Da empolgação à frustração em poucos meses. Quando o Rockers Noise Festival anunciou sua escalação, em julho de 2012, muita gente começou a contar os dias pra ver Telescopes, Adam Franklin (o chefão do Swervedriver), Motorama e Gallon Drunk. Quatro bandas importantíssimas pro subterrâneo noventista.
A empolgação aumentou quando, dois meses depois, o festival anunciou uma segunda edição (!), marcada pra fevereiro, com ninguém menos do que Wedding Present, Beach Fossils e Buffalo Tom.
A primeira edição, a que tinha Motorama e Telescopes, aconteceria dias 30 de outubro e 1º de novembro em São Paulo, e dia 31 de outubro no Rio de Janeiro, sendo que os cariocas se mobilizaram via financiamento coletivo, pra que pudessem ver Telescopes e Adam Franklin.
E estava tudo certo. Pelo menos era o que os fãs achavam.
Embora muita gente estranhasse a escalação, com sete bandas – as quatro internacionais, mais três nacionais – e com dois lugares tão diferentes (a Lega Italica, pra oitocentas pessoas; e o Espaço Victory, pra quatro mil), mas ambos com o mesmo lineup, acreditava-se que tudo daria certo. Ou havia esperança disso.
Mas tava na cara que não poderia dar certo. O próprio festival, no seu planejamento, já se mostrou amador. As quatro bandas internacionais tocariam nos dois dias em São Paulo (dois dias com exatamente a mesma escalação!), de maneira que pra tudo funcionar a contento, seria necessário que houvesse público pros dois locais ou que o mesmo público comprasse ingresso pros dois dias. Em outras palavras, o dia 30 de outubro concorria em vendas com o dia 1º de novembro, e vice-versa, porque não se sabia se haveria público suficiente pra encher ambas as casas.
A tese se mostrou verdadeira. Mas havia um problema maior: os vistos. Uma semana antes da data marcada pros primeiros shows, o público veio a saber que o festival seria “adiado”, “provavelmente pra janeiro de 2013”. O problema eram os vistos: não haveria tempo suficiente nos consulados brasileiros na Inglaterra e na Rússia pra emitir os documentos e, assim, pra que os espetáculos acontecessem na data prevista.
Agora, passado o turbilhão, apesar dos esforços pra que ele realmente acontecesse na alvorada de 2013, sabe-se que o festival está oficialmente cancelado.
Mas teria sido só esse o problema? O Floga-se foi atrás da história, conversou com os organizadores, com o responsável por um dos pontos de vendas, com os organizadores do evento no Rio de Janeiro, e tentou entender todo o imbróglio, que culminou com a confusão na devolução do dinheiro dos ingressos. Consumidores revoltados no Facebook exigiam do Grupo Rockers, a produtora responsável pelo festival, uma explicação. E essa explicação não veio.
Nessa matéria, você entenderá o que não deu certo – e as explicações se posicionam entre a “desorganização” e o “amadorismo”. Pro consumidores que perceberam um bocado de desrespeito também, há passagens que possibilitam entender os motivos.
VISTOS
Não é segredo pra ninguém que artistas estrangeiros precisam de vistos de trabalho pra tocarem no Brasil. Parece meio ilógico, mas é assim a tal reciprocidade diplomática. Lógico seria existir uma autorização desburocratizada pra artistas que participassem de eventos pré-agendadas e por tempo limitado. Evitaria esse custo e essa mão-de-obra. Por outro lado, todo produtor de shows internacionais sabe dessa exigência e se prepara com antecipação.
Mas no caso do Rockers Noise Festival, foi diferente. Renato Malizia, que fez a curadoria do festival, diz que o problema veio à tona quando as bandas o cobraram sobre o assunto: “(o problema dos vistos) realmente ocorreu, porque foram as bandas que gritaram (…), quiseram saber o status do processo e tudo o mais. Aconteceu quinze dias antes do festival, por aí, porque ainda não tinham os vistos”.
