PROPAGANDA DO NOVO DISCO DO PERFUME GENIUS É PROIBIDA NO YOUTUBE

Embora as pessoas ainda se espantem com esse tipo de notícia, em pleno ano de 2012, eu acho perfeitamente natural reações nessa medida. Não que eu concorde – quem me conhece pela coluna Pense Ou Dance, saberia que jamais concordaria com isso – mas entendo o porquê da sociedade pensar assim.

O caso: o YouTube baniu a propaganda de dezesseis segundos do novo disco do Perfume Genius, “Put Your Back N 2 It”. A explicação é que “promove temas de natureza sexual” e “é impróprio pra família”. Tenho arrepios só de ouvir esse negócio de “impróprio pra família”. Qualquer pulha que queira sustentar argumentações vis, sem sentido e normalmente reaças usa a “família” (ou “deus”) como muleta.

É impróprio pra família de quem? Pra minha, esse vídeo pode ser divertidíssimo, embora isso também não interesse a ninguém.

A propaganda acima foi feita com pedaços do vídeo de “Hood”, com Mike Hadreas (a mente que sustenta o Perfume Genius) e o ator pornô gay Arpad Miklos se divertindo de maneira nada sexual em frente das câmeras. O fato de Hadreas gostar disso ou daquilo sexualmente não deveria importar a ninguém.

Mas importa ao YouTube, que se preocupa com o que se importam os seus anunciantes. Dentro de casa, cada um faz o que quer, inclusive ser homofóbico ignorante. Tá no direito do YouTube, mesmo que, nesse caso, a decisão não “ensine” ou não “informe” nada a ninguém, a não ser intolerância e estupidez, e só faz com que todos queiram ver a propaganda, o que ajuda a promover o disco.

O YouTube mandou a seguinte mensagem pra Matador Records, selo do Perfume Genius, explicando a situação: “qualquer propaganda que contenha material impróprio pra família é desaprovado por nós. Entretanto, notou-se que no vídeo não há ninguém inteiramente despido, mas o sentimento geral é de uma natureza mais adulta, incluindo promoção de temas de natureza sexual e que parece haver nudez. Assim, o vídeo é impróprio. E pra propaganda ser aprovada, vocês precisariam levar em conta nossas políticas nesse sentido”.

A propaganda foi parar no Vimeo, que a princípio não se prende a besteiras desse tipo. Por outro lado, o YouTube pode agir como quiser, mas tem que arcar com as consequências da sociedade por ato tão idiota. Infelizmente, uma grande parcela da população mundial está de acordo com tais práticas infames – e até vibra como num gol do seu time quando algo assim acontece, como se houvesse uma competição moral.

A Google e seus anunciantes se valem disso, desse apoio moralista. A culpa, pois, é de todos que se chocam com atitudes diferentes das suas próprias e não querem enfrentar isso de frente.

É triste. Uma sociedade que pensa assim é triste porque se alimenta do próprio vilanismo, degustando a apropriação da liberdade alheia. E dizem que estamos em tempos modernos, sob a luz da ciência e da tolerância. Mas não: vivemos ainda nas trevas.

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