Foi em 13 de julho que Bob Geldof colocou na história o primeiro Live Aid, um show que aconteceu simultaneamente em Londres (Inglaterra) e na Filadélfia (Esteites). A tecnologia da época já permitia tal “extravagância”. Algo que hoje parece comum demais, nos anos 80 era uma engenharia ainda um tanto difícil.
O lance era arrecadar um cascalho pra ajudar os famintos da Etiópia (que continuam famintos, mas já são outros, porque aqueles certamente morreram – a expectativa de vida por lá é de apenas 53 anos, dados de 2010).
Um bocado de gente grande abraçou a causa e pôde dar seu recado pra milhões e milhões de espectadores pela tevê, na transmissão histórica da BBC: Queen, Joan Baez, David Bowie, Status Quo, Led Zeppelin, Dire Straits, Eric Clapton, Sting (claro), U2 (claro), Mick Jagger, Paul McCartney, Status Quo, The Who, Black Sabbath e coloca etecetera aí. Phil Collins conseguiu a façanha de tocar em ambas as praças.
Foi um dia emocionante, por assim dizer. Mas tão emocionante quanto um incêndio de proporções trágicas pode impor às pessoas. Cento e oitenta mil pessoas viram os shows nas duas cidades (oitenta e uma mil no antigo estádio de Wembley, em Londres; e noventa e nove mil no JFK Stadium, na Filadélfia), e quase dois bilhões ao redor do mundo, na transmissão da tevê que foi pra mais de cem países. Foi uma das maiores transmissões em larga escala por satélite e de televisão de todos os tempos.
É por conta disso – pela grandiosidade do projeto e pelo objetivo humanitário – que o dia 13 de julho ficou determinado como “Dia Mundial Do Rock”. Não se sabe exatamente se todos países abraçam a data com tal euforia, como os brasileiros, que o fazem empolgados, embora com certa fanfarronice, é verdade.
O motivo taí e ele não é bem conhecido por todos – talvez por não ser um bom motivo.
Apesar do rock não ser uma propriedade da rebeldia, muita gente acha que sim, e um motivo assim não combina bem com guitarras quebradas, hotéis e camarins despedaçados (vale esse cartum do Malvados sobre o assunto), cuspes, dedos do meio, palavrões e bundas viradas pras câmeras de tevê. Barulho num evento desses não tem vez. Ozzy não come morcegos pra arrecadar fundos pra gente com inanição.
O ideal era que outro dia, por motivos mais juntos, ganhasse a honra de ser o dia do rock. Há muitos por aí – e outros que certamente virão, dá até pra prever alguns interessantes.
Poder-se-ia argumentar, por exemplo, que o dia 6 de julho de 1957 seria boa inspiração. Foi nessa data que Paul McCartney foi apresentado a John Lennon, na igreja Woolton Parish, em Liverpool. Mas também poderia ser o dia 9 de fevereiro de 1961, quando os Beatles fizeram o icônico primeiro show no Cavern Club, em Liverpool.
Se parece um tanto óbvio – e acho que tem que ser mesmo, nesse caso – por que não determinar como “dia mundial do rock” o 12 de julho, que em 1962, viu nascer pros palcos a mais longeva e bem sucedida banda de todos os tempos, os Rolling Stones? Nesse dia, o grupo tocou pela primeira vez ao vivo, no Marquee Club, em Londres.
“Pai” de todos esses, talvez seu nascimento servisse melhor como data pro estilo que ajudou a formatar, com um violão – que parecem dois – e um pacto com o coisa-ruim. Robert Johnson nasceu em 8 de maio de 1911 e foi o primeirão a morrer aos 27 anos, em 1938, supostamente envenenado pelo marido ciumento de um moça que ele havia flertado. Seu corpo, claro, como se preza uma boa lenda rock’n’roll, foi levado pelo demo, junto com a alma.
Maurie Orondeker também é uma boa inspiração. Se você não sabe quem ele é, basta dizer que foi em sua coluna do dia 30 de maio de 1942, ao falar sobre o single “Rock Me”, de Sister Rosetta Tharpe, que ele cunhou o termo “rock and roll” (“rock-and-roll spiritual singing”). A música, claro, pouco tinha do rock que você conhece hoje. Era “rhythm and blues”.
