OUÇA: SINGLE PARENTS – STOP WAITING (FOR ME NOW) (VERSÃO IDOL-O-RAMA DO GUERRINHA)

“Antes de tudo, gostaria de dizer que o nascimento de uma faixa como essa se dá por motivos próprios da banda Single Parents, logo, não vou me glorificar por ter feito essa faixa pois nunca tinha passado pela minha cabeça fazer algo desse naipe”, se antecipa Gabriel Guerra.

O integrante do Dorgas foi chamado pra fazer uma versão pra “Stop Waiting (For Me Now)”, do primeiro disco do Single Parents, “Unrest”. Aceitou e fez. Mas o resultado final não é uma versão, é uma desconstrução, igualmente uma ousadia e uma reflexão.

Só não é uma crítica, longe disso, como Guerra mesmo explica: “ao lançar minha primeira série de deep house, “Finalzinho Chegando”, eu já sabia que meu publico seria basicamente um aglutinado de pessoas que tinham interesse no Dorgas e por isso, teriam em grande parte um afinco maior com o mercado do rock e suas zilhões de estéticas; fazer faixas de 12 minutos altamente repetitivas seria difícil e eu provavelmente seria criticado a partir de termos absolutamente consequentes do rock, como cultura e mercado dominante como ‘não-musical’, ‘sem alma’, ‘sintético’ etc”, diz, completando: “Portanto, pro meu método de produção altamente focado em não-musicalidade, fiz (e ainda faço) questão de estruturar com breaks que possam ser interessantes pro meu tal público (…). Mas por mais que ela não tenha cunho crítico, só engrossa a minha opinião de que remixar uma banda de rock não deve ser feito por elementos e sim por procuras históricas da banda em questão: o Single Parents gravou tudo ‘ao vivo’, é tudo ‘orgânico’, (então) tentar transformar isso em uma faixa de deep house seria um desrespeito às formações históricas do estilo, não que eu seja um tradicionalista, mas não acredito que questões sociais de certos estilos de música devam ser esquecidas mesmo com as deturpações econômicas que fuderam elas”.

Por fim, Guerra dá pistas do que fez: “chamar essa versão de ‘Idol-O-Rama’ se dá pelo simples fato de eu não ter usado quase nenhum sample da música original; por exemplo, a linha de baixo é retirada da musica ‘Dreams’ da banda Sebadoh presente no disco ‘Bakesale’, mesmo disco que contem a faixa ‘Skull’ que o Single Parents fez um cover meses antes“.

No final das contas, o que Guerra fez pode ser encarado como um manifesto ou como uma tiração de sarro com os indies, ao jeito dele. Porque sua versão trilha um caminho da não-versão, sem babação de ovo, mas com total respeito ao original, à criação primeira. O pessoal do Single Parents tem motivos pra se orgulhar dessa leitura de desconstrução.

Ouça como ficou:

E compare com a original:

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Comentários

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6 comentários

  1. não conheço o jovem, então não sabia o que ele queria dizer com “público”, fui no facebook e vi as nem 70 pessoas que curtem a página, aí eu entendi melhor – deve ter mais gente na sala de aula e família dele do que pessoas que conhecem a música que ele faz. aí percebi que o dia que o talento dele for condizente com o ego, talvez tenhamos algo razoável na produção musical brasileira.

  2. bem, candido yahz, acho que você não leu o texto direito, o meu “publico” contem essas 70 pessoas que curtem a pagina da série no facebook, e PIOR AINDA, grande parte são pessoas que curtem a minha banda (Dorgas, que se você procurar, tem 1155 likes, você deveria usar essa pagina como fonte da sua busca tambem), então partindo desse preceito, tem sim pouquissimas pessoas que conhecem essa série… o que não significa que isso não seja “publico”, mas se você considera “publico” os “likes” do Facebook ou que a palavra só pode ser usada quando assume um certo tipo de relevância quantitativa, então OK, você tem sérios problemas mentais.

    E “talento” por “talento” eu não tenho mesmo, eu só mexo em umas maquinas que fazem som e sai algo que eu gosto, nada de notas, nada de musicalidade, você pode fazer tambem, provavelmente você vai achar as suas produções melhores que as minhas. Se você vai viver nesse seu mundo de que somos abençoados ou desenvolvemos alguma espécie de dom então pense por você mesmo, eu prefiro ter meu ego do que usar palavras desse jargão.