Malizia conta que cobrou os donos da produtora. A resposta que recebeu é que “estava em andamento, que era burocracia e blablablá e eu passando pros caras das bandas”, mas foi Adam Franklin quem o alertou: “ele me mandou a deixa, que o consulado brasileiro em Londres só poderia fazer atendimento pra novas liberações a partir de 1º de novembro e essa informação veio uma semana antes do festival, daí o adiamento foi inevitável”.
Neo Distortion, um dos sócios do Grupo Rockers, admite que houve problema com os vistos e amplia sua versão sobre os motivos que levaram o festival a não se sustentar e ser primeiramente adiado: “a falta de grana e problemas com vistos; a pouca procura por ingressos também implicou, precisávamos vender mil ingressos pra empatar, daí poderíamos cobrir tudo”.
Perguntado se houve desleixo nessa questão dos vistos, Neo discorda, “não diria desleixo, mas sim falha! Esse setor da Rockers falhou e não soube contornar”. Os pedidos de vistos ocorreram muito em cima da hora: “só foram feitos depois que nosso diretor artístico (Malizia) deu uma prensa! Mas foram feitos tarde demais! O problema já estava ali com prazo curto e não daria tempo, foi aí que rolou o adiamento”, diz Neo.
Porém, não foi só esse o problema. Neo diz que mais do planejamento saiu errado, como “o trabalho da divulgação, que rendeu muito pouco, apesar do esforço de todos; muita gente não conhece essas bandas e fizemos as escolhas erradas, fizemos mais com a paixão do que com a razão”.
O festival se viu primeiro diante de um adiamento. Mas depois teve que ser cancelado. Renato Malizia tentou renegociar datas: “lá fui eu novamente negociar com os caras o adiamento e novas datas, e até que deu tudo certo, mas daí comecei a ver o lance dos reembolsos (dos ingressos) e ficar cabreiro com o andamento (do reembolso), a ter discussões, e quando alguém diz pra eu não me meter onde não sou chamado, fodeu”.
O Motorama pulou fora, por falta de espaço na agenda. As outras bandas se mostraram interessadas em sustentar o contrato. Mas o relacionamento interno entre os organizadores do festival já estava abalada. Renato Malizia pulou fora do time, “por uma questão de credibilidade”, e deixou pra Neo Distortion e Franco Milane, outro sócio do Grupo Rockers, a tarefa de continuarem tocando as negociações.
Última imagem oficial de promoção do festival
BAIXA VENDAGEM
Mesmo sendo verdade, pouca gente acreditou na desculpa dos vistos. Normalmente, no Brasil, quando um show é cancelado, apresenta-se diversas desculpas, que podem ir de problemas com o visto a questões “de logística”. Mas aqui realmente houve o problema dos vistos – e realmente houve problema de baixa vendagem: no total apenas duzentos ingressos foram negociados.
“É meio surreal pensar que essas bandas lendárias venderam duzentos ingressos”, lamenta Neo, que não informa se os duzentos foram pra um dos dias ou qual quantidade foi vendida pra cada dia. Apesar dos números frustrantes, a baixa vendagem não foi determinante pro cancelamento. Neo diz que o festival aconteceria de qualquer forma, se os vistos tivessem saído a tempo: “acredito que sim, mas com uma adaptação de locação, não teria cabimento colocar essas bandas num lugar onde cabem quatro mil pessoas pra duzentas pessoas assistirem. Mas e depois? Teríamos muitos gastos sem ter retorno algum, a ideia era pegar uma casa que já teria a estrutura, pra enxugarmos os gastos”.
Outro problema foram os patrocínios, que não vingaram. “Não deu certo os supostos patrocínios que entrariam, e isso foi um golpe forte, pois não tínhamos toda a grana no caixa pra pagar tudo. A equipe acreditou que poderíamos conseguir fácil patrocínio pro nosso evento e não conseguimos. Sem patrocínio, poucos ingressos vendidos, fica difícil”.
