THISQUIETARMY NO CENTRO CULTURAL SÃO PAULO – COMO FOI

São Paulo tem dessas ofertas de entretenimento que fazem a cidade valer a pena. Duas delas valiam uma atenção do Floga-se: o Festival Cultura Inglesa, no Memorial da América Latina, com The Magic Numbers e Kate Nash; e o derradeiro show da extensa turnê do canadense Eric Quach e seu thisquietarmy, no Centro Cultural São Paulo.

Por uma questão de perfil e preferência do site, é claro que o escolhido estava ali no CCSP. Foi recompensador.

Depois de fazer uma dezena e meia de shows por várias cidades do Brasil – e não só capitais – de Pouso Alegre a Juiz de Fora, passando por Sorocaba e Rio de Janeiro, por exemplo, a turnê encerrou-se em São Paulo. Foram mais de quarenta dias em solo brasileiro, rendendo o lançamento de um split com a Labirinto e a gravação de um disco, que acontece após esse show de São Paulo, nos belos estúdios da Dissenso.

Terá valido a pena a maratona? Se depender de Eric Quach, essa é uma resposta irrelevante. Ele é um cidadão calado, introspectivo, que sobe ao palco da mesma forma que vai sair, uma hora e quinze minutos depois: sem proferir uma única palavra. Obviamente, porque sabe que não é necessário.

Sua música fala por si. Sozinho no palco central da reformada Sala Adoniran Barbosa, Quach tem a companhia apenas de um telão atrás dele, projetando imagens pré-definidas e que parecem ter sido escolhidas a dedo (volta e meia ele olha pra trás como pra checar se a sincronia está certa ou pra se pautar nas imagens, talvez), além dos seus pedais e bases de bateria gravadas. O público vê também uma bateria e dois amplificadores. Não há microfone.

Na plateia, aproximadamente cinquenta pessoas enfrentaram o frio da noite de domingo, dia 23 de junho de 2013, pra ver o thisquietarmy em ação. O público é pequeno, infelizmente. Os quinze reais pagos pra ver o discurso sônico de Quach se mostraram uma pechincha.



Com a guitarra e vários pedais de efeitos nas mãos ele tem muito a dizer: cria camadas sonoras, loops, barulhos, pequenas frases, experimenta, se esforça pra apertar os botões certos dos pedais certos e não esboça nenhuma reação. Parece bastante seguro do que está fazendo. Toca ora de joelhos, pra operar sua parafernália, ora de pé, como pra descansar.

A plateia fica, em sua maioria, atônita, com as ambiências criadas. A ideia é essa. Pouca gente dispersou, ninguém conversou, não houve zumzumzum, o que leva a crer que Quach foi bem sucedido nas seus intenções.

Ele só para antes do bis, por um breve tempo, porque é um bis especial. Muriel Curi vai ao palco e explica que ela, na bateria, e Ricardo Pereira, no baixo, ambos da Labirinto, se juntam ao palco pra que o trio execute “World Protest”, do split, com o vídeo da música ao fundo, um vídeo especial, com imagens das manifestações na Turquia e no Brasil.

Como uma banda, o tuisquietarmy ganha mais corpo e peso, mas Quach não sai do seu roteiro e segue contorcendo o som que sai de sua guitarra. Ela ainda é a protagonista. Ela ainda tem muito mais a dizer.

Fim da maratona, Quach viveu no Brasil um momento histórico. Ele esteve no olho do furacão. Enquanto as ruas gritavam por seus direitos, ele gritava sua poesia sonora Brasil afora. O país precisa das duas manifestações.

Veja o trio executando “World Protest”:

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Comentários

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2 comentários

  1. Uma coisa meio bizarra me chamou atenção: Tinha um senhor na platéia (uns 50-60 anos) que uma hora levantou nervoso, passou na frente do Quach, mostrou o dedo do meio e saiu resmungando. Pelo menos foi essa impressão que eu tive.

    Bizarrices a parte, o que mais gostei do show foi ver ao vivo o que eu já havia escutado e perceber que o cara nem toca tao bem guitarra (pelo menos pensando do modo tradicional), mas ele sabe usar muito bem os pedais pra cirar ambiencias quase hipnóticas, lembrando que pra ser um grande musico nao precisa ser um grande instrumentista.

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