O trio paulista (de Indaiatuba) S.O.M.A. esteve nos Estúdios Trama dia 28 de março de 2012. Pra uma banda pequena, é um acontecimento e tanto. A envergadura da importância é tamanha, que a banda resolveu compilar a apresentação inteira como um “ao vivo”, pelo seu selo, a Sinewave. O disco ainda não tem nome, nem data de lançamento, mas você pode ver três vídeos dessa empreitada aqui.
“Vídeos são dessas três, mas no total vão ser lá pra umas doze ou quinze músicas, preciso rever”, diz Lucas Lippaus Mateus, guitarrista da banda.
Por que lançar um disco ao vivo? A apresentação foi especial o suficiente ou era uma intenção prévia? Lucas responde: “vemos a apresentacao da TV Trama como algo gigantesco, porque, se não me falha a memória, as únicas bandas do post-rock que já se apresentaram lá foram a Labirinto e a Fossil, que são bandas com ótima estrutura. Muitas que conheço, que deveriam tocar lá, por enquanto não foram”.
Ele completa, com uma alta dose de humildade – ou pé no chão: “pra gente, tocar lá foi uma coisa absurda, surreal. É um lugar de altíssimo nível, e nós nem achamos que temos o nível necessário pra tocar lá; usamos instrumentos ruins, nossa execução não é excelente… E lançar um disco com as gravações do show vai ser uma forma de imortalizar esse tal absurdo que aconteceu pra nós (ri), sem falar que a captação do som lá é impecável”.
O ao vivo ainda sem nome vai ser o primeiro registro da banda após o excelente “Deus Ex Machina”, de 2011.
Lucas acredita que esse vai ser uma nova etapa na história da banda: “a captação do estúdio é tão monstruosa em relação à qualidade, que simplesmente acabei não reconhecendo a banda (ri). Nunca foi tirado um som tão bom dos nossos instrumentos”.
Eis, então, que vem uma questão importante: esse resultado superlativo não coloca em cheque o que a S.O.M.A. vai fazer daqui pra frente? Como igualar, então, essa qualidade? Vão ter que meter a mão no bolso? Lucas se diverte com a situação: “sim, sim… Pensei nisso já (ri). Estamos todos fudidos a partir de agora (solta uma risada). Você nunca pode deixar a qualidade cair, sempre vai ter que melhorar, crescer em tudo. Nos nossos próximos discos já vamos ter que investir mais pesado, sem falar também que vamos ter que comprar instrumentos melhores…”.
Mas essa encruzilhada técnica e até criativa dá um impulso pra banda se superar, levar tudo mais “a sério”. “Depois dessa apresentação, percebemos o quanto temos que melhorar, agora estamos economizando dinheiro pra comprar instrumentos melhores, tentando ensaiar, o que infelizmente é difícil, pois o Elvis (Cantelli, baterista) e o (baixista, André) Anti têm a faculdade pra terminar e eu tenho um trabalho, a Herod Layne e agora a própria Sinewave pra cuidar – me tornei sócio do Elson (Barbosa) recentemente”.
No fim das contas, apesar de todas as dificuldades, essas pagas são as que fazem valer a pena qualquer esforço. Mas é bom reafirmar a ideia-chavão de que nenhuma dificuldade pode parar a S.O.M.A.: “só se alguém bater as botas”, brinca. “Digo bater as botas porque eu sinto que nenhum integrante da banda é substituível, cada um tem seu próprio estilo de tocar, o André sempre fazendo acordes no baixo, o Elvis sempre tocando daquele jeito exagerado e eu fazendo o que sei fazer de melhor, barulho”, diverte-se.
Esse bando de “moleques caipiras revoltados com tudo”, como Lucas definiu o trio, ganhou uma injeção de ânimo, um afago considerável pra somar à sua já respeitável trajetória. A vontade de fazer barulho só cresceu.
“Mantra 1”:
“Farewell 1”:
“.G”: