Em recente entrevista pro Deepbeep (de onde furtei descaradamente a foto que abre este post – foto de autoria de Ana Shiokawa), Thiago Ney disse: “comecei a trabalhar com jornalismo em 1997, no extinto Notícias Populares, onde fiquei até 2000. Em 2001 entrei na Ilustrada, da Folha de S.Paulo, e ali passei a escrever sobre cultura pop, principalmente música. Hoje sou editor de Cultura do iG e escrevo um blog sobre coisas que estou curtindo, coisa de música, cinema, fotografia”.
Basicamente é o que você precisaria saber do currículo desse jornalista da “nova geração”, que, ao contrário de uma leva anterior, aquela criada ao sabor das polêmicas da Bizz, é bem mais flexível em termos de percepção e diálogo musical. Ele está mais aberto a novidades, você poderia dizer, ao acompanhar seu delicioso blogue no Portal IG, o “Playlist”.
Não que seja melhor ou pior do que seus pares, não se trata disso, mas essa amplitude de visão o coloca em destaque na “grande imprensa”, apresentando novos nomes a novos leitores, algo louvável que poucos espaços na mídia de massa se dispõem e fazer.
O que a boa entrevista citada não mostra é como se formou a base musical de Thiago Ney, que moldou seu gosto e suas preferências. Aqui, nesta edição de “Os Discos Da Vida”, ele lista os dez discos que de alguma maneira construíram sua formação musical.
É uma lista bacana, como é o “Playlist”.
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THIAGO NEY
Chico Buarque, Nara Leão, Miúcha e outros – “Os Saltimbancos” (1977)
Um clássico, traz faixas adaptadas pelo Chico Buarque. É a primeira lembrança de música que tenho.
Ouça “História De Uma Gata”:
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Supertramp – “The Autobiography Of Supertramp” (1986)
Devo ter ouvido uma música no rádio e, então, fui atrás. Foi (acho) o primeiro disco que comprei com meu dinheiro e provavelmente o disco que me fez gostar de música pop.
Ouça “The Logical Song”:
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Legião Urbana – “Dois” (1986)
Comprei e virei fã da banda por anos. Voltei a ouvi-lo neste ano, por causa dos filmes do Renato Russo e da Legião. Algumas músicas, como “Andrea Doria”, envelheceram muito bem.
Ouça “Andrea Doria”:
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Nirvana – “Nevermind” (1991)
Lembro até hoje a primeira vez que ouvi Nirvana. Foi, claro, “Smells Like Teen Spirit”, em uma rádio. Minha cabeça virou do avesso. Não imaginava, até ali, que a música pudesse concentrar tanta energia e fúria.
Ouça “Smells Like Teen Spirit”:
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U2 – “Achtung Baby” (1991)
Único disco do U2 que ainda dá para ouvir por inteiro, que não soa datado nem enfadonho. Me fez abrir os olhos para além do rock.
Ouça “Who’s Gonna Ride Your Wild Horses”:
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Oasis – “Definitely Maybe” (1994)
Depois de ouvir esse disco fui atrás de tudo o que havia sobre a banda. Comprei todos os singles lançados até o quarto disco da banda, viajei para Nova York em 1996 só para ver um show deles. “Rock and Roll Star” ainda é uma das melhores músicas de todos os tempos.
Ouça “Rock And Roll Star”:
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Chemical Brothers – “Dig Your Own Hole” (1997)
Teve em mim quase o mesmo efeito de “Nevermind”. Não tinha ouvido quase nada de música eletrônica, e esse disco acendeu uma luz.
Ouça: “Block Rockin’ Beats”:
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The Roots – “How I Got Over” (2010)
Este disco é um espetáculo. Bonito, triste, alegre. Mostra como o rap pode ser complexo. Um caso raro de disco que funciona como um todo, mas que ainda assim com cada faixa transmitindo um brilho próprio.
Ouça “How I Got Over”:
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New Order – “Low-Life” (1985)
New Order é a melhor banda de todos os tempos. Uma banda que não é perfeita, nunca lançou um disco totalmente perfeito – mas são justamente essas imperfeições que trazem a banda mais para perto da gente.
Ouça “Open Up the Gate”:
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The La’s – “The La’s” (1990)
Melhor disco já feito por alguém saído de Liverpool.
Ouça “There She Goes”:
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Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Bernardo Oliveira”.
[…] Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Thiago Ney”. […]