Pode-se alegar que um dia interessante pra marcar a data seja o do primeiro single de rock and roll lançado. Mas essa honra é solicitada por vários singles. Não há um de fato que possa alegar ser o primeiro de todos. Dá-se muitas vezes a honra a “Rock Around The Clock”, de Bill Haley And His Comets, gravado em 12 de abril de 1954. Nunca se chegou a uma conclusão sobre o assunto.
Mas vamos ser sinceros, o maior ícone do rock é mesmo Elvis Presley, um branquelo que se deu a requebrar como os negões e chocou os branquelos mães e pais cinquentistas. Ele nasceu em 8 de janeiro de 1935 e essa seria uma data apropriada. O primeiro single, “That’s All Right”, gravado em julho de 1954, também é dado como “o primeiro single de rock and roll“.
E tinha um negro que tocava seu piano de pé, com uma ginga contagiante, e se assumia bissexual. “Tutti Frutti” não foi seu primeiro single, mas se tornou o maior sucesso de Little Richard e um modelo de estrutura pra canções rock and roll. Ainda hoje. A música foi gravada em 14 de setembro de 1955.
Chuck Berry talvez seja o maior guitarrista de todos os tempos. Ainda está vivo, sagaz e cascudo, com 85 anos (morreu em 2017, aos 90 anos). Ele lançou uma série de singles rock and roll, mas um, pelo título e pelo sucesso que alcançou, com uma infinidade de coveres famosas (incluindo dos Beatles e dos Beach Boys), é um ícone do estilo. “Rock And Roll Music” é de 6 de maio de 1957.
Berry ainda foi inspiração pra uma das cenas mais marcantes do cinema. Em “De Volta Pro Futuro” (Back To The Future, EUA, 1985, dirigido por Robert Zemeckis), o personagem de Michael J. Fox (McFly) toca guitarra pra que seus pais se beijem e ele possa nascer no futuro. Quando ecoam as primeiras notas de “Johnny B. Good”, de Berry (gravada em 6 de janeiro de 1958 e lançada em 31 de março do mesmo ano), as pessoas acham estranho, mas logo estão dançando. É óbvio, o ritmo é contagiante, mesmo se você o ouve pela primeira vez. Harry Waters Jr. faz o papel de Marvin Berry, um primo de Chuck, que ao ouvir a música, liga pra ele e diz: “eis o estilo que você estava procurando”. McFly se empolga um tanto e faz seu solo enérgico ao fim, chutando um amplificador, como tem que ser. Termina diante de um plateia atônita: “acho que vocês ainda não estão preparados pra isso; mas seus filhos vão adorar”.
Porque é exatamente sobre isso que se trata o rock and roll. E se é pra chocar, por que escolher uma data tão politicamente correta? O rock não deveria ser nem político, nem correto (embora haja exemplos edificantes nas duas áreas, de Bob Dylan a Titãs). O rock deveria ser um chute no balde sempre.
Por isso, essa história do dia 13 de julho poderia ser repensada. Há ótimas outras datas pra merecer o título de Dia Mundial Do Rock. Escolha a sua, além das citadas aqui. Até aquelas que marcarão o fim do Capital Inicial ou do J. Quest estão valendo.
essas datas só serve pras cada de show covers promoverem a “MEGA FESTA DO DIA DO ROCK” com biutlos (cover de beatles), os zeppelins(cover de led zeppeling)… hahahahhahahahahahah
O melhor post do Dia do Rock. Sério mesmo!
Valeu! =))
bem bom tudo isso ai!!
voto no do Elvis
bjo
Que post exclarecedor! Muito bem feito e essas outras opçoes para possiveis dias do Rock sao melhores que o prorpio dia do Rock em si se é que me entendem!
Que post exclarecedor! Muito
bem feito e essas outras opçoes
para possiveis dias do Rock sao
melhores que o prorpio dia do
Rock em si se é que me
entendem!
Na boa? Eu acho que ficar tentando encontrar uma data nova pro dia do rock é um papinho intelectualóide que não chega em lugar nenhum. Deixa a galera curtir!