THEE DIRTY RATS – THE FINE ART OF POISONING 1 & 2

Luís Tissot não é um novato no subterrâneo brasileiro. Seu nome está ali em muitos projetos: The Great Munzini & The Astonishing Sotos, Human Trash, Jesus & The Groupies, Jazz Beat Committee, Hugo Race & The Moses Complex, Backseat Drivers, The Boom Boom Chicks e, principalmente, The Fabulous Go-Go Boy From Alabama. Hoje ele toca “em umas cinco ou seis bandas”.

“Eu monto uma banda nova se tenho uma ideia nova. Cada uma dessas bandas tem uma motivação diferente, seja musical ou estética. Acabo criando um personagem diferente pra cada projeto”, diz Tissot ao Floga-se.

A sua nova empreitada chama-se Thee Dirty Rats. Começou em 2014 e acontece em parceria com Fernando Hitman, na bateria. Os dois já tocaram juntos na Backseat Drivers, de 2001 a 2011.

“No caso do Dirty Rats foi a guitarra que eu construí que me instigou a compor os sons e formular a estética da banda. Ano passado resolvi tentar fazer uma cigar box, que é uma guitarra caseira de três cordas, montada em uma caixa de charuto… Aí, fiz uma coisa parecida, um tanto mais frankenstein, e a partir disso montamos a banda e comecei a fazer os sons com essa guitarra ligada num pedal de fuzz. A bateria é bem minimalista, também apenas três ou quatro peças. O timbre que sai da guitarra cigar box me fez ter a ideia de modificar a caixa da bateria e a minha forma de cantar de um jeito que o som complemente o outro. Curto experimentar coisas que eu não domino, assim é mais divertido e instigante, mantém a coisa fresca e espontânea”, conta Tissot.

O primeiro fruto dessa experiência é o EP lançado em fita cassete chamado “The Fine Art Of Poisoning 1 & 2” (independente, dia 21 ded abril de 2015). São sete canções lo-fi, de garagem, sujas, um tanto pyschrock, darkbilly, ou coisa que o valha (note como os vocais lembram às vezes o de Mark E. Smith, do The Fall). “É tudo bem simples e direto”, diz ele, “as artes também são feitas à mão”.

“Eu trampo com gravação de banda já faz um tempo, então sempre gravo as minhas bandas, mas pro Dirty Rats eu e o Fernando queríamos que as músicas fossem captadas totalmente ao vivo em um ou dois takes – e eu queria estar mais pensando em tocar do que gravar, então convidamos um amigo produtor, o Jonas Morbach, que já participou de várias gravações comigo aqui no estúdio. Ele trouxe um gravador de fita cassete de quatro canais, ai montamos tudo do jeito que a banda toca ao vivo, gravamos tudo sem overdubs. Na captação. rola algumas gambiarras e truques que fazem toda a diferença, é claro. Em dois dias de dezembro de 2014, a gente gravou doze músicas e escolhemos sete pra fazer o EP”, conta.

Tissot não gosta de rotular o som que faz, embora a música do Thee Dirty Rats possa ser até facilmente categorizada e identificada, o que nos dias impessoais de hoje pode ser encarado como uma virtude: “não quero limitar a banda a um estilo ou uma técnica, também não quero criar um preconceito pra quem escuta o som. Essa banda é bem diferente das outras que eu e o Fernando já tocamos. Nós sempre tocamos punk, blues, garage, surf, rockabilly… Mas o Dirty Rats não tem uma clara influência desses estilos, eles estão lá mas não são puristas. Acho que o humor é irônico como o punk rock e ao mesmo tempo bem infantil. Eu e o Fernando temos filhos, crianças da mesma idade, isso influenciou bastante a banda tanto nas letras como no som. Meu filho de oito anos já fez ate alguns flyer pra Dirty Rats”.

Sobre as letras (em inglês), Tissot diz que a Thee Dirty Rats fala sobre qualquer tema, com a característica irônica e infantil da banda: “o objetivo é passar uma ideia com o minimo de blablablá, sem ser muito óbvio; afinal as músicas tem apenas uma ou duas notas e duram um minuto e meio, as letras acompanham esse minimalismo; às vezes, os sons das palavras são mais importantes que os significados”.

Ao vivo, a vibração que a banda passa ganha proporção de festa, pra extravasar mesmo, esquecer os problemas do dia a dia, por isso tanta energia. É pra se divertir e dançar. O som do disco, de acordo com Tissot, se aproxima bastante do que o ouvinte irá encontrar no palco.

Se esse tipo de sonoridade atrai público, isso também não importa: “a fantasia da popularidade não me atrai, o que me interessa é juntar o maior número de pessoas que produzam algo íntegro e trabalhar com essas pessoas, criar minha própria zona paralela onde se jogue limpo, a partir de trocas, não quero jogar com as regras dos outros”.

Os subterrâneo segue ainda mais divertido com as regras desses divertidos ratos sujos e intrigantes.

1. Poison
2. Born Upside Down
3. Out Of Your Mind
4. No More Rock’n’Roll (For You And Me)
5. Waka Waka Boom
6. You’re Mine
7. Ya Ya Ya

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