Dean Engle é um moleque como qualquer outro: recém-saído do colégio e apaixonado por música, queria ter uma banda.
De uma cidade pequena, Nova Paltz, com menos de sete mil habitantes, no estado de Nova Iorque, foi trabalhar numa loja de discos – e, acredite, uma cidade pequena dessas tem duas grandes lojas de discos, a Rhino e a Jack’s Rhythms.
Em 2012, ele, com sua voz e guitarra, conseguiu: juntou-se a Max Restaino (bateria) e Tom Christie (baixo) e montou o Quarterbacks. Logo gravaram a ultracaseira fita cassete “Loveseat”, num gravador portátil. O estúdio era o banheiro e o quarto de Tom. A antenada Double Double Whammy Records, do Brooklyn, Nova Iorque, apressou-se em lançar a fita cassete.
Em 2014, o selo juntou um bocado de gravações do trio e lançou “Quarterboy”, uma compilação bem esperta.
Em ambos os lançamentos estão as músicas que você ouvirá no primeiro disco de fato da banda, “Quarterbacks”, colocado no mercado em 10 de fevereiro de 2015 pelo selo Team Love Records, da própria Nova Platz. A produção de Kyle Gilbride permitiu que eles gravassem tudo em doze horas. Bem apropriado pro resultado final.
A principal característica dessas canções é a aparente ingenuidade que sua crueza oferece. São músicas que o seu irmão mais novo, caro leitor, poderia estar tocando na garagem de casa. Nenhuma delas passa de dois minutos, nenhuma. O disco tem dezenove músicas, mas não passa de vinte e três minutos (alguém lembrou aí do Minutemen?).
Todas as canções parecem faltar alguma coisa. Soam como esqueletos implorando por carne, pele, músculos. Mas, por outro lado, não precisam e é isso que faz essas canções tão bacanas. São juvenis e nada nessa fase da vida requer muito acabamento.
Nelas, Engle fala de garotas, obviamente. Ou de uma garota com a qual ele sonha. Não importa tampouco, porque, a gente sabe, essa é uma fase da vida que vai passar e talvez a banda passe junto. A hora do Quarterbacks é agora, não há futuro porque a adolescência e todos os seus problemas simplesmente têm um fim sem precisarem de solução, só por conta do passar do tempo.
Seu twee punk, seu popcore, ou como queira chamar esses rápidos e doces espamos musicais, talvez também não vá muito mais longe do que o tempo possa permitir, mas já terá cumprido seu objetivo de divertir. O mais legal que você não precisa ter a mesma idade deles pra se divertir junto.
E essa não é a essência da música jovem?
Ouça na íntegra:
01. Usual
02. Noy In Luv
03. Center
04. Stay In Luv
05. Weekend
06. Pool
07. Knicks
08. The Dogs
09. Sportscenter
10. Last Boy
11. Never Go
12. Prove Me Wrong
13. Space
14. Simple Songs
15. Twenty
16. Lauren
17. Loveseat
18. Schmictionary
19. Point Nine