Juntando tudo, chegou-se à conclusão que era melhor cancelar, embora o anúncio oficial não fale em cancelamento, só em “adiamento”.
“A diretoria entrou num consenso de que se não conseguimos em cinco meses vender mil ingressos, como iríamos acreditar que fararíamos isso em três meses? Será que entraria patrocínio? Esse público que hoje não tem cabelo comprido e que quase não sai mais vai ao festival? A real é que esse público está morrendo e isso é triste, queríamos muito ver esses ingressos vendidos, e nem é por dinheiro e sim pela realização, algumas pessoas que compraram, acharam que já tinha sido vendidos mais de mil; quando eu contei a quantidade, acharam absurda! Eu sinceramente acho que hoje as pessoas gostam mais de roupa do que de música”, analisa Neo.
O PROBLEMA DA DEVOLUÇÃO
Durante o bate-papo com Neo, ele se mostrou bastante na defensiva. Principalmente quando se tratava da devolução do dinheiro dos ingressos.
Ele diz que não há condições de sustentar o festival, mas na sequência, se vê com um fio de esperança: “ainda tenho esperanças de rever e jogar mais pro meio do ano, depende das bandas”. Mas estão canceladas as duas edições? “A principio sim, mas já pagamos parte do cachê, locação e mais algumas coisas; ainda falta uma parte do cachê”, ele responde. Das duas edições? “Da primeira! Man, se não rolou a primeira é meio ridículo falar da segunda, não acha?”.
Depois, abre o coração: “não tenho mais vontade alguma de fazer isso acontecer sem que alguém banque tudo, sem eu ter que tirar grana do meu bolso; não vale a pena, mesmo sendo um puta lineup, o risco é grande demais, se eu parar pra pensar; é simplesmente pra satisfazer o ego de meia dúzia, sendo que a maioria dessas bandas tem esse público pequeno, e isso é fato. Amo todas essas bandas, mas infelizmente essa é a verdade”.
O humor mudo na hora de tocar no maior problema da história toda, a devolução do dinheiro dos ingressos. Neo distorce um pouco o peso da responsabilidade: “as pessoas não têm paciência de esperar, querem na hora e a responsável pelo financeiro tinha gasto o dinheiro dos ingressos, eu tive que vender meu carro pra repor tudo e por isso a demora”.
Houve um espanto da reportagem com essa informação: “gasto o dinheiro” com o quê?. “Aí é que tá, há três meses estou pedindo a prestação de contas e simplesmente não me prestaram; estão fugindo até agora, se eu não tivesse corrido pra levantar esse dinheiro já estaria preso”, diz Neo. Perguntado quem seria a tal “responsável pelo financeiro”, Neo desconversa: “acho melhor não (dizer) porque já estamos em briga judicial, não estou nem citando nome pra não ficar pior que já está. Não acho que partindo pra imprensa vai ajudar a resolver, só vai piorar, desculpa mas limite-se por aí; tô bem confuso pra falar a verdade, sobrou tudo pra eu resolver”.
O Floga-se entrou em contato com a “responsável pelo financeiro”. É Tatiana Vieira, que respondeu à questão: “os valores dos ingressos foram resgatados pra pagamento de flyers, primeira parcela do pagamento da empresa dos vistos e ajuda de custo da equipe. E ele tinha total conhecimento disso. Não só ele como toda a equipe”.
Por “toda a equipe”, entenda doze pessoas no início da empresa; depois, a metade disso, sendo que três delas recebiam salários, como explica Tatiana. O dinheiro dos ingressos vendidos até ali foi pulverizado nesses custos iniciais.
Numa rápida lida na página oficial do Grupo Rockers no Facebook, que acabou sendo o repositório direto de reclamações, o casal parecia, entre os responsáveis, o mais disposto e aberto a esclarecer as dúvidas de todos.
