RESENHA: TENNIS – YOUNG & OLD

INOFENSIVO E FÁCIL DE GOSTAR

Não é difícil gostar desse disco. Nem muito menos é um problema admitir gostar dele. O Tennis é uma banda dócil, que não faz mal a ninguém. Pela conta dos ferrenhos rabugentos de hoje, esse é um problema mortal: se você não agride ninguém ou nada, não há porquê existir.

Até certo ponto, pra música jovem manter-se vívida e relevante, é preciso chutar umas canelas, mandar umas mesmices às favas e, assim, dar razão aos detratores. Mas nem sempre, nem sempre.

“Young & Old” é o segundo disco do Tennis, o primeiro oficialmente como um trio – agora a banda é o casal Patrick Riley (guitarra) e Alaina Moore (vocal e teclados), com James Barone (bateria – nenhum parentesco com João Barone, nem mesmo no talento). Ele é pior do que “Cape Dory”, o de estreia, de 2011. Não que o anterior fosse raivoso ou original, mas é que esse perdeu aquele frescor impactante (e aquele verão já passou).

E também porque há equívocos lancinantes aqui, como as popíssimas e descartáveis “My Better Self” (o começo mais clichê dos últimos tempos da última semana) e “Petition”, essa última típica música de FM oitentista sem criatividade. É possível até imaginar “Petition” na trilha de uma novela da Globo, com um jovencito qualquer a abrir os braços na orla carioca, fechar os olhos, entregando o rosto ao sol, com um sorriso na cara.

Não tem cabimento uma banda fazer belezas cinquentistas, típicas de filmes B de sessão da tarde, daqueles que Elvis poderia estrelar, como “Origins”, “Robin” e “Take Me To Heaven”, pra decair tanto num mesmo disco. “High Road” é o maior exemplo disso: começa bem expressiva, no casamento bateria-guitarra, e de repente você se pega bocejando. Dá pra aventar a possibilidade de que nas passagens, a banda não sabia muito o que fazer.

Ouça “Origins”

Talvez se Patrick Carney, o baterista do Black Keys, produtor do álbum, não tentasse “arrumar” tanto o som da banda, inclusive ajeitando a voz de Alaina, colocando-a mais baixa do que se ouviu no primeiro disco, a coisa funcionasse melhor, ou mais “real”, ou mais perto daquele balanço gostoso que desancorou num barco da vida do casal.

Ou talvez, pelo o que se vê na capa (a capa do álbum de estreia também era horrorosa), a banda sofra um tanto de ausência de bom gosto.

O fato é que se mesmo assim esse é um disco fácil de se gostar, descartável e inofensivo que seja, talvez o Tennis não esteja errado (nem Carney) e sua música continue no todo deliciosa e tals. O problema pode estar com você, descobrindo-se um ferrenho rabugento.

NOTA: 5,0
Lançamento: 14 de fevereiro de 2012
Duração: 33 minutos e 04 segundos
Selo: Fat Possum
Produção: Patrick Carney (Black Keys)

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Comentários

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8 comentários

  1. A banda é realmente super agradável, mas com certeza não vai mudar a vida de ninguém. A voz muito doce da Alaina somado com os arranjos repetitivos e ocos que deixam o álbum meio chato.

    O que mais me decepcionou não foi o álbum em si, mas sim a apresentação ao vivo que ele fizeram no programa do David Letterman essa semana. Ainda estou pensando se vou no show deles ou não. Se for mais que $30,00 vai ser difícil mesmo.

  2. Não é porque um album não muda a vida de ninguém que ele deixa de ser bom… acho que só o fato de vc ouvir e não se arrepender de ter ouvido já vale…

  3. Acho que um álbum bom precisa sim fazer diferença, se não é só mais um. Eu não “cobro” originalidade, mas gosto mais de ouvir algo que tenha alguma novidade (pelo menos para mim) e estique meu gosto musical. Por exemplo, eu não curto hip hop, mas depois de ouvir Death Grips (http://ovne.wordpress.com/2012/03/05/death-grips-get-got/), eu comecei a prestar mais atenção na cena mais experimental do gênero.

    Por isso que acho a posição meio blaze do Tennis ruim.

  4. Minha lembrança do álbum é vaga por ter escutado só quando saiu e nunca mais, já é um sinal. Acho que tem muita coisa delicada/fofinha por aí bem mais interessante.

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