Um dia alguém há de ser hábil o suficiente com as palavras pra definir o que o Teenage Fanclub faz ao vivo. Ou o que fez nesse dia 11 de maio de 2011, na The Week, em São Paulo.
Há sete anos, na primeira passagem dos escoceses pelo Brasil, a sensação havia sido a mesma. Poderia ser diferente agora? Poderia: o fator ineditismo já não existe mais; o novo disco, “Shadows”, não agradou a todos; e o local prometia o fracasso (não havia cerveja à venda, pra se ter uma ideia).
Mas aí o Teenage Fanclub entrou no palco. Tocou “Start Again”. Contra um argumento desses, não há como refutar: estamos todos diante de uma banda perfeita. Pra perceber isso, bastaram apenas alguns segundos. Milésimos de segundos. Um acorde. Uma nota. Um sorriso – e uma visão panorâmica entregava, era possível avistar muitos. A banda já entrou vitoriosa e uma canção após a outra, numa seleção invejável de “hits” da música alternativa, fez a audiência se curvar.
Ali se formaram coros com “Star Sign”, com “Don’t Look Back”, com “Sometimes I Don’t Need To Believe In Anything”, com “About You”, com quase todas… O Teenage Fanclub tem o poder de esmagar cordas vocais, de estraçalhar glândulas lacrimais.
Todos os “hits” (assim mesmo, entre aspas) compareceram. As músicas do “Grand Prix” foram maioria, mas o repertório bem distribuído prevaleceu, agradando até mesmo os incautos. “Ain’t That Enough”, “Everything Flows” (fechando a noite), “Your Love Is The Place Where I Come From”, todos os discos, todas as fases, todo o Teenage Fanclub estava lá. Fã nenhum ousaria reclamar.
Nisso tudo, se há um problema, talvez ele esteja na honestidade do TF. Entra ano e sai ano, a banda continua fazendo as mesmas doces-mas-nada-frágeis melodias. Entretanto, não há como se cansar delas. Mudam apenas o teor de distorção, a quantidade de microfonia incluída no processo. Muda o fervor. Muda a potência de energia exigida da audiência. Aparando as arestas, estão ali canções perfeitamente pop. Esse é o segredo.
E, então, não há muito motivo pra inventar. Não é preciso um clipe superproduzido, milhões de blogues hypando, ou uma vaguinha na MTV – ou por outra, talvez até seja preciso, mas o Teenage Fanclub vai sempre subir ao palco pra fazer o básico, o simples, o necessário, contrariando as cartilhas. O objetivo aqui também é entreter, mas a metodologia é outra. E nessa só os fracos de coração não são seduzidos.
Ali está uma banda que se empenha pela busca do prazer – dela mesma. Mas que automaticamente se espalha, poliniza, fecunda mentes plateia afora. Todos estão se divertindo. Há poucas palavras – um “obrigado” aqui, um “thank you” ali – mas todos os ouvidos estão exultantes. Não importa se fã ou apreciador, se adolescente ou adulto. Não há um acorde em vão – não há um sorriso em vão. Há prazer indiscriminado.
Cada nota tem um objetivo: o Teenage Fanclub é fertilizante da felicidade alheia. Pobre do mundo antes da existência do Teenage Fanclub. Pobre do mundo de não ter um alguém que possa descrever em símbolos e códigos o que essa banda entrega em símbolos e códigos musicais. Quem ousa tentar?
Porque, por mais que se tente, só quem esteve na The Week nessa noite única pôde criar vocabulário próprio pra descrever o que se presenciou. Pode até tentar, mas sentindo ou teorizando, terá que resumir se fiando pelo óbvio: foi show indescritível.
01. Start Again
02. Sometimes I Don’t Need To Believe In Anything
03. The Past
04. It’s All In My Mind
05. Don’t Look Back
06. Baby Lee
07. About You
08. Star Sign
09. I Don’t Want Control Of You
10. I Need Direction
11. Mellow Doubt
12. Your Love Is The Place Where I Come From
13. Ain’t That Enough
14. When I Still Have Thee
15. Sparky’s Dream
16. The Concept
BIS
17. Sweet Days Waiting
18. My Uptight Life
19. Neil Jung
20. Discolite
21. Everything Flows
Veja como foi “Neil Jung”:
“Sometimes I Don’t Need To Believe In Anything”
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“Pobre do mundo antes da existência do Teenage Fanclub” Essa eu assino embaixo!
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