(Logo após a publicação da matéria, Franco entrou em contato e sua resposta está abaixo, no subtítulo chamado “A Versão de Franco”)
O Gallon Drunk era um dos confirmados pro festival
Nesse fogo cruzado, ficaram os consumidores.
Desde a notícia do adiamento (quase ninguém sabe do cancelamento do festival – e até agora não há nota oficial dando esse parecer), a página do Grupo Rockers no Facebook começou a se encher de descontentes compradores de ingressos, que gostariam de informações sobre a devolução do dinheiro. Ameaças de processo, Procon, insegurança. Ninguém recebia informação clara e adequada sobre esse direito.
Segundo Neo, o barulho foi pouco: “quando se tem uma situação desse tipo, sempre tem meia dúzia de agitadores, ‘vamos malhar o judas’; se você olhar, é meia dúzia que estava postando reclamações com ameaças e tudo mais. Pra esse tipo de pessoa, me desculpe, demos a informação que estávamos organizando a devolução e prefiro não entrar em pilha desse tipo até porque não é nem um pouco necessário, e muito menos saudável pra quem está com um pepino nas mãos”.
A demora na devolução não era compartilhada apenas entre os compradores. Pontos de venda também ficaram irritados em se ver no meio da guerra declarada. Um deles, inclusive, pediu que não fosse sequer citado nominalmente nesta matéria. Prefere distância: “sinceramente, não gostaria de ver o nome do meu estabelecimento mais uma vez associado a esse evento, então se você puder não citar meu nome e nem o da loja… O que posso dizer é que éramos apenas um ponto de venda de ingressos, fizemos isso só pra ajudar os organizadores, na boa fé. Não ganhamos nada com isso. Não tivemos nenhum envolvimento com a organização do evento, nem com o cancelamento. Depois de duas semanas do cancelamento (na verdade, do adiamento), os organizadores nos devolveram o dinheiro e então pude começar a reembolsar as pessoas que compraram na loja. Espero resolver essa situação o mais depressa possível e voltar o foco ao meu trabalho, que é comércio”.
E termina bruscamente a conversa: “não vou mais disponibilizar minha loja como ponto de venda de ingressos pra esse evento”. Perguntado quantos ingressos seu estabelecimento vendeu, não respondeu.
Pra Neo, não houve demora: “não sei se foi demorado ou se criou-se um desespero de as pessoas acharem que estávamos agindo de má-fé; a verdade é que corri o máximo que pude pra fazer isso, caso contrário eu não tinha vendido algumas coisas minhas pra fazer isso, até porque o maior interessado em devolver o mais rápido possível era eu”.
No Facebook do Grupo Rockers, em 8 de novembro de 2012, às 18:53, Franco Milane publicou: “me propus a ajudá-lo (ajudar Neo) a devolver o dinheiro dos ingressos das pessoas que os compraram (ajuda em fazer depósitos e até mesmo levar o dinheiro até a pessoa, se necessário). Porque esta responsabilidade é dele, a partir do momento que a ideia do Festival e a empresa são dele, mas a última informação que obtive do senhor Nielson, às 15:00h de hoje, após alguns farpos trocados por tamanha irresponsabilidade, era que o ‘dinheiro da venda do carro dele’ sairia somente segunda-feira (12/11), esta é toda a informação que tenho pra lhes passar, já que não faço mais parte do Grupo. Ele ainda vai ter alguns gastos só pelo Festival não ter acontecido e está tentando de todas as formas devolver tudo pra todos, mas a veracidade com que isso está sendo feito que é questionável. A princípio, esta é toda a informação que tenho a respeito da grana dos ingressos… Tudo isso é muito triste, a partir do momento que a intenção de tudo não era esta, se fosse não teríamos nem começado e quero pedir desculpas a todos. Sei que este pedido não ajudará a resolver a situação (…)”.
Apesar de tudo, Neo diz que é simples o processo de devolução: “quem comprou em loja tá disponível na loja, quem comprou no PagSeguro, será depositado”. O problema é que muita gente nem sabia que o festival havia sido cancelado. Faltou comunicação, informação adequada.
