Alguém precisa fazer um livro sobre esse cara. Cadu Tenório nem bem lançou seu novo projeto, o Santa Rosa’s Family Tree, e seu próprio selo (em parceria com Thiago Miazzo), o TOC, e ele já vem com um novo trabalho, o VICTIM!.
Talvez você não aguente mais ler sobre o que Cadu Tenório faz, grava, cria, ou sei lá mais o quê, aqui no Floga-se (ele assina também a coluna “Engrenagem”, além do Sobre A Máquina e do Ceticências), mas nunca é demais (e você ainda vai ouvir falar muito dele, se depender da gente aqui). E no caso do VICTIM!, a coisa atinge níveis completamente diferentes de loucura.
O próprio artista se adianta, falando sobre o trabalho, por e-mail: “esse projeto solo demorou alguns anos para ficar pronto, por diversos motivos. (…) Só no último ano me senti musicalmente apto pra executá-lo e mixá-lo da forma que gostaria que ele, de fato, saísse. (…) E só agora consigo ter a segurança psicológica de lançá-lo”.
É bom repetir: “E só agora consigo ter a segurança psicológica de lançá-lo”. Percebeu a vibração do assunto?
“Trata-se de um projeto idealizado muitos anos atrás, inspirado em trilhas de clássicos do cinema de horror e suspense psicológico, pra criar um disco conceitual-catártico e sufocantemente claustrofóbico”, continua Cadu. “Pra isso, não queria usar nenhum instrumento comum ao rock, por exemplo, porque não seria essa a linguagem. Queria que fosse uma experiência totalmente envolta em ‘realidade’; por isso me dediquei a inúmeros field recordings pra editar posteriormente e elementos eletro-acústicos, em primeira instância, nos timbres metalizados de percussão e rangidos oriundos de diversas fontes – e que encontrei em grande parte dentro do apartamento onde moro: torneiras frouxas, grades das janelas, grades velhas de ventilador, barras de ferro coletadas de diferentes espessuras, mais diferentes móveis encontrados em casa e de ferragens coletadas na rua também – pra montar bases ritmicas etc.”.
O disco de estreia do VICTIM! chama-se “Sexually Reactive Child” e sai dia 30 de maio de 2012, semana que vem, na primeira parceira TOC Label e Sinewave (que lança os discos do Sobre A Máquina). Um post sobre ele virá em breve.
Por enquanto, você pode sentir o drama, ouvindo a primeira (errr….) “faixa de trabalho” do disco, chamada “Trauma#7” (todas se chamarão “Trauma#” mais o número, títulos, você verá, bastante adequados).
Cadu fala sobre ela, “o violino voltou ao meu trabalho com força total nesse projeto, e embora não seja o uso mais extremo dele no disco (nessa faixa), já é bastante pesado e eficiente – e teve um papel importante, usado numa linguagem noise e por vezes ritmica também, é um instrumento que alcança frequências absurdas”.
Ouça:
[…] Falei sobre o VICTIM! recentemente. É mais um projeto paralelo de Cadu Tenório, do Sobre A Máquina. Mas não é um projeto pra quaisquer ouvidos. É barulho puro – e tome isso como elogio. […]