SINGLE PARENTS APRESENTA MÚSICAS NOVAS NO URBAN LOUNGE

Confesso que não engolia muito o Single Parents no primeiro EP. Algo, pro meu gosto, não descia bem, um som limpo e “bem produzido” demais (entre aspas porque ser bem produzido, de fato, não é um demérito, mas prefiro algo bem mais sujo, mesmo que uma sujeira bem produzida). Mas fui alertado que a banda ao vivo era um arregaço sonoro.

Com música, comida e bebida não sou de recusar sem antes provar. Além do mais, naquela noite gélida de 8 de julho de 2011, depois de um dia insano de trabalho, fui ao Urban Lounge, na Lapa, com a certeza de que o Hierofante Púrpura e o Loomer não poderiam me decepcionar e valeriam as adversidades do frio e do cansaço.

Mas a noite começou a dar errado. A casa abriu só onze e meia da noite, o que levou o Single Parents a subir ao palco pra lá da meia-noite, atrasando todo o cronograma. Cansado por um dia estafante e perto de estar 24 horas acordado na labuta, previ que o Loomer ligaria seus instrumentos depois das duas da matina e perderia o que acreditava ser o filé-mignon da noite.

Enganei-me – mais uma vez. Quando o Single Parents subiu ao palco, vi que estava enganado pela segunda vez. Enganei-me por predizer o som da banda. E o auge do arrependimento, numa certeira surpresa de quem não é admirado à toa por quem eu admiro, se deu com o Single Parents deixando meus ouvidos zunindo, num final de apresentação arrebatador, emendando “Escape” com “Breed”, uma cover parruda do Nirvana.

No miolo, várias músicas novas, ainda sem nome, numa amostra do que Fernando Dotta, vocalista e guitarrista da banda, me disse certa vez: o disco está mais barulhento. A julgar pelo o que vi e ouvi no Urban Lounge, está mesmo, e promete ser um discaço. O álbum tá pronto, mas a banda deu um passo a mais, pedindo a ajuda dos fãs, no site Catarse, de projetos colaborativos (clique aqui pra saber mais e ajudar, claro).

No fim, tímpanos em vibração contínua, cérebro em felicidade aguda, mas com as pernas e o corpo velho de quase quatro décadas cansados e pedindo arrego pelo dia estafante de trabalho, desisti. Vi um trecho do Hierofante Púrpura e nada do Loomer, infelizmente. O sabor, porém, era de filé-mignon. Havia três filés naquela noite – a constatação do meu segundo engano. Se ela começasse num horário decente, teria sido candidata a melhor noite do ano, com três shows irrepreensíveis.

Foi, entretanto, a noite da redenção e da mão à palmatória: julgar por antecipação é o maior dos enganos. O Single Parents consertou tudo.

1. Rockão (nome provisório)
2. Homesick
3. Beginning Of Your Rage
4. Shook Down (Yuck cover)
5. Sem nome 1
6. Sem nome 2
7. Escape / Breed (Nirvana cover)

Veja um vídeo exclusivo de como foi o encerramento acachapante da apresentação, com “Escape”/”Breed”:

As fotos deste post são de Bea Rodrigues e você pode vê-las (e muitas outras) no formato original aqui no site do We Shot Them. Faça isso.

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