O EP tem apenas doze minutos. Pra quê mais? O trio SLUSH, de Melbourne, Austrália, tem a urgência inofensiva da adolescência, onde tudo é exatamente isso: urgência.
Acacia Coates, Caitlyn Bardsley e Scout Tester descem a mão no que pode ser classificado como punk, como emo, como hard bubblegum, como power-pop, o que você quiser inventar pra invadir os ouvidos com notas sujas, vocais desafinados, guitarras aceleradas e nenhuma criatividade, apenas uma vontade latente de diversão.
O discurso, porém, está em sintonia com a problemática central das sociedades “ocidentais”: feminismo, emponderamento, sexismo, identidade de gênero e quetais. A juventude hoje não fala de amor como falavam seus pais, tios e avós. Embora a explosão hormonal ainda seja a mesma de gerações passadas, a disposição pra pular, se embebedar e se drogar a noite inteira idem, não se permite cair em armadilhas armadas pela sociedade machista e intolerante de outrora. Divertimento, sim, mas calma lá onde vão colocar o pé.
“Slush”, o EP, é divertido pois passa rápido, como também exige-se nos dias de hoje. Pra, então, partir pra outra. A fila anda e tals, mas ela sempre pode dar a volta. E “Slush” quase exige isso. Tem um “one, two, three, four” (em “Bono”, falando de algumas idiotices do vocalista do U2, aquela “banda de tiozões”), porque é simplesmente inevitável.
“Slush é um trio de Melb que faz power-pop / garage-rock que é doce e cativante, mas também atrevido. É provável que você o encontre cantando sobre as maravilhas dos copos menstruais ou falando merda dos caras idiotas”, diz a descritivo da banda. É um resumo aceitável e incentivável. Ninguém imagina palavras fáceis e bem-colocadas. Pra quê? O U2 já faz isso, a banda já tem uma posição a defender. O Slush não. O seu único quinhão a ser defendido é o da urgência em se divertir e passar o recado: somos jovens, mas não somos moleques.
O disco foi lançado em 10 de maio de 2019, pela Hysterical Records.
1. Bleed
2. Keep Cup
3. Middle Name
4. Salty
5. Bono