“Disco de Ouro”, “Disco de Platina”, multi-platinado… Os termos são bem conhecidos entre os apreciadores de música, mas pouca gente sabe exatamente como são feitos os certificados de vendas de discos.
Os certificados são creditados aos maiores vendedores de discos desde 1958, graças à Recording Industry Association Of America (RIAA), entidade organizada pela própria indústria da música, sediada em Washington, nos Esteites. A associação representa gravadoras e distribuidoras no território norte-americano.
De acordo com o próprio site da RIAA, “seus membros compõem a indústria fonográfica (…) e quase 85% de todas as músicas gravadas, produzidas e vendidas nos Estados Unidos são criadas, fabricadas ou distribuídas pelos membros da RIAA (…), que trabalha pra proteger a propriedade intelectual e os direitos de artistas e gravadoras; conduzir pesquisas de consumidor, indústria e técnica; e monitorar e rever as leis, regulamentos e políticas estaduais e federais. A RIAA também certifica os prêmios de vendas (…)”.
Em outras palavras, a RIAA é a indústria musical daquele país. Há outras associações, mas nada se compara à força da RIAA em lobby pra criar leis, mudá-las, forçar o governo a atuar no combate à pirataria e a favor de qualquer interesse comercial de seus membros – entre eles, simplesmente as três gigantes mundiais Sony Music Entertainment, Universal Music Group e Warner Music Group, suas subsidiárias, como a Atlantic, Capitol, BMG, RCA, e uma lista de mil e seiscentos membros que inclui muito selo que você conhece, é só clicar aqui e ver.
A associação nasceu em 1952. Entretanto, somente seis anos depois os certificados foram criados, no intuito de estabelecer um padrão comercial mínimo que identificasse o sucesso de qualquer produto no mercado da música. O programa inicia com o “Disco de Ouro” e formaliza a prática da indústria de premiar artistas com placas que comemoram seus sucessos de vendas.
O primeiro “Disco de Ouro” foi pra “Catch A Falling Star”, de Perry Como, lançado pela RCA em 14 de março de 1958, quando a contabilidade era bem distante da precisão de hoje. Mesmo assim foi possível chegar à contagem de meio milhão de cópias vendidas em território estadunidense.
Já o primeiro disco a ganhar um “Disco de Ouro” foi “Oklahoma!”, de Gordon Macrae, lançado pela Capitol em 8 de julho de 1958. O disco continuou sendo um fenômeno nas décadas seguintes, conquistando o “Disco de Platina” e duas vezes o “Multi-Platina”, em 1992.
Hoje, são quatro certificados pro território local: “Gold”, instituído em 1958, pra discos que vendem quinhentas mil cópias; “Platinum”, criado em 1976, pra obras que atingem a marca de um milhão de cópias vendidas; “Multi-Platinum”, criado em 1984, dado a partir de dois milhões de cópias vendidas depois do primeiro milhão (dois milhões, três milhões, quatro milhões etc.); e, finalmente, “Diamond”, o último certificado criado, já em 1999, pra qualquer número acima de dez milhões em vendas.
Mais recentemente, por conta dos avanços tecnológicos, a RIAA teve que se adaptar ao mundo digital e on-demand, por isso instituiu que pros singles a conta inclui downloads e execuções on-demand. Essas execuções on-demand são contadas numa matemática simples: cada cento e cinquenta execuções equivalem a um venda digital (download oficial), desde que ocorridas em plataformas reconhecidas pela RIAA (não são poucos esses serviços, como você pode ver clicando aqui). Os certificados de singles são os mesmos de álbuns, descritos acima, exceto que não há a certificação “Diamond”.
A contabilidade pra álbum ou EP físicos e digitais é a seguinte: conta as vendas de álbuns, vendas de músicas e execuções de áudio ou vídeo sob demanda na relação de mil e quinhentas execuções = dez vendas de faixa = uma venda de álbum.
A RIAA conta como EP uma obra que tenha até trinta minutos de duração. Um álbum-cheio está acima disso. Discos não-simples (duplos ou triplos) devem ter no mínimo cem minutos de música. Já vídeo-singles são contabilizados aqueles que têm no máximo quinze minutos.
