Nem bem o mundo potencializou o espanto pelo encerramento das atividades offline da Enciclopédia Britânia, trombeteando o fim do papel, “um tempo bom que não volta nunca mais” (né, Thaíde?), “onde esse mundo vai parar” e todos esses discursos fáceis, e um grupo de abnegados de Pernambuco encontrou caminho em outra direção.
A Nuvem Produções e a SBP Editora, pelas mãos dos editores Diego Albuquerque, Raul Luna e Rodrigo Édipo anunciam pra março de 2012 o lançamento da Revista Música Independente Em Pernambuco, ou Mi. Sim, é uma revista. E, sim, é impressa.
A equipe ainda conta com Rafael Queiroz e Ricardo Maia, responsáveis também pela produção de conteúdo, e, sim, terá uma braço online, a MiOnline, mas não é o mais importante. “Vai ter uns posts do que não entrou na revista, uns extras” (leia aqui), ri Diego Albuquerque, que também é responsável pelo Hominis Canidae, um dos blogues mais importantes da música independente brasileira.
“A ideia foi de Raul Luna. Ele é designer foda daqui (de Recife), e me chamou e chamou Rodrigo Édipo, outro amigo nosso e pronto, o bonde andou”, resume Diego, sobre o nascimento da ideia.
A Mi será uma revista bimestral, com tiragem de mil exemplares. A venda será em locais específicos, como
cafés, livrarias (“a Cultura deve rolar”, diz Diego) e o preço vai variar entre quinze e vinte dinheiros, mais o frete. Ela pode ser entregue em todo o Brasil.
O conteúdo é dedicado “aos artistas da música pernambucana e segue os preceitos básicos de apoiar, documentar e divulgar as propostas estéticas que admiramos”, avisa o release oficial. “Devido à tradicional densidade artística da música local, é imprescindível mais um veículo de comunicação no estado que evidencie uma classe de artistas que prezam pela liberdade criativa das obras”, encerra.
Diego informa que a revista vem com “um CD encartado e um pôster, de um lado é um pôster e do outro é uma matéria sobre alguma coisa de música; essa primeira é sobre homestudio“. No site oficial, sempre terá lá uma mixtape. O intuito é fazer o público descobrir ou redescobrir artistas que já estão aí ou estão engatinhando. Afinal, Pernambuco há tempos não é só mangue beat.
Em cada edição dez artistas serão entrevistados, dissecados, e, segundo Diego, “o lance são entrevistas mesmo; densas, carregadas, pra galera degustar, com perguntas realmente interessantes, sobre o trabalho dos entrevistados”. Na primeira edição, Caçapa, Ex-exus, Matheus Motta, Kalouv, Marditu Soundz, Pajé Limpeza, Paes, D Mingus, MadelleFemmes e Siba.
“Como bem disse o Siba, são entrevistas realmente divertidas e entre vistas“, diverte-se Diego.
Como um veículo impresso que se preze, o leitor encontrará matérias que se aprofundem nos temas abordados, “apostando em uma leitura mais prolongada, rica em referências e que diminui a descartabilidade da informação tão em voga atualmente com os conteúdos para web”.
Os novos tempos estarão preparados pra essa ousadia?
Ouça aqui a primeira mixtape:
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