ROTEIROS DA BLOGOSFERA: RAIPER E VAIBER – EP. III

Vaiber está em seu quarto, luz apagada, apenas com o monitor iluminando o ambiente – como sempre – e fita a tela com olhos fixos num ponto qualquer, sem piscar.

Raiper está na mesma situação, só que no seu quarto, coçando a barba e tem fones de ouvido que não causam reação nenhuma com a música que toca.

CENA 1 (noite – interna)
O telefone toca. Vaiber desperta do seu transe. Lentamente estica o braço pra atender o telefone. O quadro é dividido enquanto os dois conversam ao telefone.

Vaiber (nada empolgado): Fala, Raiper!
Raiper: Como você sabia que era eu?
Vaiber (bocejando): Quem mais poderia ser às duas da manhã? Por que diabos você não me chamou no chat?
Raiper: É que tive uma ideia e me empolguei pra falar logo contigo. Leu o que o Lúcio Ribeiro publicou hoje, sobre aquela banda que vem ao Brasil?
Vaiber: Aquela banda chata pra cacete, que eu nunca sei o nome?
Raiper: Ela mesma, misturando guitarras indie com batidas eletrônicas, com um vocalista que não sabe cantar e não para de pular que nem micareteiro, pra bombar as indie parties, essas coisas.
Vaiber: Sim, essa bosta… O que tem?
Raiper: Vamos falar mal. Vamos descer o porrete, fazer uma crítica fodendo a banda. Bora ser polêmicos, que é o que dá audiência hoje em dia!
Vaiber (se empolgando): Puta merda, é isso! Nada é mais polêmico do que falar mal de bandas que os indies gostam e peitar o Lúcio Ribeiro. Tô dentro! Bora polemizar! Vou pensar em algo aqui e amanhã mesmo escrevo uma análise dessa bandinha de merda.
Raiper: Fechou, mas seja o mais cruel, irônico e ácido possível! Mostre pro nossos leitores como a gente é coerente e independente, que nunca gostamos de bandecas idiotas assim! Nosso lance é originalidade, artista inquieto, que foge dos padrões!

CENA 2 (dia – interna)
Vaiber digita freneticamente. Seu rosto está transtornado, modificado pela euforia com que escreve. De repente, celular toca. Ele atende sem tirar os olhos da tela. O quadro novamente se divide enquanto falam ao telefone. Ambos mantém o mesmo cenário: quarto, barba, sem camisa, mas alguns poucos raios de sol passam pelas frestas da janela, anunciando o dia.

Vaiber: Sabia que você ia ligar. Tô aqui descendo o porrete na bandeca. Vai ficar um post polemíssimo!
Raiper: Então, você vai gostar mais ainda da informação que acabei de receber: o show dessa bosta de banda indie aí vai ser numa festa fechada, véi!
Vaiber (levantando-se, triunfante): Caralho! Agora, sim, é pra fuder! (solta uma risada maligna) Festa fechada? Esses caras se fodem sozinhos, isso é polêmica pronta, tipo pista vip! Ae, Lúcio bostinha Ribeiro: (destaca cada sílaba) o se-nhor es-tá fo-di-do!
Raiper: Sabia que você ia gostar dessa! Manda ver!

CENA 3 (cartaz – black)

Lettering: Uma hora depois…

CENA 4 (dia – interna)
Mesmo cenário da Cena 2.

Vaiber: Alô, Raiper? Fale… Tô quase acabando aqui.
Raiper: Então, véi, acabei de receber um e-mail do Lúcio Ribeiro. Ele falou que admira nosso site, que nosso público é grande, e que quer porque quer que a gente vá à festa fechada, que vai ter o show da tal banda. Véi, se liga: drinques à vontade e mulherada por lá.
Vaiber: Sério? Puta que o pariu, esse Lúcio Ribeiro é um cara fodão, sempre gostei dele.
Raiper: Classe, né? Vai ter até um lance da gente sortear uns pares de ingresso no site.
Vaiber: Ah, véi, beleza mesmo! É que essa banda é a cara do nosso público, os nossos leitores adoram.
Raiper: Sim, uma baita banda. Tipo salvação do rock, véi. Só curte quem entende o lance de fato.
Vaiber: Exatamente, era isso que eu tava escrevendo aqui nesse post. Bandaça. Não vejo a hora de tá lá.

Fade lento pra black.

FIM
Sobem créditos.

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