PERFUME GENIUS INTERPRETA “THE BELLS OF ST. MARY’S”

Os estadunidenses entendem desse negócio de comunicação de massa como ninguém. Em 1944, guerra à pino, e Leo McCarey e a Paramount mandam aos cinemas uma história edificante, chamada “O Bom Pastor” (Going My Way, EUA, 1944). Bing Crosby fazia o papel-título (do título em português), o do padre Chuck O’Malley. Sucesso de bilheteria, numa época em que as pessoas faziam muitos sacrifícios pelo Tio Sam, e sete Oscars na conta, incluindo de melhor ator pra Crosby e de melhor filme, além de outras três indicações. A guerra parecia uma coisa distante.

O dinheiro, que é ótimo tanto em tempos de paz como de conflito (mas vale mais em meio a uma guerra), sugeriu que os estadunidenses precisariam de uma continuação e “Os Sinos De Santa Maria” foi lançado no ano seguinte (The Bells of St. Mary’s, EUA, 1945), com a mesma equipe, Paramount lançando, McCarey dirigindo e Crosby cantando interpretando o mesmo papel, e adicionando-se a beleza massacrante de Ingrid Bergman.

De novo, sucesso absoluto de bilheteria (corrigida a inflação nesses setenta anos, é um dos cem filmes mais lucrativos da história) e mais premiação. Embora o filme tenha ganho apenas um Oscar, de Melhor Som, teve outras sete indicações, incluindo Filme, Direção, Atriz (Bergman) e Ator, novamente pra Crosby.

Apesar disso tudo, “Os Sinos De Santa Maria”, por se passar em tempos de Natal, ganhou mais destaque nas canções do que seu antecessor. As mais famosas são “O Sanctissima” (tradicional) e “The Bells Of St, Mary’s” (letra de Douglas Furber e música de A. Emmett Adams). Crosby canta essa última com a personagem de Bergman ao piano e um bocado de freiras fazendo vocal de apoio. É linda e ainda significa um bocado pras crianças estadunidenses.

Talvez por isso, Mike Hadreas, a sensível mente por trás do Perfume Genius, resolveu regravá-la, embora de um jeito um pouco mais dramático (como é de seu costume – ouça essa versão de uma música da Madonna). A versão ficou boa, entretanto se afastou bastante do original, tirando a carga positiva e “edificante” que a original tinha – ninguém imaginaria Crosby cantando dessa maneira, muito menos numa ceia de Natal.

Hadreas é um deprê de marca maior. Na guerra, por certo, não soltaria voz no cinema.

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