PROJETO LONGPLAYER – A MÚSICA MAIS LONGA DA HISTÓRIA

Lá se vão treze anos. Parece notícia velha nos tempos de Internet. Mas depende, claro, do contexto. Treze anos não é nada quando se trata do Projeto Longplayer. Matematicamente, estamos falando de apenas 1,3% do seu tempo decorrido.

Porém, mais de uma década depois, é provável que a maioria das pessoas já tenha conhecimento do projeto. Sendo assim, vamos dar uma rememorada.

O Logplayer é um projeto experimental criado por Jem Finner. Trata-se simplesmente de uma música que começou a ser tocada à meia-noite do dia 31 de dezembro de 1999, na virada pro novo milênio, pra só terminar em 31 de dezembro de 2999. Isso, mil anos de música.

A ousadia é baseada numa única canção-base, composta a partir de sinos (como aqueles tibetanos), que vai se desenrolando em muitas variantes de tons. Segundo o site, o projeto “utiliza uma quantidade mínima de informação pra criar a quantidade máxima de variedade, tanto em termos de som como de forma”.

A música é o resultado da aplicação de regras simples e precisas de seis pedaços de música, rolando simultaneamente. O Logplayer, a partir de algorítimos de computador, combina essas partes de forma que nenhuma é repetida até que se complete os mil anos. Nesse momento, a canção é reiniciada. “É um ciclo milenar”, diz o site.

As seis peças dão um total de vinte minutos e e vinte segundos de música, que se chama “música-fonte”. Daí, parte-se pras variações: uma oitava abaixo, sete semitons abaixo, cinco semitons abaixo, cinco semitons acima e sete semitons acima, na ordem. Elas têm uma extensão de dois minutos, mas ficam mais longas ou mais curtas, dependendo da velocidade, e se combinam em diferentes pontos de partida. O cálculo é preciso pra dar mil anos, mas poderia ser muito mais (toda a explicação está aqui).

É possível baixar e ouvir a peça no site. Mas a graça não está só aí. Na Inglaterra, no farol da Trinity Buoy Wharf, a música está sendo executada desde o início. É uma das experiências do projeto.


São Francisco, 16 de outubro de 2010

Há outros lugares onde a música pode ser ouvida: no Royal Museums Greenwich, na Inglaterra; no Sciende Museum, na Suécia; na Blibliotheca Alexandria, no Egito; e no The Long Now Foundation Museu, nos Esteites.

Ao vivo, a composição já foi tocada por músicos de verdade, em apresentações especiais. Um trecho de mil minutos (quase dezessete horas) foi executado em 12 de setembro de 2009, em Londres. Outra apresentação ao vivo, também em Londres, no Farol, teve três horas de duração e marcou os dez anos do projeto, em 31 de dezembro de 2009. Em 16 de outubro de 2010, mais mil minutos foram executados ao vivo, no Yerba Buena Center For The Arts, em São Francisco, Esteites.

Veja um trecho da apresentação de Londres, em setembro de 2009:

Em 2013, a Austrália pretende fazer uma apresentação de mais mil minutos. O mesmo acontecerá novamente nos Esteites, mas em 2014. Mas a mais certa é que ocorra em Kerkrade, na Holanda, em 2017.

Certamente, você não ouvirá o final dessa canção. O que já é uma ideia fascinante no conceito de que a música é infinta e muito mais ampla conceitualmente do que os três acordes que nos colocam pra dançar nas pistas da nossa adolescência.

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