato cheio – mas não se trata de uma “mera imitação barata” do que “se faz lá fora”.
O quarteto coloca um toque seu que, melhor ainda, é algo que não se identifica de cara. Normalmente, numa situação dessa, quando se vê ligado na música, o que se faz? Pergunta-se pro artista de onde vem aquele “algo mais”.
No caso da The John Candy, esse algo mais é uma mistura de coisas parecidas, ligadas ao indiepop doce do Teenage Fanclub, que flutuam ao redor, e que são igualmente recomendáveis.
Nessa edição de “Os Discos Da Vida”, os cariocas completam essa “lacuna”, listando os álbuns que mudaram de alguma forma o modo que eles enxergam a vida e que os levaram a fazer música.
E repare no detalhe interessante: os gostos dos quatro são bem parecidos, chegando a ter umas intersecções. Isso parece óbvio, mas em várias edições de “Os Discos Da Vida” com bandas como protagonistas, o fato se mostrou, digamos, bem raro.
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VINÍCIUS LEAL (guitarra e vocal)
Dinosaur Jr. – “Bug” (1988)
Eu tinta uns quatorze anos quando ouvi “Freak Scene” pela primeira vez. Só andava de skate o dia inteiro ouvindo punk rock. Quando ouvi aquilo, fiquei maluco e disse: “é isso!”.
Ouça “Freak Scene”:
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Sigur Rós – “Takk” (2005)
Porque não existe banda nesse mundo como o Sigur Rós. Escolho esse álbum porque é basicamente dele a tour do filme “Heima” (documentário, ISL, 2007, direção: Dean DeBlois), que já assisti umas oitenta e quatro vezes e sempre emociona.
Ouça “Glósóli”:
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Yo La Tengo – “I Can Hear The Heart Beating As One” (1997)
Que disco é esse? Quando esse disco saiu, a gente não conseguia parar de ouvir, não dava pra escutar outra coisa, desespero! Lembro que nas festas da época – e até hoje – a gente ouvia quase por inteiro, cada um tocava uma faixa. Não sei como o meu ainda está inteiro e não todo gasto.
Ouça “Shadow”:
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Galaxie 500 – “On Fire” (1989)
Foi quando eu conheci o Galaxie 500 e me apaixonei. Não saiu mais do meu coração.
Ouça “Tell Me”:
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The Cure – “The Head On The Door” (1985)
The Cure não pode faltar nessa lista. Eu tinha uns oito anos e foi a primeira banda que eu gostei na vida. Não ligava pra música, mas quando tocava The Cure eu pensava “pô, eu gosto disso!”.
Ouça “The Blood”:
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GUILHERME ALMEIDA (guitarra e vocal)
Teenage Fanclub – “A Catholic Education” (1990)
Quando descobri esse álbum, a felicidade foi plena, como poucas vezes se repetiu depois. Não adianta argumentar que os posteriores são mais bem acabados etc. Isso em mim não muda nada: esse disco faz parte de minha educação e acho que me cativou justamente pelo big muff sujo e gravíssimo encontrando a melodia de “Every Picture I Paint”, numa gravação de qualidade bem suspeita.
Ouça “Every Picture I Paint”:
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The Smiths – “Meat Is Murder” (1985)
Um clássico do janglepop-para-as-massas que me ensinou algo simples: ao menos na hora de compor, a guitarra deve estar limpa e o coração, aberto. Os quatro minutos de “Well I Wonder” foram messiânicos durante quatro anos de minha vida.
Ouça: “Weel I Wonder”:
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Yo La Tengo – “I Can Hear The Heart Beating As One” (1997)
Trilha sonora da travessia Paquetá-Rio em fim dos anos 90. O baixo torto de “Shadows”, a voz soterrada em “Deeper Into Movies”, a bossa fake de teclado em “Center Of Gravity”… É como se tivessem reunido em um mesmo disco minhas pequenas taras musicais.
Ouça “Center Of Gravity”:
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Mojave 3 – “Ask Me Tomorrow” (1995)
Tornando suportável as ressacas de domingo nos anos 90 como nenhum outro álbum: “Sarah, I can’t see… Your hair has grown too long”.
Ouça “Sarah”:
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Coletânea Sarah Records – “There and Back Again Lane” (1995)
Falando em Sarah, dentre outras coisas, o canto do cisne da Sarah Records trouxe minha canção preferida lançada pelo mítico selo: “Inside Out”, do Brighter. É uma influência inegável.
Ouça “Inside Out”:
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GUSTAVO COCKELL (baixo)
Sonic Youth – “Dirty” (1992)
Primeiro álbum inteiro que ouvi do Sonic Youth. E de brinde a faixa “Youth Against Fascism” ainda conta com uma participação do Ian MacKaye (Minor Threat, Fugazi) na guitarra.
Ouça “Youth Against Fascism”:
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Teenage Fanclub – “Bandwagonesque” (1991)
Também foi o primeiro álbum que ouvi dessa banda, que se tornou uma das minhas preferidas. Nesse disco, já dá pra perceber que a tendência da banda é valorizar mais as melodias, mas ainda tem uma pegada pesada nas distorções.
Ouça: “Guiding Star”:
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Galaxie 500 – “On Fire” (1989)
Tinha esse em k7. Um dos poucos discos que fiz questão de comprar recentemente. Acho que nem preciso falar mais nada.
Ouça “Snowstorm”:
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Beat Happening – “Jamboree” (1988)
Genial. A prova de que ninguém precisa ser virtuoso pra fazer música boa. E o Calvin Johnson faz as melhores.
Ouça “Drive Car Girl”:
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The Clash – “London Calling” (1979)
“A única banda que importa”. E esse disco tem ska, rockabilly, punk… É 80% da minha formação, musical e de caráter, num único álbum, e tudo com contexto. É aquele tipo de disco que você houve uma música e já espera pela próxima.
Ouça “Four Horsemen”:
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JOAB REGIS (bateria)
(Nota do Editor: Joab indicou apenas quatro discos)
At The Drive in – “In/Casino/Out” (1988)
O poder.
Ouça: “Pickpocket”:
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Chavez – “Ride The Father” (1996)
Pra sair de casa e arrumar pelo menos um tumulto.
Ouça “Top Pocket Man”:
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Built To Spill – “Perfect From Now On” (1997)
Esse disco me curou de várias doenças.
Ouça “Made Up Dreams”:
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Mos Def & Talib Kweli – “Mos Def & Talib Kweli Are Black Star” (1988)
Afinal nóis é correria também.
Ouça “Definition”:
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Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Chico Dub”.
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