Com certeza as ideias dos paulistanos do The Hexx são mais reverenciais do que exatamente originais, em sentido literal, mas fica nítida neste segundo EP não apenas um autoria maior do que no debute “Drunker Daniel” (EP de março de 2016), como também uma gravação de fãs de música pra fãs de música.
Olhando com certo distanciamento pretensamente “crítico”, o que – confesso – não consigo realizar em seu pleno, fica claro um “espírito de época” que alavanca o conjunto. Vocês sabem: Pavement e todo o indie rock lo-fi dos anos 90 ficam claros nas referências.
Eu enxergo essas referências muito mais como processo de formação dos músicos do que qualquer tentativa de emular sonoridades datadas. Até porque eles mesmos falam sobre a dificuldade de aprender a controlar o que se sente, em “Learning How”, ou seja, como filhos direto de determinado tipo de sonoridade que eles se formaram enquanto artistas e partem desse pressuposto pra se firmarem enquanto banda. Os quatro integrantes nunca escondem isso e reinterpretam influências marcantes firmando sua própria autoria sobre a nova criação.
Os instrumentais diretos e facilmente discerníveis constroem o clima “otimista” de um EP que jamais nega dificuldade alguma, mas sempre tentar impor um tipo de esperança elevada – não importa o que aconteça. Apesar de todo o ar “leve” que a gravação carrega, pelo que eu pude entender todas as letras reconhecem certas dificuldades e tentam encará-las da melhor forma possível. Onde o álbum “alavanca” essas espécies de mantras positivos, esconde-se também imposições de sentimentos incertos e passados.
No belo fim do EP, pulsa o principal: a certeza de que vários retornos ao “The Face On The Road” far-se-ão necessários.
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1. HK
2. The Blank
3. Learning How
4. The Face On The Road
5. High Hopes
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NOTA: 6,5
Lançamento: 21 de setembro de 2017
Duração: 17 minutos e 45 segundos
Selo: Howlin’ Records
Produção: Anderson Lima e Bruno Duarte