REGIDOS PELAS LEIS DA VIDA
“Teen Dream” é daqueles discos que impõem desafios. Depois dele, perfeito do começo ao fim, o artista tem que parar pra pensar que caminho seguir na encruzilhada que se forma a sua frente: manter-se na mesma pegada, fazendo uma “continuação” do sucesso anterior, ou peitar todo mundo, jogar tudo pro alto e fazer um trabalho completamente diferente.
É um enigma que a vida oferece a todo instante. Não há resposta certa ou errada. Qualquer que seja ela, o que virá será novo, pelo bem ou pelo mal.
O Beach House escolheu a primeira opção.
“Bloom”, o quarto disco da dupla de Baltimore, Esteites, poderia ser, digamos, um “Teen Dream 2”. A galhofa, porém, pouco serve: nem enaltece este, nem diminui o anterior. Isso porque há uma unidade que o tempo e as seguidas audições tornarão eficiente.
Ao poucos, o ouvinte vai percebendo isso. Se ele gostar de “Teen Dream”, certamente gostará de “Bloom” já de cara, com a ótima “Myth” e sua introdução elegante e levada misteriosa. A voz de Victoria Legrand dá as cartas logo, bem como a produção simples (mas contundente no preenchimento dos espaços vazios) de Chris Coady, não por acaso também produtor do disco anterior (e de trabalhos do TV On The Radio, Yeah Yeah Yeahs e Grizzly Bear).
Ouça “Myth”:
Embora o ouvinte possa cair na tentação de ficar dando repeat na faixa de abertura, uma hora ele deixa escapar e se depara com “Wild”, que apesar do título e da letra (“A little wine/You stole a smile/The earth is wild/You’ve got no time”) de selvagem não tem nada, o que não é demérito algum, não no caso do Beach House: no início, seus sintetizadores esboçam o que parece ser um synthpop oitentista, estilo coisas depreciativas como Mr. Mister (lembra?), mas isso dura pouco, até a voz de Legrand resgatar a criação da tragédia total. Entretanto, “Wild” não escapa de uma análise mais profunda.
Nem “Lazuli”, escolhida pra ser um dos singles de trabalho. A canção é pop de um jeito ruim, de querer alcançar ouvidos a qualquer custo, como o A-Ha fazia nos anos 1980. Não se faz necessário, o público do Beach House é sólido, mesmo que não seja “grande”.
Bom, talvez sejam essas as únicas “ousadias” do disco – mas elas nem funcionaram tão bem. O tempo irá me tirar a razão? Talvez. Enquanto isso, melhor seguir em frente.
“Other People”, uma das melhores do disco; “The Hours”, com a guitarra de Alex Scally reafirmando a parte beach (dark) da banda; e “Wishes”, a mais Cocteau Twins do álbum; resgatam tudo que há de bom em “Teen Dream”. “Bloom” finalmente floresce, toma forma, mesmo que replicada: a proposta da banda era essa e aqui ela ganha pontos fervorosos do ouvinte.
O que se segue não diminui a ação. O disco continua a crescer belo, forte e com cores vívidas. Uma flor das mais aromáticas e vistosas. “On The Sea” é belíssima, com Legrand cantando quase banhada em lágrimas; e “Irene”, uma épica homenagem escondida no final do disco. “New Year” é a mais dançante e animada, ressaltando o fortalecimento que o disco pretende dar à carreira da dupla. Ano novo, vida nova, é o que se diz por aí. Aqui é o florescer de uma nova etapa do Beach House: aquela de finalmente degustar o feito de ter encontrado o som pelo qual sempre será lembrado, prazer que muita banda por aí jamais sentirá.
A fórmula repetida até pode incomodar alguns. Não deveria. Não denigre a carreira de ninguém trafegar pelo tipo de som que se sente mais confortável. O Rolling Stones faz a mesma coisa há cinquenta anos. O Beach House se sente bastante confortável no seu espaço conquistado.
Enfim, com “Bloom”, a banda se deixa guiar pelas leis da evolução da vida: nascer, crescer, tomar corpo e espaço, pra então preparar-se pra deixar rebentos e educá-los. Esse disco oferece o pólen que irá gerar novas obras deliciosas como essa. O Beach House fez sua escolha e floresceu de fato.
NOTA: 8,5
Lançamento: 15 de maio de 2012
Duração: 51 minutos e 07 segundos
Selo: Sub Pop
Produção: Chris Coady
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