Olha, eu vou dizer que gosto do Rage Against The Machine. Ponto. Mas os fãs (e fãs são normalmente xiitas com relação ao que se diz do foco de adoração deles) não vão concordar comigo.
O Festival de Itu, aquele SWU, que muita gente quer mandar tomar… banho, já não anda agradando quem gosta realmente de música e ainda fica enrolando pra divulgar seu line up. Esse papo de sustentabilidade anda dando no saco, porque pra música mesmo parece que a organização não liga (leia esse texto certeiro do Barcisnki sobre o assunto). É isca pra neguinho que adora uma ondinha, uma moda, ser fisgado: “é festival de música, sim, ou alguém acha que o Frank Black (do Pixies) vem ao Brasil pra plantar uma árvore no palco?” (boa, Barcinski!).
Ninguém diz que o assunto “sustentabilidade” deva ser esquecido, deixado de lado ou negligenciado, mas é preciso tratar a coisa com seriedade e não como argumento pra vender um produto/festival manco, mal planejado e caro.
Tem muita gente que vai por causa de festa, só pra falar que esteve lá, que participou; não importa que o Pixies toca no mesmo dia do Incubus e do Linkin Park, uma certa aberração; não importa o preço abusivo pra ver apenas uma (no máximo duas) banda que você gosta, deixando de ver outra(s) porque elas estão espalhadas disformemente nos três dias de festival; não importa a falta de informação por parte da produção, retidas em troca de brincadeirinhas bestas na Internet/Twitter/Facebook; não importa se vai haver ou não estrutura e transporte suficiente pra todos (independente de serem sustentáveis ou não)…
Mas tem muita gente que se importa. Com o preço – e com as atitudes. Um festival “sustentável” não pode estimular o uso de automóveis, ao dar estacionamento gratuito pra quem comprar dois ingressos VIPs (absurdamente caros); não pode deixar de informar como vai compensar a emissão de carbono na produção do evento gigantesco; não pode deixar de entregar ingressos em papel reciclado (ou coisa que o valha); não pode deixar de dar alternativas de locomoção a todos; não pode desistir de lutar contra a proibição crianças no lugar (Linkin Park, certo?)…
E não pode deixar de dar atenção às bandas, afinal é um festival de música.
Com o anúncio do Rage Against The Machine (que foi feito nessa sexta-feira, dia 30/7), pra tocar no dia 9/10, a pinimba pode diminuir um pouco, mas acho que pra muita gente o estrago tá feito.
Ouço por aí um bocado de gente dizendo que não vai pra Itu. Simplesmente não vai (informações sobre ingressos aqui). O papo cansou – e ainda ficou caro demais (embora a questão do dinheiro seja, infelizmente, pessoal, um peso que só cada um pode medir).
O Rage Against The Machine é uma grande banda. Assim como o Pixies (que, pra mim, é melhor, mais vá lá…). Mas não vai salvar o festival, que nasceu como uma cascata de “querer ensinar pra vocês o que é sustentabilidade”. O tom professoral é tão enfadonho e vazio (nos textos do site, no Twitter) que não vai mudar a cabeça de quase ninguém, não vai “educar” ninguém – o pessoal vai pela festa, pela(s) banda(s) que gosta, pelo evento.
Eu torço, sim, pro festival dar certo. Mas entenda “dar certo” como algo que agrade a maioria dos consumidores e não só o bolso dos organizadores (que afinal merecem a sua paga pelo trabalho todo, mesmo que esse tenha sido tosco – sem esse trabalho, não haveria, talvez, Pixies, Kings Of Leon ou rage Against The Machine pra você escolher em qual show ir). Esse papo que eu andei ouvindo por aí de “cultura de festival”, esqueça, é mais uma balela.
A concorrência com o Echo & The Bunnymen tocando “Ocean Rain”, no mesmo dia 11/10, no Credicard Hall, ficou forte.