THE CHARLATANS – TRIBUTO A JON BROOKES NO ROYAL ALBERT HALL – COMO FOI

Em 13 de agosto de 2013, o baterista do Charlatans, Jon Brookes, morreu em decorrência de um câncer no cérebro, aos 44 anos. Foi um baque pra banda, mesmo que a doença fosse um aviso desse desfecho.

Não é a primeira vez que o Charlatans experimenta tal sentimento. Em 1996, o tecladista Rob Collins morreu num acidente de carro. Brookes e Collins estavam na banda desde o início, em 1989. Tim Burgess, o vocalista, e Martin Blunt, o baixista, os dois únicos membros fundadores, seguem firmes e hoje o Charlatans também é Mark Collins (guitarrista, desde 1991) e Tony Rogers (tecladista, desde 1997). No palco, soma-se Peter Salisbury, baterista que assumiu o lugar de Brookes, desde 2010, quando foi diagnosticada a doença e ele já não podia cumprir os compromissos.

Burgess sempre considerou o Charlatans como “uma banda de amigos”, o que, acredita, ajudou nessa longevidade.

Com a morte de Brookes, foram os amigos que Burgees chamou pra homenagear o companheiro. Um show especial, no mais que especial The Royal Albert Hall. O dinheiro dos ingressos iria todo pra caridade, através de uma ONG ligada ao assunto. No palco, shows e participações de Liam Gallagher, James Dean Bradfield (Manic Street Preachers), do Vaccines, do casal Stephen Morrise Gillian Gilbert (do New Order), da banda DUMP e do Chemical Brothers, na função de DJs entre as apresentações.

Um show entre amigos e pra amigos, como bem descreve a participação ativa e emocionada do público a repórter especial Caroline de Carvalho, direto de Londres, especial pro Floga-se. Todos unidos pela música, em memória de alguém que ajudou a embalar os momentos mais notáveis da vida com suas músicas.

Um show memorável.

ENTRE AMIGOS
Texto: Caroline de Carvalho
Fotos: Caroline de Carvalho e Divulgação

Estava sentindo falta de comparecer a mais um showzinho bacana na terra da rainha. E desta vez, que sorte a minha, não foi só um show, foram vários em um só, que nem promoção pague um e leve três. Neste caso levei seis. Quando anunciaram o show “Um tributo A Jon Brookes: The Charlatans E Amigos”, pensei: está aí uma excelente chance de assistir o The Charlatans (uma das minhas bandas favoritas, se não for a favorita) e ainda mais com os amigos e entre amigos.

Não comprei o ingresso de cara, pois na época estava zerada, mesmo custando entre 27 libras e 60 libras, eu estava zerada. Mas sabia que quando chegasse mais próximo da data, eu iria dar um jeitinho.

Antes de descrever minha experiência sobre o show, deixa contar um pouco sobre o local do evento. Num final de semana, com amigas muito especiais, eu conheci o tão imponente e estupendo Royal Albert Hall. O salão, com capacidade para mais de oito mil pessoas, foi inaugurado em 1871 pela rainha Vitória e desde então tem sido utilizado pra eventos culturais, com concertos ou espetáculos musicais.

Meu primeiro contato com o Salão Albertão foi para assistir a um Prom da BBC. Entrei na pista, onde pessoas de várias idades e crenças, ouviam uma orquestra lindíssima, numa tarde de domingo. Fiquei encantada com a estrutura, arquitetura e atmosfera do espaço. Então, The Charlatans e Amigos, um evento como este, num lugar como aquele, era indispensável a minha presença.

Saí do trabalho às 18:00h, corri pra estação de trem e consegui pegar o trem das 18:13h. Sabia que ia chegar em tempo, pois o show só iria começar às 19:30h e seria com a abertura de um dos amigos, muito provavelmente o menos próximo do Jon e do The Charlatans. Cheguei no Albert as 19:20h. A entrada, desta vez, estava um pouco diferente de quando fui assistir à orquestra. Havia um bar enorme, logo de cara, no hall. O pessoal se reunia fora e dentro. Pedi informação sobre onde era a entrada pra minha cadeira (sim, não fiquei na pista – lembra que eu estava zerada? Pois é…) e perguntei se o bar era o único no local do evento. A segurança checou minha bolsa e disse: “ah, não, tem bares ao redor do salão inteiro”. Sorri para ela, agradeci e fui ao encontro da minha cadeira, da minha amiga, e de uma pint tão merecida depois de uma longa semana de trabalho.

