TAME IMPALA NO CINE JOIA – COMO FOI

O Tame Impala se mostrou um caso curioso: não tem aquele apelo festivo que faz a cabeça da molecada nas horrendas indie parties, nem apresenta um som tão ousado pra atrair os mais exigentes e “cabeções”, nem mesmo tem histórico ou hits radiofônicos pra contabilizar fãs histéricos. Mesmo assim, tinha de tudo no Cine Joia, nessa noite de quarta-feira, 15 de agosto de 2012, com ingressos a 140 dinheiros – menos espaço: a casa estava quase lotada.

É provável que apresentação no dia anterior, fechada ao público, com transmissão ao vivo pelo canal Multishow, tenha instigado a audiência. Os elogios começaram a pipocar nas redes sociais durante o evento e transmissão. É provável também que o cartaz em 3D tenha atiçado a curiosidade.

Mas um giro rápido com o olhar pela pista e dava pra perceber que a banda ganhou adeptos por conta própria, além de qualquer teoria. Era possível ver algumas “tribos” misturadas, aqui e ali, entre os presentes que apenas admiravam, apreciando a massa psicodélica (“massa” porque o som do Cine Joia continua sofrendo, embolado): era gente pulando, arrumando rodinhas de pogo, batendo cabeça, lindas donzelas sacudindo seus bem cuidados fios de cabelo e dançando de olhinhos fechados, cervejas ao ar, naquele gesto de louvação… O Tame Impala parecia hipnotizar esse pessoal.

Kevin Parker e companhia (cinco integrantes: baixo, bateria, guitarra e teclado) eram, como bem notou um amigo, a personificação do Pink Floyd fase-Barrett pra quem não viveu aquele final dos anos 1960 – ou seja, praticamente nenhum presente e nem a banda, obviamente. Teria sido daquela forma quarenta e tantos anos atrás?

Outros apontaram uma semelhança voraz do timbre de voz de Parker com John Lennon. Havia também altas doses de Black Sabbath…

Tais referências sonoras, intencionais apenas no caso de Barrett, jogam a favor de canções como “Solitude Is Bliss”, “Apocalypse Dreams” e, principalmente, na nova “Elephant”, mas não são suficientes pra fazer do Tame Impala uma banda estupenda em cima do palco. Pelo contrário, falta alguma coisa, difícil de identificar.


O que parece é que os australianos ainda não se soltam o suficiente – e não entenda aqui a necessidade de interação carnavalesca com a plateia, se trata de soltar a própria música, inserir ruídos e improvisos (que bem cabem no caminho da banda), oferecer alternativas, parecer menos burocráticos e presos à tentativa de tentar soar tal como em estúdio.

De qualquer forma, a banda fez um show decente, entregou o que era possível. Podia ser melhor, mas não creio que “indies”, “exigentes”, “fãs” ou qualquer um que tenha comparecido vão reclamar.

01. Desire Be Desire Go
02. Why Won’t You Make Up Your Mind?
03. Solitude Is Bliss
04. It Is Not Meant To Be
05. Apocalypse Dreams
06. Elephant
07. Lucidity
08. Alter Ego
09. Half Full Glass Of Wine

BIS
10. Runway, Houses, City, Clouds

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Comentários

comentários

Um comentário

  1. Gosto da banda, mas não fui ao show exatamente porque já previa isso: esse lance de querer fazer ‘certinho’ demais.

    Era previsível ainda mais sabendo que eles só têm um disco no currículo.

    Mas o bis deve ter sido bom: “Runaways…” é a melhor música dos caras!

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