Levantou uma boa discussão o show que o Low fez no Rock The Garden, em Minnesotta, esteites, no dia 15 de junho de 2013. A escalação dava ao público uma amostra de que a diversão seria garantida, com uma boa dose de noventismo: Dan Deacon, Low, Bob Mould, Silversun Pickups e Metric.
A plateia estava empolgada. Dan Deacon subiu ao palco assim que a chuva parou (ou a chuva parou assim que ele subiu ao palco), tocou quatro músicas e transformou a plateia numa grande “festa junina”, pedindo pra todos unirem as mãos num enorme túnel humano e fazer as pessoas passarem por baixo. É sério. O pessoal estranhou, mas entrou na brincadeira – sempre entra. Depois a chuva ficou indo e voltando.
Nessa hora, o público do Silversun Pickups e do Metric já estava na audiência. Tinha pro Bob Mould também, um pessoal mais velho. Era a maior plateia da carreira do Low. Mas todos se misturavam numa massa homogênea, que ficaria ainda mais homogênea quando o Low subiu ao palco, numa mesma manifestação… de espanto.
A banda tinha trinta minutos pra tocar. Tocou por vinte e oito minutos. O setlist? Uma música. Uma única música, “Do You Know How To Waltz?”, do seu terceiro disco, “The Curtain Hits The Cast”, de 1996. Originalmente, a canção tem quatorze minutos e meio. Mas, no Rock The Garden, o Low resolveu esticá-la ao máximo do tempo que tinha no palco, oferecendo ao público, segundo a Current, rádio pública local, “uma parede interminável de ruídos”.
O resultado foram resmungos, vaias e irritação na turba, que se sentiu “enganada”. Vale lembrar que o Low jogava em casa, é de Minnesotta.
Alan Sparhawk, líder do Low, defendeu a decisão do grupo, diante dos protestos de fãs e demais pagantes nas redes sociais: “era um grande show, então queríamos fazer algo grande e diferente. Seu eu estivesse na plateia, esse era o tipo de coisa que eu gostaria de ver uma banda fazer”. Ao final da apresentação, Sparhawk foi ao microfone e disse, com certo furor: “drone, not drones”, defendendo-se de ataques vindo de todos os lados (drones são aqueles polêmicos aviõeszinhos usados em guerras e que volta e meia jogam bombas em pessoas inocentes).
A questão que se levantou era se a banda tinha o direito de tocar o que bem entendesse ou se tinha que tocar seus hits, ou se deveria entregar um set mais amigável. O argumento do público é o de sempre: “eu paguei pra ver isso?”, mas com uma montanha de palavrões e nenhuma educação (veja nos comentários desta matéria). O que a banda deve ao público, afinal de contas?
A organização se dividiu. A rádio, que transmitia o espetáculo ao vivo e era organizadora do evento, detectou uma queda drástica de audiência durante o show. A imprensa ficou embasbacada. Brian Aubert, do Silversun Pickups, com os olhos brilhantes de euforia, definiu a banda e o show como “insanos”. No Twitter, uma saraivada de críticas.
Você pode ver o set inteiro e tentar entender quem tem razão nessa:
O Floga-se acha que a banda tem total direito de fazer o que quiser em cima do palco. Deixar-se guiar pelas aspirações do público depende de cada banda. Se ela quiser agradar, depende dela. A carreira é dela. Se a decisão for pelo choque, pelo conflito, quem sofrerá as consequências será a própria banda. Mas nas artes, o risco sempre foi um caminho pouco apreciado pelo público. Quem se aventura, deveria sempre ganhar reverências, embora nem sempre consiga, nem mesmo da crítica especializada. O Low se arriscou. Só agradou quem entendeu.
Se eles tivessem avacalhado com o show, como resultado de alguma indignação com a organização, ou algo que o valha, eu concordaria. O público não mereceria pagar neste cenário hipotético. Mas ouvindo o áudio é muito certo que não foi o caso. E ninguém ali no Low é moleque pra fazer algo do tipo, tiozinho e tiazinha do bem hahaha. Em um set curto tentaram colocar algo que eles não fazem normalmente, ainda mais tocando em casa, faz todo o sentido. A galera deveria se sentir especial por pegar uma raridade live. Não foi o caso.
“A galera deveria se sentir especial por pegar uma raridade live”: belo ponto.
Sinceramente estou com inveja de quem viu esses ruídos ao vivo. Que treco lindo…hehe
Desculpe meu Portugues…sou dos Estados Unidos, e foi a Rock the Garden.
Entrou na jardim durante a musica de Low, mas nao pensavamos que era musica. Eu pensei que un auto-falante quebrou o algo semelhante aconteceu. O som que Low fez nao foi musica. Foi um hipster tentando de fazer algo novo e falhando.
Também ia ficar feliz de ver esse show.