A pessoas que compraram ingressos, pelo o que a reportagem apurou, estão realmente sendo reembolsados. Aos poucos, na marra, mas estão. Neo informa que basta enviar o comprovante e número da conta pra neodistortion@hotmail.com. As pessoas estão encontrando dificuldades por essa via, mas algumas estão conseguindo.
A VERSÃO DE FRANCO
Minutos após a matéria ser publicada, Franco manda sua versão dos fatos, que acrescenta mais um problema financeiro, o estúdio que estava sendo inaugurado. Eis seu depoimento na íntegra:
“Tudo começou por causa da banda Set The Settings. Um dos fundadores era o senhor Nielson. Fui convidado pela banda pra um teste, que foi bem sucedido, e começamos a ensaiar vorazmente, à tarde e à noite, de madrugada, pois eu e o baixista trabalhávamos e só podíamos chegar após a uma da manhã. Quando menos, surge a oportunidade de comprar o ponto do estúdio que ensaiávamos e a Tatiana se propôs a dar a entrada e depois correríamos atrás de pagar o restante parcelado… E ele, Neo, citou que poderia pedir ajuda a um investidor da família dele. Fomos até essa pessoa e fizemos a proposta de empréstimo pra investimento no estúdio.
“Nós tínhamos como planejamento fazer o estúdio se pagar em seis meses e depois fazer o festival em janeiro, com mais segurança. Mas o senhor Nielson meteu os pés pelas mãos e já começou a marcar reunião com a equipe, data com as bandas, e nós, como sócios e amigos que éramos, confiamos que ele tinha a quantia necessária pra fazer o festival, e continuarmos a reforma do estúdio. A reforma começou a dar seus problemas. Tínhamos que terminá-la pra poder dar continuidade ao festival. Quando fomos atrás do investidor pro empréstimo pro festival, que o senhor Nielson dizia que tinha, na verdade, não tinha e nós já tínhamos marcado data com as bandas, fechado local do evento e estadia de todas as bandas, afinal de contas era uma das prioridades, porque eram ao todo 21 pessoas. E do nada tivemos que correr atrás de patrocínio fora de época e sem um projeto consistente…
“Tentamos empréstimos de tudo quanto foi jeito pra tentar cobrir o que o festival necessitava. Fomos atrás das melhores marcas, mas, como disse, tudo fora de época, pois cada empresa tem sua cota por ano pra patrocínio e prazo pra proposta. O Festival foi chegando e o dinheiro que havia foi acabando e foi esperado até o ultimo ‘minuto’ pra dar entrada nos vistos. Ainda precisávamos de uma divulgação mais contundente, por isso não foi vendida a quantia de ingressos que esperávamos no tempo que queríamos.
“Teve um tempo que estávamos correndo atrás da grana pra pagar contas do festival, ao invés do investimento em divulgação, tais como rádio, banners e cartazes, mídias sociais e a até mídia de metrô. Se formos parar pra pensar, duzentos ingressos vendidos é bem pouco pro porte e quantidade de bandas que o festival tinha. Fomos nos enforcando e recursos se esgotando, falhas sendo cometidas, como vazamento de informações internas pro publico e nós bem sabemos como essas coisas são… Salários abusivos pra equipe atravessando o trabalho da Tatiana, que era quem cuidava desta parte…
“Com tudo, o senhor Nielson foi se enforcando com o que prometia pra equipe e todos perdendo a paciência. Foi quando todos pularam fora, antes que a coisa ficasse pior e queimasse de vez o nome de todos os envolvidos. A minha posição perante tudo foi sempre junto à equipe, correndo atrás das necessidades do festival até o ultimo minuto. Até hoje, o senhor Nielson tenta fazer o festival, não sei como mais tenta. O nome da empresa está pra ser protestado. Também existe o risco certo de processo trabalhista pelas promessas de salários e permissão de deixar empregos atuais pra poder trabalharem com mais foco com a Rockers. Nosso intuito era fazer uma produtora diferente, sem apelação de corporativismo. Com ideias bacanas e sociais. Trazer bandas inéditas para o Brasil e tudo mais. Mas tudo isso foi jogado fora (…).
