Ontem, publiquei aqui “uma nova visão” do show do Pearl Jam em São Paulo, o da sexta-feira, dia 4 de novembro. Hoje, é a vez do de quarta-feira, o dia em que Curitiba voltou a receber o Pearl Jam.
Em 2005, a banda passou pela capital paranaense, numa apresentação memorável na Pedreira Paulo Leminsky (um dos melhores locais pra shows no Brasil, que infelizmente não está mais ativo), e aparentemente o Pearl Jam adora a cidade, fazendo aqui o show mais extenso da turnê brasileira.
A parceira Valéria Pina esteve lá. Em 2005, curiosamente, ela foi ao show do PJ, mas no Pacaembu, em São Paulo. Na turnê “PJ20”, em comemoração aos vinte anos de carreira dos estadunidenses, a celebração foi em um Estádio Durival de Brito (do Paraná Clube) matando a vontade de duas décadas, como se o Pearl Jam jamais tivesse passado por essas terras. Era como se desde a primeira audição, vinte anos atrás, todos estivessem esperando por isso.
E foi assim:
PJ20 – VINTE ANOS DEPOIS…
Por Valéria Pina
A lua anunciou e Eddie confirmou: “hoje foi um dia lindo, e a noite vai ser ainda mais incrível”, disse, num português enrolado e lido duma folha de papel amassada. E foi.
O vocalista parecia reger uma orquestra, mãos que abriam e fechavam, braços voando pelo ar. Como se pudesse controlar as vozes ao redor. O dedo em riste muitas vezes. Fechando os olhos ou abrindo-os – e esbugalhados. Caras de Eddie.
Mas o show era de rock. E foi isso que aconteceu. Rock simples, cru. E do bom.
Teve solo de guitarra – com direito a guitarra no pescoço de Mike McCready. Teve solo de bateria do Cameron, teve solo de baixo do Ament. Vedder por vezes se perdia pelo palco em algum canto escuro. No meio de “Even Flow”, o vocalista saiu do palco e deixou o som rolar. Ronck’n’roll. Voltou minutos depois com uma garrafa de vinho começada – sem o rótulo.
No repertório, um pouco de tudo, mas a galera ia ao delírio a cada hit mais antigo da banda. “Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town” veio logo no começo e chorei. Mãos para o alto, gritos, uivos e assobios.
No cenário, as letras P e J foram montadas com caixas de som. O som mesmo, no Estádio Durival de Britto, não estava muito alto. E então a banda deixa o palco pela primeira vez e volta com cenário novo – a tela branca e o simples PJ e, finalmente, o som mais alto. Voltou Eddie Vedder e o violão. Começou com as baladas e disse, em inglês, que iria tocar mais um pouco. E então a trupe entrou para completar o cenário.
Percebi carinho e respeito muito especiais com o público. Eddie pegou uma bandeira brasileira jogada por alguém e se esforçou para estender e manter sobre o teclado. Montagem no telão: o rosto do Eddie cantando, a bandeira brasileira balançando com o vento e a lua cheia no fundo. O povo foi ao delírio.
Eddie Vedder por muitas vezes agradeceu e reverenciou o público. Deixou claro o seu apreço. E a sensação era que os músicos se divertiam. Stone Gossard fechava os olhos e o som fluía de seus dedos. Curtiam cada rife, cada solo, cada batida. Era a mesma energia de vinte anos a menos e a maturidade destes vinte anos depois. Prazer estampado na cara!
No último intervalo, enquanto a banda estava fora do palco, o público entrou num transe e entoou um “uooo” do final de “Jeremy”. Eddie voltou no mesmo mantra e a banda subiu ao palco com outra sequência de baladas e hits. Tocou “Alive” e Eddie Vedder literalmente “foi pra galera”. Voltou mancando, mas continuou subindo nas caixas de som, pulando, rodando o microfone e batendo a cabeça – como manda todo show de rock!
Vedder diversificou: mandou bem na gaita e arriscou nos pandeiros. Distribuiu estes instrumentos pras meninas da plateia – e que chororô das tietes! Recolheu cada camiseta, cada bandeira e até as bexigas que o público arremessou. Pra retribuir, benzeu o público à sua volta com o vinho da sua garrafa. Gossard se exibiu e enquanto treinava um solinho segurava uma bexiga com a outra mão…
Praticamente no final do show, a banda emendou um cover do The Who, “Baba O’Riley”. Amooo!
Não sei – e nem lembro – do set list completo, mas teve: “Just Breathe”, “Better Man”, “Even Flow”, “Jeremy”, “Black”, “Alive”, “Yellow Ledbetter”, “I am Mine”, “Once”, “The Fixer” e” Eldery Woman Behind The Counter In A Small Town” – ufa! Mais de duas horas e meia de sonzaço!
Pro público faltou “Do The Evolution”, pelo menos era o coro final enquanto a banda agradecia e deixava o palco. Fim de show.
Pra mim, não faltou nada. Ter o Pearl Jam no palco pela segunda vez era o suficiente.
Enfim, quem foi ao Paraná Clube encontrou tranquilidade e organização interna. Do lado de fora, a coisa não foi assim lá essas coisas. A saída do público se misturou as saídas dos estacionamentos mais próximos – porque não fecharam as ruas? A fila do táxi era imensa, mas isso é problema de Curitiba mesmo, o show só confirmou.
Acabou. Simples assim. Vinte anos depois…
01. Go
02. Arms Aloft
03. Animal
04. Olé
05. Why Go
06. Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town
07. Corduroy
08. Given To Fly
09. Dissident
10. The Fixer
11. Even Flow
12. In Hiding
13. Setting Forth
14. Not For You/Modern Girl
15. Red Mosquito
16. Got Some
17. World Wide Suicide
18. Porch
Bis
19. Just Breathe
20. Off He Goes
21. Unthought Known
22. Breath
23. Supersonic
24. Black
25. Jeremy
Bis 2
26. Betterman/Save It For Later
28. Footsteps
29. Once
30. Alive
31. Baba O’Riley
32. Yellow Ledbetter
Veja a abertura, com “Go”:
“Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town”:
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