  3. Como eu meço o público então? Eu teria vergonha de chamar uma quantidade pífia dessa de gente como público. Obviamente, se apenas uma pessoa já faz quórum, logo penso que a palavra por palavra não pode ser medida quantitativamente. Só que do jeito que você fala, meus perdões ein, mas nos tempos modernos você precisa de algum paramêtro para medir. Talvez por negar esses fatores tão óbvios você se dê ao luxo de fazer discursos como esse da matéria, como se tivesse em um palanque discursando para uma grande quantidade de ouvintes. Você vive na sua própria realidade alienante, e isso é um direito seu, apesar de eu não achar muito saudável. Mas não venha me ofender. O meu comentário diz respeito a um valor intangível que pode ser percebido de várias formas, no caso, “talento”. Não me cabe discutir se ele existe ou não com você, porque pra mim, ele existe e é algo que você não tem, não pra música. Mas tudo bem, eu também não tenho, e muita gente não tem. E todo mundo vive assim.

    Não achei a idéia do remix ruim, talvez um pouco preguiçosa, mas isso não vem ao caso. O seu texto, a sua explicação foi o que me fez ter uma aversão sem nem te conhecer. E agora com a sua réplica, tenho-a mais ainda.

    Provavelmente não escutarei a sua banda e nem mais nenhum “trabalho com máquinas que fazem som e você gosta das notas”, por causa dessa sua respostinha mal-criada. Mas tudo bem, né? Você não precisa de mim. Tem o seu público e os 1150 e tantos likes, como você mesmo disse. Apesar de depois ter dito que isso não importa em nada.

    Se você vai viver nesse seu mundo de que não podemos ter a nossa própria opinião e liberdade de comentar ou o próprio “artista” cai matando em cima… então é, meu jovem. Precisa levar umas boas palmadas pra aprender a ser gente antes de falar que eu devo ter problemas mentais. Eu prefiro ter a minha opinião e estar errado do que ser um pivete com delírios de grandeza e muito tempo livre nas mãos.

    rest my case, porque ficar dando tréplica em comentário de blog mixaria é coisa de mal-amado. principalmente quando se é o sujeito citado na matéria.

  4. Eu não vou entrar nessa de que “não preciso de você” uma vez que você não gostar de mim já me dá uma média boa pra saber aonde eu funciono ou não, e aparentemente para leitores desse blog (esse mesmo que você chama de mixaria mas vem aqui fazer réplica, então não pague de que você não liga) a minha musica não funciona muito bem.

    Quando você explicita “os valores intangiveis do que é talento” eu não faço a menor idéia do que essa palavra é pra você, logo eu assumo que você esta tomando o sentido literal da palavra, só o fato de você me achar um bostão por ler o meu texto (o que eu totalmente apoio) já corta o significado dessa palavra no milhões de meios musicais. O que eu acho ridiculo é você chegar em um blog aonde grande parte das bandas que aparecem nele ralam pra fazer shows para 14, 15 pessoas e dizer que alguem que pouca gente conhece não tem méritos pra escrever um texto ou pra falar de “publico”.

    Eu não sou o tipo de cara que acha que musica é uma espécie de “poesia vaga” aonde eu jogo ela na internet e as pessoas assumem ou o que quiser dela ou tomam algum valor de puro-entretenimento, não querendo criticar quem não faz, mas eu gosto de escrever textos para contextualizar o meu produto e quero que esses textos sejam de importância para a formação da relação de qualquer um com aquela musica… Não tentar provar o “porque eu sou bom” ou “porque eu sou ruim”, se você acha que o ato de contextualizar é egocêntrico e pretensioso ai eu não posso fazer nada, e digo mais, se você criou uma “aversão” comigo depois de ler o texto, quer dizer que pelo menos o meu trabalho não esta passando em vão, certo? Sim, eu acho que você esta cometendo absurdos ao dizer que o meu texto esta tentando barrar alguma opinião ou comentario seu, pelo ao contrario, ele tá ai pra isso.

    Digo mais, eu não estou falando de opinião “certa e errada”, eu sei qual sua opinião sobre mim e você pode ter a que quiser, eu não estou tentando te provar o ao contrario, é você que veio escrever publicamente que meus métodos são metidos-a-besta, e que minha noção de publica é errada, então eu posso responder sim, ou como você diz nas suas próprias palavras, “liberdade de comentar”.

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