“Por isso houve demora no ressarcimento dos ingressos do festival. Porque o senhor Nielson ficou sozinho com a empresa e com tudo que ela acarretou por causa das mancadas com praticamente todos os envolvidos. Gostaria de ressaltar no belo trabalho que foi feito por toda a equipe do Festival. O festival só não aconteceu por falta de dinheiro. Se tivéssemos todo o dinheiro necessário, teria sido um sucesso”.
NO RIO DE JANEIRO
Do outro lado da Ponte Aérea, a história foi outra. Na capital fluminense, aconteceriam apenas os shows do Telescopes e do Adam Franklin, mas ambos via financiamento coletivo, viabilizado com a grana dos próprios fãs.
A organização partiu da dupla Vinícius Leal e Tati Guimarães, fundadores da plataforma “Vaquindie”. Segundo Leal, “a ideia do financiamento coletivo partiu da Tati que estava comigo nessa; começou quando a gente estava tentando trazer pro Brasil o Dinosaur Jr, pra fazer shows em novembro, já que eles vão tocar no Chile e agora na Argentina também. Fizemos contato, começamos a negociar. Estava bem encaminhado, e junto com isso começou a história do festival (do Rockers). Ficamos empolgados em trazer o Telescopes, (já que) o festival inteiro seria inviável financeiramente falando”.
“Daí, o Dinosaur Jr não rolou, eles tinham outros planos, chegaram a falar de sondagens de festivais no Brasil pro ano que vem, o que financeiramente pra eles é bem melhor. Daí, focamos pro Telescopes e a gente começou a pilhar muito em trazer o Adam também – e o próprio Adam queria muito vir pro Rio, mas como o show seria numa quarta-feira… A gente tinha uma preocupação, fizemos a “vaquindie” no sistema de cotas pro Telescopes e deu certo. Vendemos as quarenta cotas que precisávamos e começamos então a pensar no Adam, em como faríamos… Daí, tivemos a ideia de fazer algo parecido, só que ao invés de cotas, fazer com antecipados; pensamos num numero “x” de ingressos vendidos antecipadamente pra reembolsar a galera que comprou a cota do Telescopes e também cobrir os custos do Adam”, conta Vinícius.
Curiosamente, apesar das dificuldades de viabilizar os shows no Rio de Janeiro, após a notícia do “adiamento”, não houve problema algum na devolução da grana dos ingressos: “quem comprou a cota ou antecipados, recebeu a grana de volta, isso correu de maneira fácil”.
A facilidade se deu porque toda a transação aconteceu via PayPal, sistema online que fica com o dinheiro até o resgate. “A gente nem tocou no dinheiro, de maneira alguma. A ‘revolta’ só aconteceu porque o público não ia assistir ao show. E outro detalhe: a gente devolveu a grana pra todo mundo no dia seguinte que soubemos (do adiamento)… Tava tudo de volta, e só aí divulgamos, horas depois, que não ia mais rolar o show, pra justamente não gerar nenhuma expectativa negativa no público” com relação à devolução do dinheiro dos ingressos.
Foi um péssimo começo pra Vaquindie, que ainda vai realmente “iniciar”, já que até o site foi inaugurado meio às pressas. Sobrou a frustração: “a gente aqui ficou bem frustrado, preocupado… Tipo, foi nossa primeira experiência com a Vaquindie, nossa primeira experiência internacional. Ficamos muito preocupados com o nosso nome, porque foi difícil o povo confiar, sabe, e já acontece isso de cara? Mas, acho que por outro lado, nossa rapidez em resolver a situação do público, contou muito a favor também. Até nossa relação com a casa, o Teatro Odisseia, foi legal, eles entenderam, foi ótimo”.
