REPENTINA NO CLUBE OUTS – COMO FOI

O show era em comemoração dos quinze anos da banda Dominatrix, mas é difícil dizer que quem conseguiu filtrar a panfletagem e a adoração cega ao punk das meninas não tenha visto o óbvio: o melhor estava na abertura. A Repentina, apenas Eliane Testone ao violão (e guitarra), esbanjou simpatia e fez mais pelo “movimento feminista” do que a atração principal.

O termo vai em aspas porque não sei se é exatamente um movimento. Ali estavam garotas e mulheres e rapazes que vêem na mensagem da Dominatrix um dogma a ser seguido. Uma mensagem que é difícil versar contra: pela igualdade, contra o preconceito a homossexuais, pelo direito de “ser o que quiser ser”.

Eliane, disfarçando sua timidez em letras fortes e batidas proporcionais nas cordas do seu violão e guitarra, dava um recado ou outro entre as canções, e disse algo que parece-me muito mais intrigante: “passou quinze anos e ainda não tem muita banda de meninas, cadê?”. Sim, pensando bem, ainda é um terreno basicamente de homens, inclusive lá fora, mesmo com Vivian Girls, Las Robertas e afins.

A igualdade tem que estar em todos os lugares, em todas as áreas, e de uma maneira natural, fluente. Pra muitos, a panfletagem não desce bem – só que não custa falar, dar uma forçada, como na ternura decisiva do discurso naturalmente tímido e honesto da Repentina.

Quem estava ali, estava para ver a Dominatrix, é fato (até a Repentina estava ali para ver o quarteto e pogar junto). Quinze anos de labuta e paixão pela música não são fáceis, nem pouca coisa – e a festa era merecida, compreensível, justificável e não dá pra negar que foi divertido. Então, tudo bem que o grande público não estava ali pela Repentina. Havia pouca gente quando ela subiu ao palco. Quem viu, se divertiu, ouviu uma das músicas mais internacionais feitas no Brasil hoje em dia e ainda pôde ganhar o CD, distribuído ao final da apresentação.

Daí que quem colocar a Repentina no player poderá ouvir do que se trata. Porque ao vivo, apesar do esforço de Eliane e da vontade apresentada nas canções, faltou algo: programações, bateria? Mais do que isso, faltou algo que sobra no CD: inovação, criatividade e referências. Só com guitarra ou violão fica difícil transmitir tudo isso.

Mesmo assim, quem viu a Repentina e cantou junto, deu sua contribuição, levando nas palmas a batida (principalmente em “Loverdose”), acrescentando ao esforço da artista o merecido reconhecimento: quando o público participa, o músico sabe que está no caminho certo. A Repentina já traçou o seu. Tomara que o público a siga, como segue a Domintarix.

As chances são raras, mas ainda torço para um show “cheio” da Repentina. Aqui, ela era coadjuvante, mas merecia o papel principal.

Setlist:
01. Cold Cold Heart
02. The Sea And The Tears
03. Paranoiam
04. Feed Me
05. Creami
06. Black Golden Bones Bones
07. Sangue Dos Outros
08. Loverdose
09. Love Today
10. We Have, Do, Want, Die

Veja agora três vídeos exclusivos da apresentação, em HD.

Primeiro, “The Sea And The Tears”:

Agora, a nova “Paranoiam”, cuja demo você pode ouvir clicando aqui:

E por fim, a maravilhosa “Sangue dos Outros”:

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