Uma rítmica batida inicia a mixtape, ambientando pra estranha forma que “Rasputia, A Devilish” – a segunda faixa – inicia. A abordagem essencialmente house de música eletrônica é passada ao ouvinte como se estivesse sendo tocada ao vivo. São colagens sonoras que estabelecem uma sequência que às vezes são interrompidas por intervenções externas que dão ainda mais importância pro eixo central das músicas.
Mesmo com essa continuidade sonora bem delimitada e estabelecida, toda a mixtape não deixa de soar como algo esquisito, em que a dinâmica de continuidade não necessariamente “convence” (o que não importa muito, visto que toda a proposta da mixtape é clara no sentido de propor um relaxamento).
Não é um confronto ou qualquer coisa do tipo, mas sim ritmos precisos colados especialmente pra um tipo específico de relacionamento (o sensorial) com a música. O espaço da música atinge seu acúmulo máximo em “Ginger’s Blunt”, a quarta faixa, carregada de uma energia cativante em que justaposições sonoras ocupam, de forma animada, todo plano auditivo.
São passos que evocam nostalgia (as vozes de desenhos animados, embora eu não saiba exatamente se são isso) confluindo com um presente que se ergue situacionalmente pra criar uma vivência do instante fragmentada e, não por isso, menos prazerosa.
A construção da última faixa, “Professor”, é estruturada em uma batida insistente com frequências sonoras que se repetem em segundo plano. A música vai perdendo seu ritmo até perdurar apenas uma solitária batida abstrata, fechando sem grandes variações um pacote sonoro definido.
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1. Cyberwaiting
2. Rasputia, A Devilish (participação: jujs)
3. Banana, A Cabana
4. Ginger’s Blunt
5. Professor
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NOTA: 6,5
Lançamento: 25 de maio de 2017
Duração: 17 minutos e 22 segundos
Selo: Independente
Produção: Jardineiro