Até ringtones entraram na onda, mas eles têm certificados apenas “Gold”, pra meio milhão de unidades vendidas (ou baixadas).
Há ainda um outro tipo de certificado, pro mercado latino, de extrema importância nos Esteites, apenas pra aquelas obras que contenham pelo menos 50% dela em língua espanhola. Entretanto, os certificados exigem menos robustez comercial: “Oro”, trinta mil cópias; “Platino”, sessenta mil; “Multi-Platino”, cento e vinte mil (de incremento, a partir dos primeiros sessenta mil); e “Diamante”, pra seiscentas mil cópias. Todos os certificados foram criados em 2011.
Em 2013, a RIAA incluiu também os singles latinos: trinta mil cópias baixadas ou executadas on-demand valem o certificado “Oro”.
Há outras certificadoras mundo afora. Na Europa, quem toma frente no processo é a IFPI, que tem sede na Suíça, e atua em cinquenta e seis países. Os certificados variam de país a país. Por exemplo, o “Gold” da IFPI Chile é pra sete mil e quinhentas cópias vendidas. Já a IFPI Finlândia certifica “Gold” com dez mil cópias vendidas.
Há outras associações certificadoras conhecidas. A inglesa é a British Phonographic Industry (BFI), que certifica a partir do “Silver”, com sessenta mil (álbuns vendidos) e duzentos mil (singles vendidos); passando pelo “Gold”, com cem mil (álbuns) e quatrocentos mil (singles); “Platinum”, trezentos mil (álbuns) e seiscentos mil (singles); e “Multi-Platinum”, múltiplos de trezentos mil (álbuns) e múltiplos de seiscentos mil (singles).
A japonesa Recording Industry Association of Japan (RIAJ) é outra associação de grande envergadura, começando com o “Ouro” (cem mil cópias), passando pelo “Platina” (duzentas e cinquenta mil), “Platina Dupla” (quinhentas mil cópias), “Platina Tripla” (setecentas e cinquenta mil) e finalizando com o “Milhão” (um milhão de cópias).
No Brasil, os certificados são estabelecidos pela Pró-Música Brasil (PMB), que é o novo nome da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD). A associação fica no Rio de Janeiro e foi fundada em 1958. Tem filiação direta à IFPI (vá aqui ao site oficial).
Atualmente, as certificações são: “Ouro” (quarenta mil álbuns nacionais, vinte mil álbuns internacionais), “Platina” (oitenta mil álbuns nacionais, quarenta mil álbuns internacionais), “Platina Duplo” (cento e sessenta mil nacionais, oitenta mil internacionais), “Platina Triplo” (duzentos e quarenta mil nacionais, cento e vinte mil internacionais), e “Diamante” (trezentos mil nacionais, cento e sessenta mil internacionais). Há ainda certificação pra ringtones: “Ouro” (cinquenta mil), “Platina” (cem mil) e “Diamante” (quinhentas mil cópias baixadas).
Há apenas duas obras que conseguiram o certificado “Diamante Sêxtuplo” (o mais alto em atividade, com novecentas e sessenta mil cópias vendidas): o single “Despacito”, de Luis Fonsi; e o DVD “Live At The Royal Albert Hall”, de Adele (DVD são setecentas e cinquenta mil cópias). O DVD “MTV Ao Vivo – Ivete Sangalo”, de 2008, é o produto nacional com o maior certificado, “Diamante Quíntuplo”, com um milhão, duzentas e cinquenta mil cópias. Já o CD nacional com maior certificação é o “Ágape Musical”, do Padre Marcelo Rossi, de 2011, que conseguiu o “Diamante Quádruplo” por vender um milhão e duzentas mil unidades.
Além da certificação, todas as associações geram dados, muitos dados – vendas, streaming, execução em mídia, fazem uma análise detalhada do mercado (a do Brasil, em 2018, você pode ler aqui) e oferecem uma ideia do que realmente está fazendo sucesso (o relatório mensal de streaming no Brasil é uma fonte inesgotável de descobertas populares).
