O que você esperava do Vaccines? O que você esperava dos fãs do Vaccines? Um show curto, de menos de uma hora, muita gente cantando junto, como se fosse o último momento de alegria da vida, mão direita no coração (sério), hits, emoção, suor e lágrimas.
A primeira apresentação do quarteto no Brasil foi uma novela com final feliz. A banda iria se apresentar no Planeta Terra 2011 e, na última hora, cancelou a vinda, pra excursionar com o Arctic Monkeys. Fez bem: primeiro porque os Monkeys têm o mesmo público e dariam cancha pro Vaccines, um grupo que ainda engatinha; e segundo porque uma visita de estreia merecia um lugar mais acolhedor, como é o Cine Joia.
Cenário montado, repete-se a pergunta: o que esperar do Vaccines? Toda banda com hype elevado causa desconfiança. Toda banda que ganha uma massa de fãs pós-púberes nos tempos de hoje, de facilidades e memes que nem memes são, que duram um dia, gera desconfiança.
Mas em se tratando Vaccines, cujo disco de estreia, “What Did You Expect From Vaccines?”, de 2011, é uma sucessão de grandes canções pop, com agressividade juvenil, infantilidade, letras chorosas ao melhor estilo emo, e aquele toque cru do combo guitarra-baixo-bateria, quase Ramones, quase Clash, quase qualquer banda que os pais da audiência gostavam, a desconfiança esvaiu-se pelo ralo.
O atraso de meia hora pro início já mostrava o quão esperada era essa apresentação. Urros, vaias, gritos. É a cara dessa geração: impaciência refletida nos seus alvos de idolatria; uma banda ou artista com mais de cinco anos já é “clássico”. Se bobear, o Vaccines, com dois anos de carreira, já é “clássico”.
Bobeira. Bastou a banda subir, dar um “olá” e mandar “Blow It Up” emendada a “Wreckin’ Bar (Ra Ra Ra)” pra plateia pular como se estivesse possuída. Braços pra cima, coro, gente cantando a plenos pulmões, com os olhos fechados e cabeça levemente caída pra trás. O quadro pouco mudou nos cinquenta e tantos minutos do show.
Exceto quando a banda arriscou mostrar músicas novas, “Teenage Icon”, “No Hope” (essa a mais bem recebida por já ser mais conhecida) e “Bad Mood”. Aí, era hora de pegar o celular e tuitar, tirar fotos, conversar. Das do álbum, “Family Friend” teve recepção menos calorosa.
Mas o disco inteiro apareceu, o que inclui, claro, os hits arrasadores “A Lack Of Understanding” (coro), “Wetsuit” (mais coro), “Post Break-Up Sex” (delírio), “All In White” (coro altíssimo), “If You Wanna” (uma missa) e “Nosgaard”, fechando a noite. Se você contar aí “Under Your Thumb”, com seu coro de “Eeeeeeleanoooor/ Eeeee-eleanooor”, e a dupla de abertura já citada, são nove (nove!) hits num show de quinze músicas (com três novas).
Quem esperava do Vaccines algo diferente do que essa diversão adolescente e fugaz, foi ao lugar errado. Ou ficou velho rápido demais e se esqueceu como era na sua época. Eu tive a minha cota quando adolescente ou universitário, vinte anos atrás (ou mais, vai…). Neste show, o clima todo e a celebração deram-me uma nostalgia vibrante. Seria muito bom seu eu tivesse conseguido ver meus ídolos de adolescência no auge, ao vivo, como essa geração tá conseguindo (e aos montes).
Se o Vaccines nunca mais fizer um disco bom, que se dane. Essa noite vai ficar na memória de um bocado de gente – até a próxima noite “inesquecível”, da próxima banda escolhida pra divertir esse público impaciente e exigente a seu modo. O Vaccines fez seu papel, da maneira que poderia ser feita, com o repertório que possui – não dava pra esperar nada além disso.
01. Blow It Up
02. Wreckin’ Bar (Ra Ra Ra)
03. Tiger Blood
04. A Lack Of Understanding
05. Wetsuit
06. Teenage Icon
07. Under Your Thumb
08. Post Break-Up Sex
09. All In White
10. Wolf Pack
11. No Hope
12. If You Wanna
13. Family Friend
BIS
14. Bad Mood
15. Nørgaard
Abaixo, ouça duas das três músicas novas que a banda apresentou. Primeiro, “Teenage Icon”:
E “Bad Mood”:
Veja também a banda mandando “A Lack Of Understanding”:
E “Post Break-Up Sex”:
Essa aí cabia tranquila no Lollapalooza – até mesmo pro fuzilamento da crítica mais “madura”.
Caraca, menos de uma hora!?
Porque a banda não tocou no Beco ou em qualquer barzinho da Augusta!?!?
Meia hora de atraso no show + 50 minutos de apresentação = sei lá o que!
De verdade, essas bandinhas hypes não me descem de jeito algum!
Duvido nada que esse esse atraso tenha sido intencional pra galera dar uma consumida no bar. Show de 50 minutos era fiasco pro bar na certa.
Eduardo e Rodrigo, o que me incomodou mais é que o show estava marcado pras 23:00h, com 50 minutos, daria tempo de pegar o metrô ainda e ir embora civilizadamente. Aí, uma casa que tem a vantagem competitiva de ser a 50 metros do metrô faz o quê? Marca o show às 23:00h, atrasa em meia hora o início dele (seja pra vender mais no bar ou não) e termina o evento perto da uma da manhã. Resultado: quem foi de carro pagou os 25 reais do estacionamento e quem não foi de carro e quis usar o fato da casa ser ao lado do metrô (ou não quis beber e dirigir), teve que pagar o táxi na volta. Falta de respeito com o consumidor, de organização ou burrice mesmo?
[…] o mais importante do Brasil – graças, claro, à concorrência claudicante. Tivemos também The Vaccines explodindo o Cine Joia e a dupla Kurt Vile e Thurston Moore no mesmo local. O Nada Surf também […]
[…] faz muito tempo, o Floga-se esteve no primeiro show do Vaccines no Brasil – e gostou muito. Foi em abril de 2012, no Cine […]