RESENHA: ETERNAL SUMMERS – CORRECT BEHAVIOR

COMPORTAMENTO ÚNICO

A escolha do primeiro single é complicada. Que música melhor traduz o espírito do disco pra virar cartão de visitas ao público e aos fãs?

No caso de “Correct Behavior” (ouça aqui na íntegra), o segundo disco do agora trio Eternal Summers, o escolhido foi “Millions”. Não poderia ser mais certeiro. Ela define bem o que é esse novo, maduro e “mais sério” trabalho.

O que não quer dizer que vá agradar todo mundo, principalmente os fãs que abraçaram a banda desde o princípio. Alguns podem torcer o nariz. Mas não deveriam.

Quem ouviu o primeiro disco do Eternal Summers, “Silver”, talvez vá estranhar um pouco a falta de urgência e de distorções. A simplicidade guitarra-bateria é ouvida em algumas canções aqui, como “You Kill”, “Wonder” e “I Love You”, mas a maioria emula os anos 80 e passa dos três minutos, algo raro no álbum de estreia.

Isso quer dizer que Nicole Yun (guitarra e vocal) e Daniel Cundiff (bateria) sofisticaram suas criações, com a adição de Jonathan Woods no baixo. As estruturas estão mais elaboradas, mas não estamos falando aqui de um Rush ou coisa que o valha. Ainda há o bom Eternal Summers sendo juvenil, como na brincadeira pop “I Love You”, que confunde os ouvintes com as palavras e se resume na verdade ao refrão “u-uhu-uuuu”.

Se esse é o Eternal Summers que você espera ouvir, ele não está em “Millions”, porque “Millions” apresenta uma guitarra mais pop, leve, limpa, aguda, como há de ser em boa parte do disco. Esse é o “refinamento” que a adição de baixo e “Millions” se referem (embora “Millions”, curiosamente, tenha menos de três minutos).

“It’s Easy” e “Good As You” são baladas arrastadas (“Girls In The City”, com vocais de Cundiff, é uma “quase-balada” que lembra Sonic Youth) e, dependendo do humor do ouvinte, podem estragar o todo. No meio delas, porém, há uma das melhores canções que o Eternal Summers já compôs, “Heaven And Hell”, cheia de distorções, peso e uma linha vocal contagiante. É a composição mais sombria da banda, a mais madura (“When you turn away / Open your real eyes / He could break a spell / Nobody in this room died”).

Mas não leva o título de melhor do disco. Essa fica com “Wonder”, que resume a ironia do comportamento apropriado que bandas desse tamanho (em importância) devem ouvir constantemente de produtores, mídia e afins – e que os adolescentes “desajustados” enfrentam sempre: “What do you do when you don’t belong? / You’re in your corner / Day and night it’s night and day, current behavior / What you see it’s not your way, is it any wonder?”.

E com “Disappear”, que tem até solo de guitarra, talvez o primeiro da banda, e uma letra pessimista, mas pró-ativa: “Can you see me how I’m fading out? / There’s a war you arm, I have no doubt / I’ve got news for you, dear / Shut your eyes, I’ll disappear from you”.

O Eternal Summers mudou, cresceu, amadureceu – e aprendeu a divulgar melhor seu trabalho, no vídeos, na profissionalização do trato com a imprensa, na escolha dos singles. Mas se ajustou ao “mundo adulto” à sua maneira. Faz músicas mais palatáveis, mais dóceis, mais pop, entretanto ainda carrega uma carga de provocação típica da juventude (ainda bem, com algumas distorções). O que é bom.

Afinal, quem determina de fato qual é o comportamento correto a seguir? O que vale é, digamos, ter seu próprio “comportamento único”.

NOTA: 5,5
Lançamento: 24 de julho de 2012
Duração: 44 minutos e 35 segundos
Selo: Kanine Records
Produção: Sune Rose Wagner e Alonzo Vargas

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