SOBRE SELOS: 10 MÚSICAS PRA ENTENDER A FACTORY

Foram apenas quatorze anos, mas o suficiente. Alan Erasmus e Anthony Wilson fundaram a Factory Records em 1978, em Manchester, cidade industrial fria e mal humorada no norte da Inglaterra, e com ela causaram um furacão que mexeu com a música jovem mundial.

Basta dizer que foram eles que lançaram o Joy Division (foi o primeiro disco cheio da gravadora), o New Order, o A Certain Ratio, o Durutti Column, o James, o Section 25, o Quando Quango e, claro, o Happy Mondays.

A Factory, assim como a 4AD (veja aqui), tinha um identidade própria – e não só criada pelas belas capas de Peter Saville, mas pelo escárnio desengonçado e purista (inocente?) de Wilson, que insistia em não manter vínculo contratual com suas bandas, a título de “liberdade”, e acreditava na expressão artística acima da rentabilidade financeira.

Foi assim que nasceu o The Haçienda (em maio de 1982), um dos clubes mais famosos do mundo, onde surgiu a cena Madchester, onde a loucura toda das drogas sintéticas ganhou impulso glamouroso, aliada a uma música que misturava guitarras e batidas dançantes.

A despeito dessa ser a cara da Factory, nem só de sons eletrônicos ela vivia. O Durutti Column é um exemplo, mas havia também o Factory Classical, um braço do selo que lançava artistas de música clássica.

O núcleo artístico da Factory, entretanto, girava em torno de quatro artistas: The Durutti Column, A Certain Ratio, Joy Division/New Order e os malucos do Happy Mondays. Provavelmente, nenhuma gravadora teria o direito de pedir muito mais do que isso. Mas pra Wilson e companhia, tudo acontecia, mesmo que de um jeito torto. Por exemplo, “Blue Monday”, do New Order, se tornou o single mais vendido da história à época, e mesmo assim não rendeu um tostão, já que o dinheiro ia todo pra cobrir o rombo do Haçienda.

A história, você sabe, pode ser conhecida em divertidos detalhes (e equívocos) no filme “A Festa Nunca Termina” (24 Hour Party People, ING, 2002, de Michael Winterbottom). Mas, musicalmente, nada melhor do que ouvir essa história com uma lista de dez músicas de dez artistas relevantes do rol do selo.

A Factory fechou o caixão em 1992, quando as contas pra pagar o Haçienda e as gravações em Barbados do último (até aquele momento) disco do Happy Mondays, “Yes Please!”, levaram a empresa à falência. A London Records ficou com a maioria do cast e catálogo, sem esforço algum.

Tony Wilson morreu em 2007, aos 57 anos, de câncer nos rins – até seu caixão ganhou um selo Factory, o FAC-501. Tudo era uma grande diversão pra Factory.

01.
Música: “Disorder”
Artista: Joy Division
Disco: “Unknown Pleasures”
Ano: 1979

02.
Música: “Jaqueline”
Artista: The Durutti Column
Disco: “LC”
Ano: 1981

03.
Música: “Blue Monday”
Artista: New Order
Disco: “Blue Monday / The Beach” (Single)
Ano: 1983

04.
Música: “Inspiration”
Artista: Section 25
Disco: “From The Hip”
Ano: 1984

05.
Música: “Hymm From A Village”
Artista: James
Disco: “James II” (Single)
Ano: 1985

06.
Música: “Bootsy”
Artista: A Certain Ratio
Disco: “Force”
Ano: 1986

07.
Música: “Brighter”
Artista: The Railway Children
Disco: “Reunion Wilderness”
Ano: 1987

08.
Música: “Getting Away With It”
Artista: Electronic
Disco: “Getting Away With It” (Single) / “Electronic” (Álbum)
Ano: 1989 / 1991

09.
Música: “Kinky Afro”
Artista: Happy Mondays
Disco: “Pills ‘n’ Thrills And Bellyaches”
Ano: 1990

10.
Música: “Funky Munky”
Artista: Northside
Disco: “Chicken Rhythms”
Ano: 1991

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