RESENHA: DEF – SOBRE OS PRÉDIOS QUE DERRUBEI TENTANDO SALVAR O DIA (PARTE 1)

Os cariocas do Def (Deb F. na voz e guitarra; Dennis Santos, bateria e vocal de apoio; Matheus Tiengo, na guitarra; e Nathanne Rodrigues, no baixo) começam pedindo pra gente “destruir todas as nossas defesas”. Mas nem precisamos de tanto, se temos um pouco de atenção com o corpo sonoro que se forma na audição de “Sobre Os Prédios Que Derrubei Tentando Salvar O Dia”. E toda barulheira de guitarra que irrompe com canções que, liricamente, se locomovem por espaços inseguros e incertos.

A banda pode soar doce e pode ser agressiva, mas a matéria-prima pra cada canção parece nascer de um pesadelo constante, uma paranoia que se afeta com as ameaças da realidade. A paranoia não é um fenômeno estetizado apenas em desespero; o Def surge como alguém que demonstra a ansiedade de diversas formas.

A alternação de ambientações rítmicas cadenciadas com as mais explosivas evidencia um trabalho dedicado em um instrumental que corresponda com a inquietação lírica. Se no último disco do maquinas tínhamos um aprofundamento nas crises urbanas diagnosticadas em sujeitos fragmentados, se no El Toro Fuerte havia uma aparente delicadeza pra se aprofundar em traumas pessoais e no Jonathan Tadeu recebemos contos de uma queda iminente enquanto havia a celebração do vivido, o Def surge pra apresentar mais um vislumbre da música de guitarra no Brasil; uma perspectiva de cansaço de alguém que está se desintegrando, escondido nas diversas manifestações instrumentais que tem um pé nas bandas indie dos anos 90.

“Sobre Os Prédios Que Derrubei Tentando Salvar O Dia (Parte 1)” não é só a primeira parte de uma trilogia que promete muito, já as primeiras audições captam sensações que às vezes nos escapam – e aí, é necessária a comunhão entre palavra e barulho. Vem mais por aí. Salve o seu dia.

1. Sobremesa
2. Ponte
3. Bad Trip
4. Dissolvendo

NOTA: 7,0
Lançamento: 20 de junho de 2016
Duração: 10 minutos e 55 segundos
Selo: Bichano Records
Produção: Pedro Garcia

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