Confesso que antes até do que o som dessa banda, o que me chamou atenção foi a história associada ao nome. E quem conhece tal história não tem como ficar impassível ao ler “tamam shud” como o nome de um grupo de música.
Tá certo, antes os canadenses do Auroch lançaram “Taman Shud”, em 2014, e havia uma banda dos anos sessenta chamada Tamam Shud (com “m”).
Cabe explicar. TAMAN SHUD é como o quarteto Greg (guitarra), Tasha (baixo e teclado), Derry (baixo e guitarra) e Nick (bateria e vocal), todos na faixa dos vinte anos, se intitula, baseado numa estranha história acontecida na Austrália em dezembro de 1948, quando um homem desconhecido apareceu morto numa praia. Até hoje ninguém sabe sequer do que ele morreu ou quem ele era. A história é bem explicada no vídeo a seguir:
“Tamam shud”, com “m”, é persa e significa “terminado” (ou “é o fim”), que é como se encerra a coleção de poemas chamada “The Rubaiyat”, de Omar Khayy?m. Durante a cobertura do caso à época, porém, a imprensa local grafou “taman” com “n” e assim ficou – inclusive pra banda.
O caso é misterioso e o mesmo adjetivo vale pro som da banda. O quarteto Taman Shud lançou um disco compartilhado com o Fat White Family, em 2013, e chamou atenção pro seu pós-punk demoníaco-psicodélico-no-wave-noise.
É nessa linha que segue “Viper Smoke”, o primeiro disco cheio. Lançado em 19 de janeiro de 2015, via Trashmouth Records, com produção do dono do selo, Liam D. May, o trabalho é sujo, cavernoso, cheio de guitarras barulhentas, sons religiosos, gritos, vocais guturais e solos deslocados (ouça “The Hissing Priest’s Remains” pra se ter uma ideia). A imagem (como você pode perceber nos vídeos abaixo) é sangue, demônios, escuridão e baderna.
O disco é uma mistureba grande. Pra ser ter uma ideia, vai do Bauhaus em “The Hex Inverted” ao drone de “By The Smoke From Below The Lamp Is Kindled Above”. É divertido, ainda mais se você levar em conta que a banda é formada por quatro nerds que fazem trabalhos burocráticos em escritórios caretões.
O resultado é um equilíbrio difícil de acreditar, entre a seriedade e a auto tiração de sarro. Não tem muito mistério: é diversão e é muito bem-vinda.
Ouça na íntegra:
01. The Hissing Priest’s Remains
02. The Ziggurat, A Mirage
03. The Hex Inverted
04. I Tego Del
05. Viper Smoke
06. Summon The Cursed, Curse The Summoner
07. Book Of Lies
08. Crime Cycle
09. Moonstruck Psychic Violence
10. By The Smoke From Below The Lamp Is Kindled Above
Veja o vídeo oficial de “Viper Smoke”:
E o vídeo oficial de “The Hex Inverted”:
E ao vivo, lá em 2012: