É curioso como algumas pessoas trabalham melhor sozinhas. Christian Camilo é um desses. Um dos compositores da Instiga, banda de Campinas que lançou três discos até 2009 e conseguiu certa relevância, Camilo está por conta própria, por ora. E, acredite, está melhor.
“Em 2011, montei uma nova banda em Campinas, chamada Fiz no Cometa. Este grupo conta com compositores de diversas outras bandas e projetos de Campinas. Lançamos no segundo semestre do ano passado o nosso primeiro EP, batizado de ‘Sobre Nossa Última Viagem Ao Espaço”, conta. Mas o Christian Camilo que você precisa ouvir é esse: enigmático, experimentador, lo-fi, curioso, sem muitas pretensões – porque na falta de pretensão é que se encontra o caminho da ousadia.
“Comecei a produzir minhas músicas em casa, no fim de 2011. Gostei da experiência de compor a música ‘Nós, Viva’. Foi a primeira. Desde então venho melhorando a gravação e a produção. Claro que é tudo lo-fi. Não estou com a mesma mentalidade que tinha quando tocava com o Instiga”, diz.
De fato, de “Nós, Viva” pra essa “Tóquio, 100Km” há uma distância inacreditável de qualidade experimental. Instrumentos sobrepostos em andamentos diferentes, letra mais poética, introspecção, distorção… No meio, um bom exemplo, é “Na Floresta Se Escondem Os Guitarristas”, lançada em 15 de março de 2012.
Aliás, tô pra falar de Christian Camilo há muito. Mas esperava um disco ou EP que não virá tão cedo. Segundo ele, “a experiência termina quando posto a música na Internet e divido com os amigos e colegas. Não penso em turnê, nem em show. Depois de postar, já penso em qual música vou começar a produzir. É um ciclo que considero bem concreto e produtivo. Não espero nada além de curtir a experiência de gravar e de dividir a música com as pessoas próximas! O que vier… Podemos chamar de ‘lucro’ inesperado”.
São “singles eternos”, como ele gosta de dizer, um após o outro. Acompanhe quem quiser, quem conseguir, quem gostar. Liberdade total de criação, sem amarras. “Tóquio, 100Km” pode ser o ponto dessa trajetória em que o artista tenha encontrado definitivamente seu próprio ponto de equilíbrio. Se melhorar a partir daí, também é “lucro inesperado”, mas pro ouvinte.
Até hoje, nesse processo, foram oito músicas lançadas no Bandcamp do artista. Vale ouvir todas.
A inspiração é interessante, como ele mesmo conta: “tenho noção de que musicalmente várias coisas podem estar soando fora do lugar em diversas músicas… Mas conheço muita gente inspirada que sabe que isso deixa a música mais viva. Debussy por exemplo (Claude, francês). Tenho o Skip Spence como grande referência. Pra mim, ele é foda demais. Essa música especialmente, a ‘Tóquio…’, eu fiz toda a mixagem pensando nas músicas dele. Naquela mixagem vintage. Várias vezes quando estou compondo penso nele. E, pra mim, ele é um cara que claramente não tinha ‘mapa’. Não sei se porque estava louco ou não, mas ele é inspirado”.
Todas as canções de Christian Camilo estão disponíveis pra download gratuito. É uma experiência que também depende do ouvinte.
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[…] Agora ele assume sua personalidade solo e faz experimentações em seu homestudio. A história tá lá no Floga-se. Acima, a última faixa lançada por ele, Tóquio, […]
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[…] pareça óbvia a escolha de uma moça com traços orientais pra ilustrar o vídeo de “Tóquio, 100km”, a solução encontrada por Christian Camilo pro clipe da canção é bem […]