A indústria é despudorada pra reconhecer seus filiados e artistas: não importa se a obra vendida é original ou não – muitos discos certificados são coletâneas de “best of”. O que importa é sublinhar os feitos. É o caso do ultra-reconhecido Elvis Presley. Ele teve cento e oitenta e quatro obras certificadas, entre singles, coletâneas, EPs e álbuns, com cento e dezessete “Gold”, sessenta e sete “Platinum” e dezenas de “Multi-Plantinum” (apenas um “Diamond”).
Os Beatles conseguiram da RIAA oitenta e três obras certificadas, quarenta e oito “Gold”, quarenta e dois “Platinum”, vinte e seis “Multi-Platinum”, seis “Diamond” e mais de duzentas e treze milhões de cópias vendidas. Michael Jackson teve sessenta e cinco obras certificadas, sendo dois “Diamond” e cento e quarenta e cinco milhões de cópias comercializadas. O artista com mais “Diamond” é Garth Brooks, com sete.
Apenas doze álbuns conseguiram a proeza de vender mais de vinte milhões de cópias. O disco mais vendido (e certificado) da história é “Eagles/Their Greatest Hits 1971 – 1975”, da Rhino, com trinta e oito milhões de cópias, só nos Esteites. A lista completa dos discos mais vendidos da história, até junho de 2019, você encontra aqui:
01. “Eagles/Their Greatest Hits 1971 – 1975” – Eagles (38 milhões)
02. “Thriller” – Michael Jackson (33 milhões)
03. “Hotel California” – Eagles (26 milhões)
04. “The Beatles” – The Beatles (24 milhões)
05. “Greatest Hits Volume I & Volume II” – Billy Joel (23 milhões)
06. “Led Zeppelin IV” – Led Zeppelin (23 milhões)
07. “The Wall” – Pink Floyd (23 milhões)
08. “Back In Black” – AC/DC (22 milhões)
09. “Double Live” – Garth Brooks (21 milhões)
10. “Cracked Rear View” – Hootie & The Blowfish (21 milhões)
11. “Rumours” – Fleetwood Mac (20 milhões)
12. “Come On Over” – Shania Twain (20 milhões)
13. “Appetite For Destruction” – Guns N’ Roses (18 milhões)
14. “The Bodyguard Soundtrack” – Whitney Houston (18 milhões)
15. “Boston” – Boston (17 milhões)
16. “Greatest Hits” – Elton John (17 milhões)
17. “No Fences” – Garth Brooks (17 milhões)
18. “The Beatles 1967-1970” – The Beatles (17 milhões)
19. “Jagged Little Pill” – Alanis Morissette (16 milhões)
20. “Saturday Night Fever Soundtrack” – Bee Gees (16 milhões)
Os artistas que mais venderam cópias de álbuns (não incluem singles), até junho de 2019, são esses:
01. The Beatles (183 milhões de cópias)
02. Garth Brooks (148)
03. Elvis Presley (146.5)
04. Eagles (120)
05. Led Zeppelin (111.5)
06. Billy Joel (84.5)
07. Michael Jackson (84)
08. Elton John (78.5)
09. Pink Floyd (75)
10. AC/DC (72)
11. George Strait (69)
12. Barbra Streisand (68.5)
13. The Rolling Stones (66.5)
14. Aerosmith (66.5)
15. Bruce Springsteen (65.5)
16. Madonna (64.5)
17. Mariah Carey (64)
18. Metallica (63)
19. Whitney Houston (58.5)
20. Van Halen (56.5)
Os nomes que mais venderam singles digitalmente, até junho de 2019, são esses:
01. Drake (154 milhões de unidades)
02. Rihanna (125)
03. Taylor Swift (120)
04. Eminem (107.5)
05. Katy Perry (99)
06. Justin Bieber (69.5)
07. Bruno Mars (69.5)
08. Kanye West (68.5)
09. Maroon 5 (67)
10. Ed Sheeran (63.5)
11. Lady Gaga (61)
12. The Weeknd (52)
13. Post Malone (51)
14. Chris Brown (51)
15. Flo Rida (49.5)
16. Luke Bryan (49)
17. Michael Jackson (42)
18. Kendrick Lamar (41)
19. Florida Georgia Line (39)
20. Twenty One Pilots (37.5)