Quando sentei, comecei a observar o ambiente que ainda estava bem vazio. Claro, o pessoal estava reunido, com os amigos, nos bares ao redor do salão.

Às 19:34h, entrou no palco o primeiro amigo dos The Charlatans, a banda DUMB. Bom, como eu havia imaginado antes, não devem ser amigos tão próximos. O show foi rápido e colocado, literalmente na dump (lixeira). Não curti o DUMP. Mas foi ótimo, pra eu ter tempo de tirar umas fotos, pegar mais umas pints, observar o público diversificado (bonito, simpático, família, entre amigos etc).

Com o DUMP terminado, entrou no palco um homem (da ONG The Brain Tumour Charity), agradeceu a presença de todos e falou um pouco sobre a organização. Depois passaram um vídeo com depoimentos de pessoas que experienciaram esta doenç,a assim como o Jon Brookes, baterista do The Charlatans, que veio a falecer em agosto de 2013.

Às 20:00h, o ambiente realmente estava começando a criar forma de um encontro muito especial de amigos, desde o público até aos shows por vir, transformando o Albertao (Albert Hall) em um grande pub. E o que consolidou esta atmosfera mais ainda foi a dicotecagem incrível, entre um show e outro, do The Chimical Brothers.


Tim, do Charlatan entrou no palco, agora sim, com seus mais que queridos amigos e membros do The Vaccines e New Order. Nesta hora, o público começou a preencher os espaços vazios. A música “Love Will Tear Us Apart”, do Joy Division, levou algumas pessoas das cadeiras a se levantarem e cantaram juntos com o grupo de amigos.

Depois foi a hora de um amigo mais que especial entrar no palco. A presenca e voz de James Dean Bradfield, do Manic Street Preachers, fez o publico chegar mais perto um do outro e cantar com um coro nostálgico as músicas “A Design For Life” e “If You Tolerate This Your Children Will Be Next”, músicas bem apropriadas pro intuito de um show entre amigos, e bem nostálgicas pro público que nas décadas de 80 e 90 eram jovens curtindo mésicas e bandas ferradas (para não dizer outra coisa) de boas.

Mas não tem jeito mesmo, o amigao que fez o Albert balançar e lotar antes do The Charlatans tocar, foi o Liam Gallagher. Eu particularmente não curto muito ele. Prefiro bem mais o irmão, Noel (que é amigo do peito do Paul Weller e que assisti juntos, faz alguns anos). Enfim, como curto bastante o Charlatans vou respeitar o que pareceu ser “o melhor amigo” da banda.

Liam Gallagher comecou o show com “Live Forever”, de novo, uma música bem especial em homenagem ao Jon Brookes. Quase no final do show do Charlatans, ele, o amigão, voltou e cantou uma versão bem bacana da música “My Sweet Lord”, do George Harrison.

O Charlatans entrou no palco lá pelas 22:00h. Agora, sim, amigos do peito, irmãos, uma vida de sucesso e rock and roll. A entrada foi bem boa, eles lançaram pro espaço a música “Forever”, assim o céu entraria em festa também. O repertório, como esperado, foi excelente desde “North Country Boy”, e a essa altura o público já fazia parte também dos melhores amigos da banda. “The Only One I know”, “One To Another”, “My Beautiful Friend” e outras tantas, bom pra danar.

O show acabou umas onze da noite. O pessoal foi saindo, todos juntos, cantando na rua, a caminho de casa, metrô, baladas, mas todos juntos, como se fossem todos melhores amigos.

Setlist The Charlatans:
01. Forever
02. Just When You’re Thinkin’ Things Over
03. North Country Boy
04. Blackened Blue Eyes
05. Just Lookin’
06. The Only One I Know
07. Oh! Vanity
08. One To Another
09. Here Comes A Soul Saver
10. My Beautiful Friend
11. Then
12. How High

BIS
13. My Sweet Lord (George Harrison cover, com Liam Gallagher)
14. Sproston Green

Veja o clímax com “My Sweet Lord”:

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