“Toda festa é mística. Todo fim de festa é apocalipse. O dia a dia. As contas. A luz. Os santos observam a rotina com fios transcendentais de linhas de máscaras carnavalescas. Temos na tristeza a euforia da beleza. Essa beleza é toda beleza. Toda música. As araras ainda levam em suas asas o sol que evapora a cidade antes da chuva ácida”, descreve a Siléste a respeito do seu terceiro disco, “Exílio”, lançado em 8 de dezembro de 2020, pelas mãos da Lezma Records.
Everton Cidade (vocal), Leonardo Serafini (guitarra) Cris Spaniol (guitarra), Mádger Barte (bateria) e Mateus “Xingo” Ribeiro (percussão e vocal de apoio) retomam seu rock bêbado subterrâneo, cru, guitarras limpas e diretas, letras poéticas (de Cidade), já vistos nos trabalhos anteriores, os igualmente bons “Siléste” (2012, leia e escute aqui na íntegra) e “Alien/Iansã” (2015, leia e escute aqui na íntegra).
Em entrevista ao Diário de Canoas (Rio Grande do Sul), o vocalista Cidade definiu o trabalho como um “disco de observador, um vigia noturno entediado. O que mudou? Ficamos sem a euforia. Mas mantivemos o amor”.
Embora o disco tenha sido gravado há três anos, lançá-lo agora pareceu um tanto oportuno, em meio à situação nada agradável vivida pela humanidade. Um “Exílio” é o que a situação nos exige, mas é justamente o que não entregamos. E vamos perdendo pra nós mesmos. Não conseguimos fazer nem o que se espera de nós. Perdemos.
“Mas mantivemos o amor”, segundo Cidade. Pode ser. O otimismo ainda é uma das nossas poucas virtudes intactas. O resto só nossos vícios podem sustentar. Qual o seu?
As seis faixas (com quase vinte minutos) têm produção e gravação com a assinatura de Leonardo Serafini e Cris Spaniol.
Spaniol também mixou e masterizou a obra.
1. Folia
2. Rês
3. Cachacinha
4. Àyà
5. Patuá
6. Linha Céu