THE SORRY SHOP – THANK YOU COME AGAIN EP

O gaúcho de Rio Grande, Régis Garcia, é bem direto com relação ao seu THE SORRY SHOP: “não tenho bem certeza de como tudo começou. The Sorry Shop é um projeto de (ir)responsabilidade de um cara só: tudo feito em casa da maneira mais divertida e simples possível (leia-se tosca, se preferir). Tudo feito por uma cabeça pensante apenas, para evitar o que sempre dá errado – a banda”.

A apresentação, do release oficial, é engraçadinha, despojada, porque o próprio Garcia não leva muito a sério, a princípio, o The Sorry Shop: “eu tava precisando me divertir musicalmente. Curto pegar um instrumento e sair tocando e foi daí que nasceu a Sorry Shop: da necessidade de relaxar um pouco com a música. Fui fazendo tranquilo. Ia surgindo idéia e eu ia gravando”, revelou, com exclusividade ao Floga-se.

Mas assim que gravou o primeiro EP, esse surpreendente “Thank You Come Again”, lançado hoje, dia 10 de agosto de 2011, a coisa, inevitavelmente, ficou séria. Pelo menos pra quem ouve. Um exemplar brasileiro de responsa pra apaixonados por shoegaze e britpop, uma mistura quase sempre certeira.

O trabalho saiu com certa facilidade e era praticamente uma necessidade clínica. Garcia gravou tudo em uma semana, em casa: “direto no PC, usando plugins e sem frescura. O lance era tirar da cabeça e colocar nos ouvidos alheios. Quando tô com muita música na cabeça parece que vou explodir. Se fico muito tempo com as ideias, fico inquieto. É complicado”.

No final, quase o disco sai inteirinho instrumental. Garcia confessa ter “temor” de chegar perto de microfones. Mas ele achou uma solução que acrescentou as cores definitivas ao projeto: “o vocal é de Marcos Alaniz, baterista da Tangerines, uma banda na mesma onda lo-fi, na qual também toco. Os vocais adicionais, femininos, são da Mônica Reguffe (namorada de Garcia)”.

Na parte instrumental, outra surpresa. Garcia se revela autodidata: “sempre fui autodidata e cara-de-pau pra caramba. Se não for heresia com a palavra ‘tocar’, eu toco qualquer coisa. Meu instrumento ‘oficial’ é o baixo, mas não tenho problema com nada de cordas, exceto a balalaika! Toco um pouco de teclado, serve pra arranjos mais simples, nada de solos a la J.Lord. Mas meu instrumento favorito é a batera! Me divirto pra caramba (…)”.

O resultado é de impressionar, ainda mais diante das revelações lotadas de modéstia. “Há muita distorção e todas as partículas se misturam ao ar ao seu redor. Você se sente desconfortável, mas agradado. Escute o som e pegue seu instrumento imaginário favorito para tocar com a banda. Super simple songs cheias de reverb, distorção, ruído, barulho e feeling“, diz no release oficial. E é isso mesmo, um resumo perfeito.

Pro ouvido treinado, a lista de influências é extensa, mas o músico acha que o Built To Spill é o que mais ele se identifica, embora, “com muita sinceridade, a coisa que tenho mais escutado nos últimos tempos é o Yuck, junto com o Black Keys”, diz. “Acho que o Yuck foi (uma influência) definitiva, principalmente pros vocais. E tenho escutado a Loomer (…) Foi algo que fez diferença pra mim”, completa.

“Thank You Come Again” tem cinco músicas, todas escritas e produzidas por Régis Garcia (com exceção da letra de “Dressed To Fool”, por Gisela Ferreira). A capa é de autoria de Thiago Iankoski. E essa maravilha você pode baixar de graça e conhecer aqui, nos players do Soundcloud e do BandCamp:

1. About Kings And Queens
2. A Distant Song
3. Not The One
4. Dressed To Fool
5. About Kings And Queens II

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