TEMPO CRUEL
Não sei ao certo o que as pessoas queriam que o Vaccines fizesse no seu segundo disco, “The Vaccines Come Of Age”. Mas ouvindo, tenho certeza de que nem a banda sabia direito.
O disco começa tão bem, com “No Hope”, uma daquelas canções pop que toda bandinha indie gostaria de conseguir escrever pelo menos uma vez na vida: “Não há esperança e é difícil amadurecer / Eu acho que é um problema (…) E eu espero que seja apenas uma fase / Bem, eu vou crescer”, canta um mais emotivo Justin Young, dando uma ideia do que vem por aí.
É pra ouvir alto e se empolgar, uma canção que impregnou de inspiração as seguintes. Infelizmente, não todas – a certeza e a segurança de “No Hope” se esvaem no decorrer do disco.
“I Always Knew” é ótima, com uma vibração cinquentista, retrô, bem marcante, como no aclamado disco de estreia, “What Did You Expect from the Vaccines?”, de 2011. A ela segue-se “Teenage Icon”, o ponto de partida pra fuga de compromissos da banda, pra indecisão: “I’m no teenage icon / I’m no Frankie Avalon / I’m nobody’s hero”.
É a evidência de que o artista não sabe o que quer: crescer ou não crescer? Assumir ou não assumir seu posto de ícone adolescente?
Teria sido melhor se a escolha tivesse sido por não amadurecer. A chegada da idade e das responsabilidades não cai bem pra todo mundo, principalmente pra uma banda de rock. Não seria melhor manter-se adolescente, sem enfrentar a crueza e as asperezas do mundo? No caso do Vaccines, a exigência por outro acerto comercial?
Ouça “All In Vein” e veja que sonoramente, a escolha do Vaccines se fez equivocada na maioria das vezes (ou da escolha que fizeram pela banda). É aqui que o disco começa a cair. “Aftershave Ocean” tem uma guitarra strokesiana constrangedora e um arranjo pensado em FMs com comerciais de magazines e ofertas de automóveis.
Daí pra frente, o disco só vai retomar bons momentos com os lamentos de trilha sonora de filme B em “Weirdo”, a segunda melhor do disco; com a energia legal de “Bad Mood”; e mais ou menos em “Lonely World”, com um solo dispensável.
Não sei exatamente se gostaria de ver o Vaccines “crescendo” ou amadurecendo. Porque se é assim que eles vão ficar quando “adultos”, melhor teria sido regredir um pouco.
Bom, pode ser que o tempo me mostre que estou enganado e não entendi bem. Mas o impacto do primeiro disco, às primeiras audições, foi arrebatador. O desse foi quase nulo, salvo exceções.
É a mesma sensação de ver as imagens de arquivo de um garoto, todo bonitinho, arrancando suspiros das tias, primas e garotas do colégio, e então vê-lo décadas depois, velho barrigudo, com barba por fazer: o tempo é cruel, nem todo mundo envelhece bem, então, por que querer acelerar esse processo?
NOTA: 7,0
Lançamento: 4 de setembro de 2012
Duração: 39 minutos e 33 segundos
Selo: Columbia Records
Produção: Ethan Johns
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