O Rockers Noise Festival já é página virada pra dupla do Vaquindie: “não estou mais ligado nisso;
eu e a Tati já estamos vendo outras coisas bem legais pro ano que vem… Não podemos adiantar nada ainda.
Não está nada 100% fechado”.
O final da experiência acabou sendo um bom aprendizado. “A gente tinha e tem muito pouca experiência,
tivemos alguns erros, e sempre vinha alguém dar um toque, isso foi muito legal. Infelizmente aconteceu isso tudo. Porém, o prejuízo foi minimo”.
Vinícius encerra agradecendo ao público, que comprou as cotas e os antecipados, vendo tudo de forma positiva: “o publico foi muito parceiro nosso, foi muito legal ver o movimento crescendo”. E do Grupo Rockers, no final das contas, tem em boa estima a parceria com Renato Malizia: “ele foi espetacular com a gente, incrível, tava ajudando muito pra que esse show acontecesse”.
SALDO FINAL
O Rockers Noise Festival está oficialmente cancelado. Perguntado se poderia se aventurar novamente numa empreitada dessas, Neo diz: “andei pensando muito e te digo que eu jamais vou desistir, mas faria de outra forma e escolheria outras bandas, pensando como empresário e não como um romântico”.
Renato Malizia pensa o mesmo e promete seguir promovendo eventos como o que trouxe o Ringo Deathstarr em agosto e setembro de 2012, considerado por ele um sucesso – não financeiro, mas artístico.
E o Rio de Janeiro ganhou mais uma plataforma e uma dupla disposta e mexer-se por bandas fora da rota.
No final, o Rockers Noise Festival se mostrou uma aula de como não promover um festival. Sobra a torcida pra que os envolvidos tenham aprendido algumas lições e que esse aprendizado retorne bons shows pra uma parcela do público ávida por espetáculos de bandas fora do indie festivo ou do mainstream.
[…] ATUALIZADO O festival foi cancelado. Leia a matéria completa aqui. […]
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Eu só queria entender até agora quem achou que repetir exatamente o mesmo lineup, 2x na mesma semana, numa terça e numa quinta, na mesma cidade, em lugares nada tradicionais seria uma boa ideia.
Que ideia de jerico 2 escalações idênticas na mesma semana e na mesma cidade.
[…] Rockers Noise – o Festival que não aconteceu (aqui) – Tiago Agostini conversou com Jarvis Cocker, do Pulp (aqui) – Bruno Capelas conversou com Cao […]
[…] ATUALIZADO Com o cancelamento do Rockers Noise Festival, este show também foi cancelado. Leia a matéria compl… […]
Então… só pra matar a curiosidade de vocês.
Fizemos uma reunião para decidir o segundo dia onde e como seria… decidimos que o dia 01/11 serio em um lugar menor e direcionado aos patrocinadores, apoiadores, colaboradores, donos das baladas que a equipe conhecia e amigos… Saímos da reunião e fomos pra casa…quando eu acordei no dia seguinte a informação havia sido vazada por nada mais nada menos que senhor Nielson… como ele tem problema de TDAH (um monte de gente tem e nem sabe) http://www.tdah.org.br/index.php?option=com_k2&view=item&layout=item&id=11&Itemid=116&lang=br , chegou em casa e soltou a notícia na fan page… a equipe fez um trabalho tão bom de divulgação na fanpage que qualquer post era no minimo 300 visualizações então quando esta noticia foi postada um monte de gente viu, curtiu e compartilhou… imaginem a situação… até descobrirmos quem foi que postou pois a equipe tinha acesso como administrador por isso a demora de achar quem foi e quando isso aconteceu era tarde… e não queriamos começar mal e cancelando uma noite… a idéia era divulgar esta noite 2 semanas antes venderia todo o planejado… se divulgássimos isso no dia 30/10 e no dia 31/10 seria incrivel do mesmo jeito e a imprensa ia adorar porque o plano era colocar todo mundo pra dentro do Festival…será que ia dar certo?
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